Lobos transfigurados afastam cenário Danté(sco) (crónica)
Poderia ter sido dantesca a visita do Arouca à Choupana. Amadou Danté esteve na origem de duas grandes penalidades que favoreceram o Nacional – em ambas com mão na bola - mas João Valido valeu aos lobos e defendeu a primeira logo aos 4 minutos, apontada por Jesús Ramirez. Foi o primeiro amigo do lateral maliano, que contou ainda com a colaboração de Popovic e Espen van Ee, que deram a volta ao marcador depois de Chuchu não ter desperdiçado a segunda benesse da marca dos 11 metros.
O guarda-redes continuou gigante e entre os 26’ e 28’ evitou, por três vezes, tentativas dos madeirenses. Primeiro foi aos pés de José Gomes para sacudir a bola e depois travou dois remates de Pablo Ruan, que levavam direção certeira.
O domínio do Nacional até ao intervalo foi absoluto. Em 3x4x3, João Aurélio e José Gomes deram profundidade nos corredores e em trabalho conjunto com os extremos, Pablo Ruan e Paulinho Bóia, o espaço para a progressão à baliza de João Valido aparecia com alguma facilidade.
Ao invés, o Arouca esteve metido num colete apertado e com muita dificuldade em soltar-se. A bola raramente chegou a Nandín, o homem mais adiantado, contudo na primeira vez que tal aconteceu, já depois da meia-hora, Lucas França viu-se aflito: o avançado surgiu-lhe na cara, valendo Zé Vitor a esticar o pé e a não permitir a finalização. De imediato (37’), os visitantes atiraram pela primeira vez à baliza madeirense, mas o remate de Djouahra passou por cima.
O Arouca, com uma postura mais ofensiva após o descanso, dividiu o jogo e houve emoção até final. Nandín deu o mote dessa transfiguração dos lobos e atirou à barra. No vaivém entre os dois meios-campos, Danté voltou a travar com o braço dentro da área um cruzamento de Paulinho Bóia e desta vez Chuchu Ramírez não perdoou. Valido adivinhou o lado, mas não evitou o golo.
Embalado, o Nacional viu um golo de Pablo Ruan ter sido anulado por posição irregular, com o Arouca a responder por Popovic, qua antecipou-se de cabeça a Lucas França na sequência de canto, para empatar.
A emoção foi uma constante até final, com mais um golo que valeu – para o Arouca – outro que não contou – para o Nacional – e uma expulsão para cada lado. Espen van Ee coroou a estreia a marcar, quando as duas equipas jogavam com 10 jogadores, por expulsão de Matheus Dias (81’) e José Fontán (85’). Nos descontos, Chuchu Ramírez voltou a marcar, mas estava em posição irregular de 22 cm, adiantado em relação a… Danté.
As notas dos jogadores do Nacional (3x4x3): Lucas França (5), Léo Santos (6), Matheus Dias (5), Zé Vitor (5), João Aurélio (6), Liziero (6), Labidi (6), José Gomes (6), Pablo Ruan (6), Jesús Ramírez (6), Paulinho Bóia (6), Witi (-), Ulisses (-) e Filipe Soares (-)
As notas dos jogadores do Arouca (4x2x3x1): João Valido (7), Tiago Esgaio (5), Popovic (6), Jose Fontán (5), Danté (4), Fukui (5), David Bruno (5), Trezza (6), Hyunju (5), Djouahra (6), Dylan Nandín (6), Gozálbez (5), Barbero (5), Mansilla (5), Espen van Ee (6) e Puche (-)
O que disseram os treinadores:
Luís Sousa, treinador-adjunto do Nacional
«Entramos muito bem no jogo, muito fortes e personalizados. Falhámos o penálti e mais duas ou três situações de golo claras. Na 1.ª parte não me recordo de nenhuma oportunidade de relevo do Arouca, foi completamente dominada por nós e podíamos ter ido confortavelmente para intervalo com a vitória. Depois voltámos a entrar muito fortes, a prova é que fizemos o golo e depois contra a corrente sofremos de bola parada e o jogo acaba depois por mudar um bocadinho. Não temos de nos culpabilizar, porque fizemos um bom jogo. Lutámos, tralhámos, a equipa teve quase sempre por cima e o resultado é completamente injusto.»
Vasco Seabra, treinador do Arouca
«É um triunfo de equipa, com uma alma gigante e um espírito de grupo que é realmente motivo de orgulho. Foi um jogo difícil contra um adversário difícil, que valoriza ainda mais a nossa vitória. Vínhamos de um jogo em que não tínhamos estado bem e isso cria alguma ansiedade à equipa, mas com este espírito temos capacidade para irmos atrás. O Nacional entra melhor, tem o lance do penálti, mantém-se mais estável e a verdade é que a melhor oportunidade da 1.ª parte é nossa com o Dylan isolado. Na 2.ª parte estivemos mais equilibrados e estáveis, tivemos a bola na trave que poderia ter desbloqueado o jogo a nosso favor e passarmos para a frente, que nos daria outra tranquilidade. Não o fizemos, o nacional marcou e mais uma vez revelámos o espírito de equipa e de conquista que temos. Muito feliz e orgulhoso dos jogadores.»