Nem duas nem dez vezes: a queda vertiginosa de Vinícius Júnior

De um ano para o outro Vinícius Júnior passou de ser o grande candidato à conquista da Bola de Ouro, batido na reta final e de forma inesperada por Rodri, a postergado à 16.ª posição nesta edição do prestigioso prémio conquistado pelo francês Dembélé.

Para o brasileiro, a notícia, à última hora, de que não seria ele o vencedor e de que o Real Madrid não estaria representado na cerimónia foi um duro golpe que, por muito que o clube e Ancelotti o procurassem proteger, teve sérias consequências no seu rendimento e disso se ressentiu a equipa, sem conquistar qualquer título relevante em toda a temporada.

Muito longe, portanto, do que o próprio prometeu nas redes sociais no dia em que perdeu o troféu. «Eu farei dez vezes mais se for preciso. Eles não estão preparados», escreveu.

A chegada de Xabi Alonso na presente temporada não ajudou a melhorar o estado de coisas. Salvo (talvez) Kylian Mbappé, o técnico não aceita vedetismos individuais, quer que todos trabalhem e se sacrifiquem pela equipa, o que obriga a Vinícius a ter de participar, mais do que ele gosta, em tarefas defensivas e que sejam menos e menos velozes as incursões pela esquerda com que coroava as grandes exibições.

O princípio das rotações imposto pelo técnico também não satisfaz nada o jogador brasileiro que não logrou disputar, na totalidade, qualquer um dos seis primeiros jogos oficiais disputados pela equipa esta temporada: ou começou no banco ou foi substituído, como sucedeu o fim de semana passado contra o Espanhol, algo que o irritou e levou-o a fazer uns gestos de protesto dirigidos ao treinador e de certo desrespeito pelo seu substituto, o também brasileiro Rodrygo.

A juntar ao que sucede nos relvados está o que se passa nos gabinetes, onde se discute a renovação do atual contrato, vigente até junho de 2027. As duas partes querem chegar a um acordo que já esteve praticamente fechado, mas que voltou a ficar paralisado. O empresário do jogador esteve há dias em Madrid para tentar ativar as negociações mas nada avançou e tudo continua na mesma.

O Real quer que ele continue, esse também parece ser o desejo de Vinícius mas nenhuma das duas partes aceita que tal ocorra a qualquer preço, há tempo para que as posições se aproximem mas até que o compromisso se assine qualquer coisa pode acontecer - os casos de Cristiano Ronaldo e Sergio Ramos estão ainda frescos na memória de todos.

É evidente que Vinícius não desaprendeu tudo o que mostrou quando foi determinante nos importantes títulos que o Real Madrid conquistou, não será fácil recuperar os 16 lugares que perdeu na tabela dos melhores jogadores do mundo e o consequente valor no mercado.