Rui Águas já foi selecionador de Cabo Verde e quer ver os Tubarões Azuis no Mundial - FOTO: RUI RAIMUNDO
Rui Águas já foi selecionador de Cabo Verde e quer ver os Tubarões Azuis no Mundial - FOTO: RUI RAIMUNDO

«Que pare o vento e Cabo Verde seja feliz»

Rui Águas já foi selecionador dos Tubarões Azuis e avisa que a tarefa frente a Essuatíni não será fácil. História prestes a acontecer no país lusófono

Rui Águas foi selecionador dos Tubarõres Azuis em dois períodos (2014 a 2016 e 2017 a 2019) e é também um apaixonado por Cabo Verde. No dia que pode ser o mais importante da história do futebol daquele país africano, o antigo selecionador olha de forma curiosa para o desafio e entre outras coisas diz que «não haver vento pode ser determinante!» e que a formação lusófona é «favorita, mas nunca fiando...»

Não se chega a um Campeonato do Mundo de um dia para o outro, principalmente num país complicado, sem campeonato profissional, com população de pouco mais de 500 mil habitantes, distribuídos pelas 10 mais importantes ilhas do Arquipélago.

Sente Rui Águas que tem um feito neste trajeto? «Não queria dizer que sim, mas claro que é um processo longo, com muita gente envolvida. Muitos jogadores, alguns treinadores e no fundo não obedece a uma explicação muito lógica: é futebol!», começou por dizer a A BOLA, continuando com a ideia de que todas as variáveis se conjugaram para o que pode ser o sucesso dos Tubarões Azuis: «Juntaram-se, além do valor da equipa e da equipa técnica, fatores que por vezes dificultam, mas agora permitiram que este sonho esteja perto de se cumprir. Desde logo ter sido possível ultrapassar um adversário à partida favorito como é os Camarões.»

Rui Águas conhece bem alguns jogadores, como Vozinha e Ryan Mendes e elogia outros, de gerações mais recentes. Com a autoridade de quem conhece a realidade de Cabo Verde como poucos, o treinador português não duvida de que há muitos que vão entrar em campo com um friozinho na barriga.

«Independentemente do adversário ser menos forte, está em jogo algo muito importante, que nunca foi alcançado. Para o país será incrível, para as suas gentes uma alegria imensa. Por isso vos garanto que o estado de ansiedade será por esta altura muito grande. Mesmo com adversário o que representa imagino que acrescenta estado de ansiedade», antecipa.

Garantido é que o estádio estará cheio e já que tudo tem corrido bem, que não se sinta uma das maiores dificuldades do Estádio Nacional e que está relacionado com algo que nunca dá tréguas: «Certamente que as bancadas estarão mais do que lotadas. Além disso, favoristimo total para Cabo Verde, mas neste aspeto, nunca fiando. Nunca fiando porque é muito difícil jogar ali. É preciso ter um pouco mais de sorte e que se repita o que aconteceu frente aos Camarões: o vento dar tréguas. É fundamental parar o vento e a chuva e depois parar Essuatíni. É raríssimo não haver vento e se isso acontecer é meio caminho andado.»

Rui Águas fala com felicidade na... felicidade de Cabo Verde e diz que estar à porta do Campeonato do Mundo de 2026 se deve a algo que o povo tem de sobra: «Talento! Como na música, na dança ou na literatura, o cabo-verdiano tem talento no futebol. E com isso o sonho está tão perto.»

O que diria a Bubista, o selecionador, se estivesse com ele? «Antes de tudo, dava-lhe os parabéns pelo que já fez porque bem os merece. Não nos cruzámos muito, mas já me disseram bem dele e quando me dizem bem do treinador isso ganha outra expressão. Que consiga ser feliz no derradeiro momento.»

O maior jogo jamais disputado
Pedro Brito. Para os cabo-verdianos, Bubista. É o homem do leme, o treinador que está à beira de entrar na história com a qualificação para o Campeonato do Mundo de 2026 pela primeira vez na história daquele país lusófono. Na conferência de imprensa de lançamento do jogo, Bubista não poupou nas palavras: «É o maior jogo jamais disputado por Cabo Verde!» O adversário, Essuatíni, último classificado do Grupo D, sem qualquer vitória, com apenas três pontos em nove jogos, daí que Bubista não tenha dúvidas: «Esta é uma partida de extrema importância para o país e para os jogadores, que estão motivados para vencerem e escreverem uma nova página no nosso desporto. É natural que exista alguma ansiedade, que vai prolongar-se até marcarmos o primeiro golo. Não mudarei o sistema e é natural que a equipa seja muito idêntica à que defrontou a Líbia quarta-feira [empate 3-3, fora]. Além disso, a jogarmos em casa somos favoritos, mas respeitamos muito o nosso adversário. Se não o fizéssemos seria muito perigoso.» O que é garantido é que o estádio estará cheio e nas 10 ilhas de Cabo Verde toda uma nação a fazer força para que os Tubarões Azuis se qualifiquem pela primeira vez para um Campeonato do Mundo. O mais incrível é que olhando para a história dos Mundiais só um país com menos população lá chegou: a Islândia.