Miguel Oliveira no Grande Prémio da Áustria. IMAGO

Miguel Oliveira e o calvário das Yamaha: «A meio da corrida já não tinha pneus!»

As quatro Yamaha foram as últimas motos na classificação final do Grande Prémio da Áustria que assistiu a mais um triunfo, o sexto consecutivo, do espanhol Marc Márquez, líder do Mundial. O piloto português terminou em 17.º, à frente de Miller, seu companheiro de equipa, e atrás de Risn que negou possível saída

Miguel Oliveira (Pramac Yamaha) foi o 17.º classificado do Grande Prémio da Áustria, 13.ª corrida das 22 previstas no Mundial deste ano, e, mais uma vez, o desempenho das Yamaha foi um calvário. O último classificado foi o australiano Jack Miller, atrás do português, que viu os dois lugares à sua frente serem ocupados pelas duas Yamaha da equipa de fábrica, Alex Rins em 16.º e Fabio Quartararo em 15.º.

No final, o desalento dos pilotos era evidente.

«Na verdade, não se passou nada de novo. Sabíamos que ia ser uma corrida difícil, com o pneu médio traseiro percebi logo no warm-up que íamos sofrer um bocadinho mais do que sofremos ontem, apesar de ontem ter sido um dia muito sofrido. Quando arranquei fiquei logo praticamente parado porque a roda de trás começou a deslizar, tive de voltar a apertar a embraiagem e voltar a sair, portanto não fiz o arranque ideal. Poderia ali ter recuperado algumas posições mas desde o início fiquei logo muito para trás, tentei gerir um bocadinho os pneus mas mesmo assim gastei os pneus na mesma. Não tinha pneus já a meio da corrida e, portanto, foi uma corrida a aguentar simplesmente para terminá-la. Os pontos fracos da moto aqui são demasiado evidentes, já disse ontem à tarde que a equipa não sabia muito bem o que mais fazer e foi isso, fomos um bocadinho para a corrida, recolher dados e tentar perceber o que se pode melhorar», explicou conformado o piloto português à Sport TV.

As quatro Yamaha terminam nas quatro últimas posições será um sinal de alarme? «Sim… Acredito que temos primeiro de estar todos alinhados sobre o ponto fraco da moto, acredito que a Yamaha e os engenheiros, pela diferença que o Fábio Quartararo faz, acreditam que a moto precisa de mais tração na saída das curvas, o que é verdade, mas, na minha opinião, nós perdemos muito a entrar na curva, a moto não vira o suficiente, fazemos tudo com a roda da frente, não temos ajuda da traseira para parar e num circuito onde só se trava, essas diferenças tornam-se muito evidentes», justificou. «Sabemos no projeto que a Yamaha está a trabalhar no futuro, por isso há que ter um bocadinho de paciência», rematou.

Trabalhar é o que resta, assumiu o espanhol Alex Rins, igualmente desiludido. «Foi muito duro, porque como piloto sentes que tens mais do que está a render a moto. Tento fazer umas linhas mais parecidas às de Fabio, não me sai natural, mas tento mudar o meu estilo de pilotagem. É continuar a trabalhar», disse.

Sem novidades em relação à dança de pilotos na Yamaha, com a equipa a adiar o anúncio de quem vai juntar-se a Toprak Razgatlıoglu na Pramac Yamaha em 2026, um dos nomes que foi colocado em cima da mesa como podendo estar de saída foi precisamente o do espanhol, que se mostrou surpreendido com a pergunta sobre o futuro. «Sair da Yamaha? Não, estou tranquilo. As pessoas gostam muito de falar, mas sei que gostam de mim na equipa, nem me passa isso pela cabeça», disse Rins, que tem mais um ano de contrato, tal como o companheiro de equipa Quartararo.

A verdade é que já nem o francês pode estar seguro, apesar da ligação e do contrato mais bem pago do paddock (12 milhões de euros), onde, porém, se diz que a desilusão do campeão do Mundo de 2021 é insuportável.

Na Pramac, Miller acaba contrato mas tem melhores resultados do que Miguel Oliveira, que esteve fora três GPs lesionado, e tem mais um ano de opção, que a Yamaha pode não acionar em função de uma cláusula de desempenho.

Para a semana há mais um capítulo, na Hungria.

Até lá, Marc Márquez domina sem oposição corrida após corrida e a classificação do Mundial com uma vantagem de 142 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o seu irmão Alex Márquez (Ducati), que hoje foi 10.º.