Seleção Nacional  — Foto: IMAGO
Seleção Nacional — Foto: IMAGO

Quadros Competitivos: reflexão e ação

Futebol para todos é o espaço de opinião quinzenal de Vasco Pinho, Diretor da Federação Portuguesa de Futebol

Já aqui referimos, e não nos cansaremos de insistir, que o sucesso do futebol português advém da relação frutuosa entre as diversas realidades, que sabem trabalhar em conjunto, e cuja articulação proporciona um ecossistema coeso.

É no trabalho da base, de todos os clubes, suportados pelo movimento associativo, e com o apoio das associações de classe, que milhares de jogadores chegam ao topo da pirâmide, onde o profissionalismo e a elite do futebol profissional lhes permitem alcançar outros patamares. Portugal tornou-se caso de estudo e nação respeitada, com a principal embaixadora do País na Seleção Nacional que, esta semana, irá carimbar a vaga para o Mundial-2026.

O sucesso não se vê apenas aqui. No Qatar, os sub-17 estão apurados para a próxima fase do Mundial e, esta quinta-feira, a Seleção Nacional feminina de futsal parte para o primeiro Mundial de sempre, onde Portugal terá uma palavra a dizer. Não podemos, contudo, cair na tentação de que considerar que o sucesso será eterno.

Temos assistido a várias discussões em torno de fatores com impacto no futebol, em particular na importância que as verbas distribuídas pela UEFA assumiram no ecossistema acima citado, verbas essas ligadas ao ranking UEFA. Uma das principais está na necessidade de reformulação dos quadros competitivos, por forma a acomodar o aumento de jogos nas provas europeias, sem que as provas domésticas percam atratividade.

Um equilíbrio complexo de alcançar, mas que obriga a decisões imediatas, como defendeu Pedro Proença, presidente da FPF, sob pena do futebol português, por força do ranking UEFA, arriscar perder competitividade contra adversários economicamente mais fortes e que iniciaram este trabalho mais cedo, sem receio de serem criativos, disruptivos e de saírem das zonas de conforto.

São tempos definidores para a indústria, na antecâmara do processo de Centralização dos Direitos Audiovisuais, com vários desafios no horizonte, como os custos de contexto ou o modelo de financiamento do futebol. Acima de tudo, é preciso defender os interesses do futebol e a união de todo o setor fará mesmo a diferença.

Num processo enquadrado na legislação corrente, vigora o princípio de autorregulação do futebol profissional. Os clubes têm sabido regular-se com responsabilidade, e será em respeito deste princípio que vários assuntos devem ser debatidos nos fóruns próprios, como o urgente repensar dos quadros competitivos ou possíveis alterações regulamentares. A FPF será sempre parceira num diálogo construtivo com vista à discussão sobre o futuro do futebol português.