João Simões lesionou-se em Dortmund (IMAGO)

Lesões: Os miúdos que não estão bem e os outros miúdos

'Para lá da linha' é uma opinião semanal

É fina a linha: O que é melhor? Jogar de três em três dias (quando não é menos) ou ter uma semana, como os treinadores dizem, limpa, para poder treinar? Por um lado, significa que a equipa luta em várias frentes, por outro que mal tem tempo para respirar. Hoje em dias queixam-se de quem nem treinar conseguem, é só recuperar e falar do jogo seguinte. Um pouco como os jogadores nas entrevistas rápidas - sempre a pensar no jogo seguinte em vez de analisar o encontro acabado de disputar. 

Rui Borges, treinador do Sporting, anda tanto nessa linha, que estou sempre à espera de o ver entrar na conferência de imprensa de bata branca. Isto porque já foi forçado a dizer o óbvio: «Não sou médico.» Não me passou despercebido que tinha vestida uma camisola branca quado o disse, não, mas na minha imaginação ele até vai de estetoscópio.

A quantidade de lesionados em Alcochete faz com que as perguntas andem sempre nesse tema, e sábado viu-se mesmo forçado a dizer que se calhar há competições que têm de ser abordadas de outra forma, como a Taça da Liga

Com oito jogadores indisponíveis – St. Juste, Daniel Bragança, João Simões, Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Morita, Hjulmand e Geny Catamo - se calhar temos de lhe chamar dr. Rui Borges, mas ele colocou o dedo na ferida: «Acho que quem manda deve mesmo olhar para este acumular de jogos infinitos». Infelizmente, FIFA e UEFA não parecem estar a ouvir. Seja ou Portugal ou outra grande liga. «É o que é», diz ele.

No Benfica não é diferente, embora com panorama mais aliviado. Bah e Manu acabaram a época, estão ainda de fora Di María, Tiago Gouveia e Renato Sanches. Antes do jogo com o Boavista, o treinador Bruno Lage foi direto: «Vou usar a expressão de um dos meus adjuntos. Perguntei como estava a 'tropa' e ele disse: ‘estes indivíduos estão claramente no limiar da sobrecarga’. Estão cansados.»  

Podemos ver o momento de outra forma. Lage – como Rui Borges, de resto – vê-se forçado mais cedo a apostar nos jovens da casa, mas talvez isso nem seja mau. Não será esse o intuito das instituições que mandam no futebol, mas ver os miúdos a aparecer dá sangue novo às equipas. Segurá-los depois já é outro assunto.