Mora(l) da bonita história: venha de lá o título europeu! (crónica)
Antes do início da partida, a previsão era relativamente simples. Ao intervalo, a história estava praticamente contada. Após o desafio, confirmou-se: deu goleada.
Não há comparação possível entre o valor das suas seleções, mas, já se sabe, num jogo de futebol é sempre obrigatório provar em campo todo e qualquer favoritismo teórico. Essa tese foi devidamente aplicada pela seleção de sub-21 de Portugal, com os jovens lusos a juntarem (a já tão conhecida) magia à (tão necessária) humildade. Contas feitas... sai mais uma vitória (gorda) para as jovens esperanças nacionais. E com nota artística, sublinhe-se.
Já depois de Rodrigo Mora (3') e Gustavo Varela (4') deixarem as primeiras ameaças, foi uma questão de tempo até que o marcador começasse, efetivamente, a funcionar. E tal facto consumou-se num lance para DVD: Mathias de Amorim tirou um cruzamento com conta, peso e medida, e Diogo Travassos, no coração da área, desviou de calcanhar. Golaço!
Estava aberto o caminho para uma goleada à moda antiga. Logo de seguida, e não contente com o monumento que tinha assinado para abrir o ativo, Diogo Travassos voltou a estar em destaque e colocou a bola na cabeça de Gustavo Varela para o ponta de lança dilatar a vantagem. Quem não quis ficar atrás foi Rodrigo Mora, que, também de cabeça (!) e com um gesto técnico perfeito na sequência de um cruzamento de Carlos Forbs, voltou a festejar pelos sub-21 — o génio do FC Porto marcou em todos os quatros jogos já realizados por Portugal nesta fase de qualificação.
O que aconteceu após o descanso? O reforço do amasso lusitano. Fabio Baldé, jovem extremo do Hamburgo (Alemanha) que contabilizou apenas a segunda internacionalização por esta seleção, aceitou o convite de Carlos Forbs para se estrear a marcar, sendo que apenas cinco minutos depois ofereceu a felicidade a Mateus Fernandes. Belo tiro do capitão!
Gabriel Brás teve cabeça para assinar a meia dúzia e Gustavo Varela bisou depois de (mais) uma bela jogada coletiva. Chermiti, acabadinho de entrar, também fez o gosto à cabeça e Diogo Travassos ainda... bisou! Gustavo Sá, de penálti (falta de Julian Britto sobre Fabio Baldé), e Quenda (que fantástico pontapé!) fecharam as contas. Está igualado o maior resultado de sempre dos sub-21 — com o Liechtenstein, a 7 de outubro de 2021.
Foram 11, podiam ter sido 15 ou 16. Sem ponta de exagero, caro leitor. Portugal joga muito (o segredo é extrair o melhor de tantos craques) e os meninos de Freire só podem sonhar com o título europeu em 2027. Venha de lá o caneco!
Os destaques de Portugal:
André Gomes é o primeiro nome a pontificar neste espaço. A razão? Só para ser falado. Porque do jogo... nada a dizer. Não tocou na bola. O equipamento nem precisa de ser lavado. Do quarteto defensivo, nota para Gabriel Brás, que teve cabeça para inscrever o seu nome na lista de marcadores, e para Francisco Chissumba, um lateral que foi um extremo e que fez uma assistência. Mathias de Amorim também cruzou com precisão para o primeiro da partida e Mateus Fernandes faturou e ainda atirou uma bomba à barra. Carlos Forbs colocou dois passes mortíferos na contabilidade pessoal e Rodrigo Mora voltou a soltar o génio, tanto em lances individuais, como em solicitações para os seus companheiros de equipa. E do alto dos seus enormes 168 centímetros cabeceou para dar sequência à imparável veia goleadora que tem vindo a demonstrar nesta fase de qualificação. Gustavo Varela provou que estar nos sub-20 ou nos sub-21 é indiferente, quer é faturar: bisou. Fabio Baldé teve, ao segundo jogo, uma exibição memorável: marcou, assistiu e ainda sofreu um penálti. Para mais tarde recordar. Do banco e para fazerem, também eles, o gosto ao pé saltaram Gustavo Sá, Geovany Quenda (que pontapé incrível, miúdo!) e Youssef Chermiti. É caso para dizer que nem é preciso olhar para lado, mister Luís Freire. Porque chame quem chamar, a qualidade mantém-se absolutamente inalterada. Feliz é o selecionador que tem uma equipa destas.