José Mourinho sente que não teve tempo para vincar impressão digital na equipa — Foto: Kapta+
José Mourinho sente que não teve tempo para vincar impressão digital na equipa — Foto: Kapta+

Os bastidores do impacto positivo de Mourinho no Benfica

Jogadores satisfeitos com métodos de trabalho e forma de relacionamento com o treinador. Sentem que o trabalho está a começar a dar frutos

Duas vitórias (Aves SAD e Gil Vicente), dois empates (Rio Ave e FC Porto) e uma derrota (Chelsea) em cinco jogos não foram, para adeptos, equipa e treinador, os melhores nem os desejados resultados de José Mourinho neste início ainda curto da segunda experiência ao comando do Benfica. Há atenuantes que estão a ser consideradas dentro do grupo, no qual prevalece, apesar de tudo, otimismo — reforçado depois da igualdade com o FC Porto no Dragão, que mantém bem vivo o Benfica na luta pelo título de campeão.

O regresso do special one ao Benfica, 25 anos depois de ter começado a carreira de treinador principal no clube, causou um impacto mediático impossível de ignorar, nacional e internacionalmente. E, como não poderia deixar de acontecer, também nos jogadores.

Heorhii Sudakov, 23 anos, médio ucraniano, partilhou, depois do triunfo sobre o Aves SAD, que concretizou «um sonho de criança» e partilhou a expectativa de a equipa «fazer alguma coisa especial». «Nem queria acreditar», desabafou.

Andreas Schjelderup, 21 anos, extremo norueguês, utilizou quase as mesmas palavras do companheiro. «É incrível! É um treinador que acompanho há muito tempo, desde que era criança. Cresci a ver futebol e, agora, trabalhar com ele é um sonho tornado realidade. Tenho de ouvir o que tem para me dizer e vou aprender muito, claro. Estou muito entusiasmado por trabalhar com ele», afirmou depois do jogo com o Santa Clara, 50.º com a camisola dos encarnados. Já depois de o treinador ter afirmado que Schjelderup não é jogador de 90 minutos, a opinião manteve-se: «Tem sido entusiasmante trabalhar com Mourinho, com quem tenho um ótimo relacionamento», contou há três dias, na seleção.

Estes são dois exemplos que ilustram como Mourinho foi bem recebido pelo grupo, ávido por trabalhar com o special one e, como tal, recetivo à mudança. Os métodos, o relacionamento ou a preparação dos jogos têm agradado — e tanto o grupo como a estrutura do futebol profissional sentem que estão a ser dados os passos certos, embora também reconheçam que nem tudo o que de bom está a ser feito tem produzido resultados visíveis.

Compromisso total

José Mourinho considera que ainda não teve tempo de trabalho suficiente com o grupo para deixar impressão digital vincada na forma de jogar da equipa. Quem acompanha a equipa profissional vê-o completamente comprometido. Se dormiu no Seixal no primeiro dia de trabalho, voltou a fazê-lo, entretanto, várias vezes. E esforça-se para se integrar depressa num clube que está bem diferente, para melhor, e como já reconheceu, daquele que conheceu — participou como orador, por exemplo, no colóquio Sport Lisboa e Benfica Health & Performance Congress, assistiu a jogos da equipa B no Centro de Formação e Treino no Seixal.

O mais importante, reconhecem todos na Luz, é elevar o nível das exibições e conseguir bons resultados. «O que fizemos sob ponto de vista de organização foi fantástico. A equipa está a crescer a vários níveis», afirmou o treinador depois do empate no Dragão, onde outras frases talvez tenham despertado mais atenção.