Lukebakio: o que traz o extremo belga ao Benfica de Lage?

Dodi Lukebakio foi a última contratação do Benfica no mercado de verão. O extremo belga de 27 anos chega à Luz depois de duas épocas com algum impacto em Espanha, ao serviço de um Sevilha a viver tempos difíceis.

O internacional vai ficar com o número (11) e a posição ocupada na época passada por Ángel Di María e que tem sido preenchida entretanto pelo médio norueguês Fredrik Aursnes. No entanto, em tese, recupera sobretudo parte da verticalidade perdida com a saída de Kerem Akturkoglu para o Fenerbahçe.

O contexto em que melhor se enquadra é então o de um modelo que privilegie a sua verticalidade, velocidade e capacidade de progressão, aspetos que o tornaram um dos jogadores mais desequilibradores da LaLiga, e com o qual o Benfica tem tido algum sucesso sobretudo no panorama internacional, mais concretamente na Liga dos Campeões.

Na temporada passada, Lukebakio foi utilizado em 38 jogos do campeonato espanhol, registando 11 golos e duas assistências, números que traduzem consistência e presença regular no último terço.

O seu rendimento ofensivo andou mais ou menos em linha com o esperado: 13,4 xG (12,7 sem penáltis), de acordo com os dados recolhidos pelos sites fbref.com e footystats.org. A estes números soma-se uma característica que o distingue dos demais, de acordo com o jornal As: foi o jogador da LaLiga com mais progressões em condução, superando nomes como Kylian Mbappé e Vinícius Júnior. Também no drible esteve entre os melhores, apenas atrás de jovens como Lamine Yamal, Kubo e o próprio Vinícius Júnior, segundo a mesma fonte.

O perfil tático do canhoto Lukebakio adequa-se ao futebol de ataque rápido: extremo de pé trocado num 4-3-3 ou 4-2-3-1, que procura ganhar espaço para diagonais interiores e finalizar, mas também pode atuar aberto à esquerda para explorar a profundidade. Tem velocidade, agilidade e imprevisibilidade em situações de um contra um, juntando-lhes ainda um remate forte com ambos os pés. Além disso, está habituado a pressionar alto, próximo da área adversária, aproveitando para forçar erros na saída de bola dos rivais. A dimensão física (1,87 metros de altura) nos duelos também não é de desvalorizar.

O reforço das águias luta sobretudo consigo próprio, sobretudo na questão da consistência. É capaz de decidir jogos, mas também de protagonizar exibições mais apagadas.

Ao mesmo tempo, a tomada de decisão no último momento, assistência ou remate, nem sempre é a melhor.

A defender, contribui na pressão alta, mas é menos rigoroso e focado na defesa da sua baliza, quando o bloco baixa.

Antes da transferência para o Benfica, o nome de Lukebakio esteve associado a várias movimentações de mercado. O Sevilha recebeu propostas vindas da Arábia Saudita, na ordem dos 45 milhões de euros, além de sondagens de clubes como Milan e Juventus. Contudo, o extremo optou por abraçar o projeto encarnado, procurando agora afirmar-se num contexto competitivo onde poderá ser protagonista, de acordo a imprensa espanhola.

Num Benfica que aposte em largura ofensiva, transições rápidas e criatividade nas alas, Lukebakio chega com o rótulo de reforço capaz de oferecer golo, desequilíbrio e impacto imediato. No entanto, terá mais dificuldades para solucionar as dificuldades da equipa em ataque posicional, perante blocos mais baixos, que se tornam sobretudo evidentes em contexto nacional. Isto porque é sobretudo um finalizador e não um jogador de associação.

No 4x2x3x1 ou 4x3x3, entre Lukebakio, Sudakov, Aursnes e Schjelderup um deles deverá cair do onze. Já no 4x4x2, com Ivanovic e Pavlidis à frente, saltarão dois. Os dois noruegueses têm estado a nível elevado, o que levanta questões ao treinador Bruno Lage. Ao mesmo tempo, todos têm aspiração natural à titularidade constante, mesmo numa época em que a rotação será fundamental perante tantas competições e atípica, com menos dias de férias e de pré-temporada.