Fredrik Aursnes assinou grande exibição em Alverca

Norueguês que é canivete suíço vale ouro em tempo de apertos (as notas do Benfica)

Quando, ao fim de 715 minutos, o Benfica, a jogar com dez há um quarto de hora, sofreu o primeiro golo da época, na hora de tocar a reunir foi Aursnes (atuou em três posições ao longo da partida) a dar o exemplo solidário. Dedic e Samuel Soares e Schjelderup também assinaram momentos de categoria.
Melhor em campo: Fredrik Aursnes (8)
Ter um jogador como Aursnes é uma felicidade para qualquer treinador, porque abre possibilidades importantes de mexer na equipa sem realizar substituições. Em Alverca, o multiusos norueguês começou como médio direito, e revelou um entrosamento crescente com Dedic. Quando o bósnio foi expulso, aos 70 minutos, Bruno Lage mudou a equipa para 5x3x1 e puxou-o para central do lado direito, dando a ala a Barreiro. A partir dos 79 minutos, com a entrada de António Silva, Aursnes foi fazer a posição de lateral direito, sempre com disponibilidade total e um espírito prático que ajudou o Benfica a suster o assédio final dos ribatejanos. Não sendo um jogador que seja um regalo para os olhos, vale pelo que dá ao coletivo, e tem uma importância decisiva no desempenho da equipa.  

 8 – Samuel Soares – Paulatinamente, o Benfica está a fazer crescer um jogador ‘made in’ Seixal, que pode assegurar a defesa das redes encarnadas por muitos e bons anos. Personalizado, mandou nas bolas pelo ar, revelou um jogo de pés a rondar o sublime, e ainda se destacou com três defesas de grande qualidade, aos 23, 25 e 45+1 minutos, duas delas a remates cruzados, de alto teor de dificuldade. 

7 – DedicNos 70 minutos em que esteve em campo, assinou alguns momentos de muita qualidade, nomeadamente o golo do 0-2, nascido do seu talento e capacidade de finalização. Também revelou melhor entendimento com Aursnes, revelando, porém, dificuldades no um-contra-um com Chiquinho. Dos dois amarelos que viu haverá a dizer que se deparou com um árbitro que em ambos os casos decidiu ser severo (noutros, com outros protagonistas, não).

6 - Tomás Araújo - Começou por ser demasiado atrevido nas saídas para o ataque, sempre que o fez em simultâneo com Dedic, o que desguarneceu o flanco direito do Benfica, que devia dobrar. Teve um grande corte a remate perigoso de Abdulai (33), mas foi na parte final da partida, quando a ordem foi para defender a vantagem tendencial, que mais se evidenciou, autoritário pelos ares e sempre bem colocado no lado direito da linha de três centrais. 

5 – Otamendi – A nota que o argentino recebe está ligada umbilicalmente ao lance do golo do Alverca, em que realizou um corte incompleto, aproveitado por Davy Gui para faturar. No mais, foi o patrão do costume, e porque não ficou afetado com o lance referido, ajudou a equipa a manter a vantagem até ao fim. 

5 – Dahl – Fez uma exibição suficiente, sem ser o desequilibrador que Dedic é na outra ala. Revelou progressos no entendimento com Schjelderup, mas ainda deverá evoluir no último passe, onde lhe falta instinto matador para servir golos em bandeja de prata. 

6 – Barrenechea – Foi ao longo da partida, do ponto de vista posicional, um equilibrador da equipa. Mas não se ficou por aí: também foi ele que na maior parte das vezes foi buscar a bola ao meio dos centrais e iniciou o trabalho atacante dos encarnados. Seguro a passar a curta e média distância. 

5 – Richard Ríos - É um jogador que promete muito, mas ainda não entregou tudo o que tem para dar, especialmente no que respeita à continuidade do seu jogo. Em Alverca tanto deu fluidez ao futebol encarnado, fazendo lembrar Enzo Fernández, como fez passes sem nexo. Também deverá rever a abordagem aos lances na recuperação da bola, porque dois amarelos valem um vermelho. 

5 – Leandro Barreiro – Deu-se ao jogo, mas da forma como o Alverca jogou – com um autocarro à frente da baliza até à expulsão de Dedic – faltaram-lhe argumentos técnicos para fazer a diferença em espaços reduzidos. Trabalhou defensivamente no ataque às saídas de bola dos ribatejanos, mas nunca foi o apoio que fazia falta a Ivanovic

7 – Schjelderup - Está a crescer em confiança e em rigor tático, o que o torna mais próximo da titularidade no Benfica. Também está menos ansioso no momento da finalização, como se viu no golo que marcou, em que teve gelo nas veias. Já no lance (53) em que estoirou contra o poste da baliza ribatejana, mostrou uma fração do talento que ainda está por desabrochar. 

5 – Ivanovic - É verdade que foi deixado demasiado só, perante a densidade defensiva do Alverca, o que o obrigou, várias vezes, a recuar para ter bola. Aos 13 minutos, após um excelente passe de Aursnes, faltou-lhe decisão e discernimento na conclusão. 

5 – Pavlidis – Quando Bruno Lage mexeu na equipa aos 65 minutos, tinha por ideia dar mais músculo ao meio-campo (Florentino) e dinamizar o ataque (Pavlidis e Prestianni). Mas a expulsão de Dedic baralhou as contas e o goleador grego viu-se na necessidade de se desgastar mais a defender do que a atacar, coisa que fez sem nunca virar a cara à luta. 

5 – Florentino – No último jogo de águia ao peito, acabou por ser ajuda preciosa num meio-campo que só contava com Prestianni e Barrenechea. Acabou por trabalhar bastante. 

5 – PrestianniDevia dinamitar o lado direito do Alverca e por força das circunstâncias viu-se forçado a ajudar DahlBarrenechea. Ainda teve algumas iniciativas individuais, infrutíferas. 

6 - António Silva - Esteve 17 minutos em campo (11+6) e cumpriu com o que lhe foi pedido, muito bem no jogo aéreo e sem hesitações nas divisões de bola. Foi uma peça importante para os encarnados no final inesperado que a viagem a Alverca acabou por ter.