Rui Borges diz que a responsabilidade é de todos

'Reforços' de peso, miúdos e o tão desejado título: tudo o que disse Rui Borges

Na antevisão à deslocação a Vila das Aves, na 23.ª jornada da Liga, o treinador do Sporting abordou questão das lesões e, consequentemente, menos opções; realçou sentir-se feliz e reafirmou que o foco está em ser campeão de leão ao peito

- O que espera deste Aves SAD, que não está bem na tabela classificativa e vem de uma mudança no comando técnico?

- Vamos defrontar uma equipa que mudou de treinador há pouco tempo, um treinador que conheço normalmente porque as suas equipas são organizadas e competitivas. Vamos encontrar um AVS competitivo, acima de tudo. Uma equipa que vai jogar contra o campeão nacional, que joga em casa, e que terá certamente uma ideia nova com o seu treinador e a querer fazer as coisas de melhor forma. Quando há uma mudança de treinador há sempre uma mudança de chip e esperamos isso. Mais do que o AVS, temos de sentir que seremos capazes de fazer um bom jogo e de voltarmos a ganhar.

- Frederico Varandas elogiou-o, em entrevista. Gostou do que ouviu?

- Agradeço. É uma questão de confiança. Desde o primeiro dia que aqui cheguei que o diálogo, a confiança, o sentimento de ajuda e daquilo que é a missão Sporting é mútua e bem esclarecida entre todos. Há uma confiança enorme do presidente desde que aqui chegámos, mesmo do Hugo [Viana] na altura e agora do Bernardo ou do Flávio. O ambiente tem sido fantástico, muito bom mesmo. O ambiente na Academia é muito bom mesmo e não digo isto só para atirar para o ar. É verdade. Feliz pela confiança, mas é algo que o sinto diariamente, não precisava de fazê-lo publicamente. Tenho sentido isso desde que aqui cheguei.

- Quem são os indisponíveis para o jogo na Vila das Aves?

- Há o João Simões, que infelizmente sofreu uma lesão e que, penso eu, não jogará mais o resto da época. O Morten [Hjulmand] estava como castigado e está lesionado também. Temos, pelo menos, a boa notícia de o Ousmane [Diomande] poder dar o contributo à equipa [n. d. r. viu-lhe ser reduzida suspensão de dois jogos].

- Sem médios de origem para defrontar o Aves SAD, este é, possivelmente, o momento difícil no Sporting?

- Momento difícil? Somos primeiros. Não há momento difícil. Volto a reforçar o que disse sempre: quero é arranjar soluções. Não estamos em momentos de lamentar nada. O plantel é este, é bom, infelizmente estamos com este acumular de lesões que não controlamos. Não podemos controlar. Resta-nos arranjar soluções. É certo que não temos médios de origem, mas temos os miúdos da equipa B que estão prontos para dar resposta na equipa principal. Se não for por eles, arranjamos outras alternativas. Sinto a equipa alegre. Os jogadores não se estão a lamentar. Temos de arranjar soluções para sermos melhor que os adversários.

- O presidente Frederico Varandas também falou em abdicar de competições, como a Taça da Liga, devido ao elevado número de lesões. Concorda com isso?

- É natural e acho que quem manda deve mesmo olhar para este acumular de jogos infinitos. O acumular de jogos leva muito a isso [lesões traumáticas]. Mais do que estar a dizer que vamos abidcar ou se concordo, é natural que ao haver tantos jogos, e sentir o que nos está a acontecer, não só a nós, mas a muitas equipas no mundo, é natural que o presidente tenha dito abdicar, mas não acho que seja a 100%. A Taça da Liga pode passar a ser um objetivo secundário e é normal que o presidente o faça. O jogador é um ser humano, não é uma máquina.

- Gyokeres e Trincão estão disponíveis para o jogo de amanhã?

- Disse antes do jogo de Dortmund que era só gestão. Treinaram normal, por isso, estão para jogo.

- O presidente disse que assume responsabilidade se o Sporting não for bicampeão. Isso para si é um alívio?

- A responsabilidade é de todos. Sei das minhas responsabilidades, mas não estou focado nisso. Estou focado em ser campeão. Vai ser uma época difícil,  mas estou focado no nosso objetivo. Acredito que vamos ser campeões, não me passa outra coisa pela cabeça.

- O jogo na Vila das Aves pode ser a maior prova de personalidade da equipa, tendo em conta que o Benfica joga hoje e, em caso de vitória, assume provisoriamente a liderança?

- O desafio já tem sido constante. Temos de dar resposta em todos os jogos. Todos nós temos tentado lutar contra, queremos ser melhores e ganhar. É certo que não temos jogadores de raiz ali no meio, mas não vamos fugir. A pressão do Benfica ganhar ou não, é-me igual. Independentemente do Benfica temos de ganhar, dependemos apenas de nós. A pressão de ganhar é diária neste clube. Representamos o Sporting. Independentemente de o Benfica jogar antes ou depois, a pressão é a mesma.

- Geny Catamo e Gonçalo Inácio estão disponíveis?

- O Inácio está para jogo, o Geny não.

- Face à falta de opções para o meio-campo tem de recorrer aos Jovens da equipa B. O que lhes diz?

- Sinceramente não falo muito. Trabalham diariamente connosco e só por aí já devem perceber que temos confiança neles. Claro, falo o que tenho de falar. São miúdos que representam um grande clube e que têm de ter a capacidade mental de perceber que a qualquer momento podem jogar pela equipa principal, que é o sonho deles. Não tenho um discurso diferenciado, porque acho que não faz sentido. Sabem o que têm de fazer porque trabalham connosco diariamente. O que peço é para se divertirem dentro de campo com a responsabilidade devida. E que falhem muito. Só não falha quem se esconde. Quero é que eles se mostrem, para se mostrarem têm de falhar. Não nos podemos esquecer que a nossa equipa tem uma média de idades bastante baixa. O nosso caminho tem de ser esse. Que falhem muito e que saibam reagir ao erro.

- A expectativa vs realidade é bem diferente do que pensava quando aceitou o convite do Sporting. Sente-se de algum modo desiludido, ou pelo contrário, mais motivado, com os adeptos a dizerem que se o Sporting terminar a época com um troféu você merece uma estátua?

- Jamais estaria desiludido. Não me façam essa pergunta... Volto a falar do meu passado. Comecei no Mirandela há sete anos e o meu sonho era chegar aqui. Por maior que seja o problema, só não há solução para um problema na nossa vida, infelizmente. De resto, há solução para tudo. Temos de arranjar soluções. Jamais estaria desiludido. Pelo contrário, estou muito feliz e tranquilo por ser treinador do Sporting. Sinto muito harmonia entre treinadores e jogadores. Estou muito feliz por representar o Sporting. Jamais diria que estava desiludido