Luis Enrique, o génio das inovações no mundo do futebol

Luis Enrique é, sem dúvidas nenhumas, um dos melhores treinadores de atualidade. Não só ganhou o triplete pelo Barcelona na temporada de 2014/15, repetindo o feito de Pep Guardiola em 2008/09, mas em 2024/25 levou o PSG a uma temporada inesquecível, ao conquistar quatro troféus num ano - além da final no Mundial de Clubes, e ainda pode ganhar um quinto -, dando destaque à primeira UEFA Champions League do clube. Por outro lado, o ex-selecionador espanhol é também um dos pioneiros em algumas inovações no mundo do futebol e voltou a mostrá-lo no último fim de semana.

Havia dúvidas se Luis Enrique iria estar no banco de suplentes para o jogo entre o PSG e o Lens (2-0), por ter partido a clavícula durante a pausa de seleções num acidente de bicicleta, e o treinador espanhol apareceu mesmo nas bancadas do Parque dos Príncipes para o início do jogo, mas sempre em constante comunicação com o adjunto Rafel Pol, o seu representante no relvado.

Pensava-se que a sua ausência do banco de suplentes poderia ser essa, para o proteger da grave lesão que sofreu recentemente, mas a verdade é que o espanhol surpreendeu tudo e todos ao aparecer novamente no relvado para a segunda parte. A ideia que ficou é que o técnico de 55 anos não terá gostado da experiência, mas foi exatamente o contrário!

No final da partida, Luis Enrique revelou que o plano em ver a primeira parte nas bancadas e a segunda no relvado foi planeado, e de que nada teve a ver com a sua lesão, admitindo que se inspirou numa ideia vinda do mundo de rugby, em que os treinadores assistem aos jogos numa perspetiva diferente à do relvado.

«Há algum tempo que tenho observado treinadores de rugby que analisam os jogos de uma perspetiva muito diferente. Gosto da possibilidade de procurar essa melhoria. Eu queria acompanhar o primeiro tempo das bancadas e é magnífico. É diferente. Posso controlar tudo», começou por dizer, afirmando que vai usar esta estratégia novamente, resta saber quando.

«É uma opção interessante que vou usar no futuro. Depois disso, podes dar a palestra do intervalo com perfeição, porque viste perfeitamente quem jogou bem em campo. Temos muitas informações diretas», atirou, sendo que na segunda parte era visível a boa disposição de Luis Enrique no banco de suplentes.

No entanto, esta não foi a primeira vez que Luis Enrique adapta ideias e certamente não será a última. O espanhol tomou hábito ver algumas sessões de treino de uma visão de topo - tal como aconteceu no último domingo, mas pela primeira vez num jogo -, através de uma plataforma elevatória e foi o primeiro a fazê-lo em Espanha. Isso aconteceu não só no PSG, mas também antes no Barcelona e ainda no Celta de Vigo.

Em Paris, o treinador ainda ficou viral com um novo método para o pontapé de saída. Em vez dos jogadores passarem a bola para trás e tentarem sair a jogar, ou passarem a bola para um defesa ou guarda-redes para a meterem na frente para os atacantes saltarem e a receberem, o PSG, desde a temporada passada, tem batido imediatamente, no primeiro toque, para o fundo da linha lateral.

O objetivo? Ganhar terreno no campo e pressionar muito mais à frente o adversário, apesar de lhe darem a bola, seja na primeira ou na segunda parte. Normalmente, até costuma ser Vitinha a chutar, embora haja sempre o risco de dar pontapé de baliza, o que já acabou numa ou outra situação. Esta estratégia tem sido, desde então, repetida por alguns clubes e os parisienses vão continuar a utilizá-la.

Por outro lado, numa situação mais caricata e fora do relvado, Luis Enrique também ficou viral quando era selecionador de Espanha e decidiu fazer transmissões ao vivo durante o Mundial 2022 no Qatar. Não só no final de jogos, mas também noutros momentos, o técnico aparecia no Twitch para dar explicações aos adeptos e também tentar aproximá-los de si e dos jogadores, oferecendo-lhes algo diferente e único no mundo do futebol, especialmente vindo de um treinador e não de um atleta.

No entanto, esta inovação, ao contrário das restantes, não funcionou bem, porque a Espanha foi eliminada nos oitavos de final por Marrocos, que também afastou Portugal na ronda seguinte, e Luis Enrique acabou por ser despedido do cargo de selecionador espanhol. O Presidente da Federação, na altura Luis Rubiales, garantiu que a decisão em libertar o treinador do cargo nada teve a ver com as transmissões ao vivo. Mesmo assim, Luis Enrique ainda repetiu algumas vezes os diretos no PSG, incluindo na eliminatória com o Liverpool nos oitavos de final da última UEFA Champions League, competição que ganharam.