O disco externo do Boavista
Um pequeno apontamento sobre o Boavista, a misturar pragmatismo com romance, a propósito do que os adeptos axadrezados apelidam terceira entidade: o Panteras Negras FC. Trata-se de um clube fundado não propriamente das cinzas do Boavista, mas sim com uma visão voltada para um futuro que, embora incerto, pode ser desafiador e sombrio. Ok, isto não nada de romântico. Mas isto tem: a competir no mesmo patamar do Boavista clube, na 1.ª Divisão Distrital da AF Porto, o Pantera Negras pediu a antecipação da sua partida contra o Águias de Gaia para sábado, para poder... apoiar o Boavista nas bancadas, no dia seguinte!
Note-se que os dois clubes (irmãos?) vão defrontar-se na 3.ª jornada do campeonato, no Parque Desportivo de Ramalde, que partilham. Mal visto de início por alguma franja da massa associativa, o Panteras Negras é como aquele disco externo que comprámos e no qual nos esquecemos de colocar as melhores fotos e guardar as mais doces recordações. Contudo, no caso deste clube, a alma boavisteira está lá bem guardada, em tempos de incerteza, onde o receio de que o pior possa acontecer paira no ar. Os credores, cansados de promessas, ameaçam a integridade do património do clube, colocando em risco o legado construído ao longo de décadas. A SAD vai passar pelo mesmo processo na quarta-feira, quando os credores se reunirem em assembleia.
A SAD do Boavista não tem património, portanto, em tese até estará mais protegida que o clube. Vivem os dois, clube e SAD, do mesmo mal: mergulhados em dívidas de milhões, com planos de sobrevivência que caem uns atrás dos outros, em liquidação (o clube, por agora) e insolvência. O clube tem legítimas esperanças de se libertar deste parceiro para sempre. E se não conseguir? E se acabar? Estará lá o Panteras Negras FC, que um dia se poderá chamar Boavista, se tudo falhar. A história ensina-nos que a resiliência é a chave para superar os desafios mais difíceis. Independentemente do que o futuro reserva, é fundamental garantir que o legado do Boavista permaneça vivo.