Mathias de Amorim deu um pontapé (e criou outro) para afastar crise do Famalicão
A série sem vencer do Famalicão terminou. Na jornada 9 da Liga Portugal, os famalicenses receberam e derrotaram o Vitória de Guimarães por 2-0, com golos de Mathias de Amorim e Sorriso e voltaram às vitórias no campeonato.
Dois pontos apenas separavam as equipas no momento do apito inicial. Duas equipas que entravam em campo, perante o bem composto e animado Estádio Municipal de Famalicão — um fator a que Hugo Oliveira tinha dado destaque na antevisão — em momentos de forma diferente: o Vitória vinha de duas vitórias, um empate e uma derrota nas últimas quatro jornadas e, por seu turno, os famalicenses já não venciam há quatro encontros consecutivos no campeonato.
Dois conjuntos que, desde início, mostraram vontade de atacar a baliza adversária. Foi Antoine Joujou que primeiro obrigou Castillo a esforçar-se, logo ao minuto 5. Pouco depois, Diogo Sousa, médio de 19 anos e um dos mais inconformados do Vitória, rematou rasteiro para defesa de Carevic e, logo a seguir, cabeceou por cima da baliza do guardião da casa.
O equilíbrio inicial foi, pouco a pouco, pendendo mais para o lado do Famalicão, que começou a conseguir construir oportunidades de perigo várias. Joujou e Castillo travaram duelos vários, com o guarda-redes do Vitória a mostrar sempre serviço. Aos 25', uma das melhores jogadas da partida terminou com remate potente de Elisor, que obrigou o colombiano da baliza dos conquistadores a voar para evitar o 1-0.
Grande momento de futebol, que fez os adeptos e espectadores esperarem pelo inaugurar do marcador. O Vitória ainda teve, em dois livres diretos, duas oportunidades para faturar, mas as duas bolas colocadas na zona certa, entre a marca de penálti e a pequena área, não tiveram desvio decisivo. Após cinco defesas, Castillo nada pôde fazer perante a melhor combinação da partida. Gustavo Sá, com o 20 nas costas mas o 10 nos pés, tentou uma e outra vez, com muita mobilidade, lançar os colegas em ataques rápidos. Aos 42' recebeu e, com um passe muito bem medido, lançou Rodrigo Pinheiro pela lateral direita. O internacional sub-21 português cruzou para outro colega de clube e de seleção. Mathias de Amorim apareceu à entrada da área e, com um remate colocadíssimo, fez o golo que se revelou decisivo.
João Costa, treinador-adjunto do Vitória, que liderou a equipa no lugar do castigado Luís Pinto, não esperou. Ao intervalo entrou o extremo Oumar Camara. A vontade era óbvia e estava bem explícita: entrar para dar a volta ao resultado. Em desvantagem, os conquistadores subiram, tiveram mais bola e tentaram plantar-se no meio-campo ofensivo. Contudo, faltava o brilho ofensivo, que nem com a entrada de Telmo Arcanjo conseguiu ameaçar verdadeiramente a baliza de Carevic.
O Famalicão soube ser compacto e até esteve perto do 2-0 em duas transições rápidas, mas Elisor permitiu defesa de Juan Castillo antes de Sorriso ter um remate desviado por Abascal. O chuveirinho vimaranense ainda levou uma bola de Lebedenko por cima e Abascal ficou perto de encostar após desvio de Nélson Oliveira.
Com toda a gente projetada, o Vitória de Guimarães não conseguiu impedir o xeque-mate. Na última jogada do encontro, Mathias de Amorim voltou a ser decisivo. O médio lançou Gil Dias no contra-ataque, Juan Castillo, que até então havia feito jogo quase perfeito, saiu fora de tempo e permitiu a receção do extremo, que ofereceu a Sorriso para o 2-0.
Ponto final na série negativa do Famalicão, que, a vencer, soube aguentar a pressão do Vitória, que pouco criou mesmo quando teve mais bola. A equipa de Guimarães tem, agora, uma vitória nos últimos quatro jogos no campeonato, ao passo que os famalicenses ocupam o quinto lugar e pressionam o Moreirense, que joga esta segunda-feira frente ao FC Porto.
O que disse Hugo Oliveira, treinador do Famalicão:
«A entrada foi equilibrada. Queríamos perceber ao que vinha o Vitória, que demonstrou muito respeito por nós e que queria chegar nossa baliza de forma mais direta e mais rápida, com um jogo que se podia tornar mais partido. E nós não queríamos isso, queríamos um jogo mais organizado, dentro da nossa estrutura e dos nossos caminhos. Fomos percebendo quais seriam os caminhos do jogo e começámos a ligar. Quando fizemos o golo, acabou por ser justo. Na segunda parte, podíamos ter feito mais e melhor. Estes jogos entram por vezes numa toada mais emotiva. O Vitória, pelo jogo mais direto, pelo apoio que traz de fora, pela emocionalidade que tem no próprio jogo, faz com que se parta muito o jogo. Não podíamos ter ido nesse caminho, acabámos por sofrer no final sem necessidade. Era um daqueles jogos em que teríamos de ter mais bola e para criar espaços, para matarmos o jogo mais cedo do que matámos. Mas também é o crescimento que esta equipa tem de fazer e que estes jogadores têm de fazer.
É preciso entender o nosso processo e o nosso projeto, de talento, de jogadores jovens. Fazer crescer e fazer crescer a ganhar — e já devíamos ter mais vitórias, por aquilo que temos vindo a fazer — não é fácil. É um jogo que acarreta risco, que tem constrangimentos para o crescimento, em que é preciso ter maturidade para fazer o adversário sofrer sem a bola. Temos de crescer por aí. É por isso que é tão bonito fazer crescer os meninos de Vila Nova. E quando ganhamos é mais fácil. Hoje acho que era completamente merecido. Era fundamental ganhar para cimentar o que foi feito quando não ganhámos. E porque vestimos a nossa pele, da nossa cidade, do nosso concelho. Disse que tínhamos de ganhar dentro e fora do campo. Ganhámos e ganhámos bem. São só mais três pontos.»
As notas dos jogadores do Famalicão: Carevic (5); Rodrigo Pinheiro (6), Realpe (6), Justin de Haas (6), Rafa Soares (5); Van de Looi (6), Mathias de Amorim (7); Antoine Joujou (6), Gustavo Sá (6), Sorriso (6); Elisor (5); Gil Dias (6), Abubakar (-), Ba (-)-
O que disse João Costa, treinador-adjunto do Vitória de Guimarães:
«Tivemos uma boa entrada no jogo, a primeira oportunidade é nossa. Tivemos alguma indefinição, fomos algo 'macios' no primeiro golo. Mas podíamos ter feito algo mais, tentámos crescer no jogo. Tentámos ir em busca do resultado pretendido na segunda parte, mas não conseguimos. Tivemos alguma dificuldade para finalizarmos as nossas oportunidades e na definição do último passe, mas isso também aconteceu na primeira parte. Tivemos alguma dificuldade em compreender os espaços em que devemos acelerar. A substituição do Ndoye alterou alguns planos, não era nisso que estávamos a pensar. Até nesses pequenos detalhes não conseguimos ser felizes. Faz parte do jogo.»
As notas dos jogadores do Vitória de Guimarães: Castillo (6); Miguel Maga (5), Óscar Rivas (5), Rodrigo Abascal (5), Lebedenko (5); Beni Mukendi (5), Diogo Sousa (6), Samu (5); Saviolo (4), Ndoye (4), Fabio Blanco (5); Camara (4), Telmo Arcanjo (5), Mitrovic (5), Strata (-), Nélson Oliveira (-).