O clássico preparado até em inferioridade, a recuperação de Samu e o papel de Mora: o que disse Farioli
— É o seu primeiro clássico. É um jogo que convoca muitas emoções e essa é a parte mais importante de se controlar. Concorda?
— Estes jogos são muito afetados pela parte emocional, o crucial é tratá-lo como se fosse mais um. O resultado ainda não vai definir nada, estamos no início da temporada. Vai ter a atenção devida, mas não fazer dele maior do que o que é nesta altura.
— Rui Borges afirmou que o Sporting é um pouco mais favorito. Terá o FC Porto de jogar de outra forma frente a este adversário?
— Temos muito respeito, vamos jogar na casa dos campeões. É correto o que disse [Rui Borges], mas vamos lá com as nossas ideias, com o desejo de continuar o nosso processo. Vamos a Lisboa com toda a energia para mudar um registo historicamente difícil para o FC Porto, que só ganhou por cinco vezes em 27 jogos em Alvalade. Entraremos com o nosso jogo, com a nossa mentalidade e com respeito pelo adversário.
Preparámos vários cenários, até para jogar em inferioridade numérica, se for o caso
— O ano passado ganhou todos os clássicos nos Países Baixos. Como prepara este tipo de jogos?
— O passado é o passado. Agora é sobre o presente e sobre o futuro e o presente é o Sporting. Vai ser um cenário diferente, mas preparámos o jogo com a mesma atenção com que preparámos os outros, embora seja complicado analisar jogos do Sporting com os adversários em inferioridade numérica. Em 23 jogos com o Rui Borges como treinador, o Sporting jogou sete contra 10 homens, é quase um terço dos jogos, por isso preparámos todos os cenários, inclusive o de jogarmos em inferioridade numérica.
Quando volto a casa e abro a porta, se volto com um sorriso significa que o trabalho foi bom. Até agora, têm ajudado a chegar com um grande sorriso. Só duas vezes em que voltei triste. Estão a fazer um grande trabalho
— Sente a responsabilidade de ganhar este clássico? Há a ideia de que Sporting e Benfica estão um pouco à frente na qualidade do plantel, mas que esta época o FC Porto tem melhor treinador...
— Se sinto a responsabilidade? Sim, muita. Não estamos numa corrida com os outros, para saber quem é o melhor treinador. Estamos a tentar tudo o que podemos para fazer com que os jogadores sejam melhores. O clube está a dar o melhor para fazer a equipa melhor e mais equilibrada. Vamos fazer o que podemos nos últimos dias de mercado. Também há outras equipas além de Sporting e Benfica com qualidade. Tenho muito respeito por todos os treinadores porque todos estamos a tentar o melhor. Todos são bons. Alguns têm mais sorte.
— Está satisfeito com o arranque da equipa, que marcou nove golos e não sofreu nenhum?
— Estamos muito satisfeitos. Posso confirmar que esta foi uma boa semana em termos de trabalho. Quando volto a casa e abro a porta, se volto com um sorriso significa que o trabalho foi bom. Até agora, têm ajudado a chegar com um grande sorriso. Só duas vezes em que voltei triste. Estão a fazer um grande trabalho.
Pode ser difícil de acreditar, mas ainda não bebi vinho desde que cheguei. Não posso comparar. Não tenho termo de comparação, estou curioso para perceber como é o vinho português.
— É um treinador novo e está num grande clube. Sente-se preparado para este desafio?
— Acho que nunca estamos preparados. Descobrimos coisas quando estamos cá dentro. Claro que temos as nossas ideias, princípios, mas o que aprendi é que em qualquer lugar temos de ter a porta aberta para adaptações. O esforço torna-nos melhores pessoas, aprendemos muitas coisas. Da minha experiência, aprendi imenso e estou muito grato. Acho que a responsabilidade de trabalhar nestes clubes é um privilégio e quando trabalhamos em frente a muitos adeptos, ainda se torna um maior privilégio. A única coisa que posso fazer é provar com o meu trabalho que estou preparado.
— A sua adaptação ao Porto foi boa? A comida e o vinho são melhores em Itália ou Portugal?
— Pode ser difícil de acreditar, mas ainda não bebi vinho desde que cheguei. Não posso comparar. Não tenho termo de comparação, estou curioso para perceber como é o vinho português.
— Vai perder vários internacionais na paragem das seleções, sobretudo no meio-campo, com a partida de Froholdt, Eustáquio e Alan Varela. Até que ponto isso pode afetar o processo da equipa?
— É um grande sucesso para o Alan Varela ter sido convocado. Não só para ele. É um sucesso do clube, de toda a instituição. Merece muito por tudo o que tem feito. Espero que a convocatória traga-lhe ainda mais energia para o jogo de amanhã. É um dos cenários para os quais temos de estar preparados, alguns vão sair para as seleções. É criar o tempo certo para descansarem e jogarem. Vamos tentar organizar um particular durante a pausa para ver os jogadores menos utilizados.
É um grande sucesso para o Alan Varela ter sido convocado. Não só para ele. É um sucesso do clube, de toda a instituição. Merece muito por tudo o que tem feito
— Mora está no estado emocional certo para jogar pelo FC Porto, com todo o ruído à sua volta com o interesse do Al-Ittihad?
— Posso evitar responder, mas vou dar uma resposta. O Mora está aqui e o meu sentimento é de que está conectado e preparado para ter um papel importante no jogo. O mercado continua aberto, para toda a gente. Temos de estar preparados para todos os cenários. O meu foco é sobre os jogadores que estão aqui, com toda a energia para o jogo em Alvalade, é o estádio pior, onde o FC Porto perde mais jogos. Temos a oportunidade de contornar a história recente e é nisso que estamos focados.