Kiwior  - FOTO: Catarina Morais/Kapta+
Kiwior - FOTO: Catarina Morais/Kapta+

Kiwior: «Fui eu quem quis sair do Arsenal. Arteta não queria»

Polaco fala da sua transferência para Portugal, do legado de respeito que deixou no clube londrino e do grande passo que deu ao assinar pelo FC Porto. Sobre Farioli, afirma ser um técnico que vai até ao «mais ínfimo detalhe» na preparação das estratégias

Concentrado na seleção da Polónia, Kiwior concedeu uma entrevista ao canal televisivo TVP Sport na qual falou sobre a parceria 100 por cento eficaz com Bednarek no FC Porto e esclareceu o processo de saída do Arsenal para os dragões: «O Arsenal não queria deixar-me sair.» 

Foi Kiwior quem abriu as portas para sair do emblema londrino e não o contrário. «Ria-me dessas notícias, porque era exatamente o contrário. Foi o Arsenal que não queria deixar-me sair e demorou bastante para concordar com a transferência. Era valorizado pelo jogador que era lá. Ninguém queria livrar-se de mim. Também neste último mercado a conclusão do negócio esteve em aberto até ao fim. O treinador, Mikel Arteta, não queria deixar-me ir para Portugal. Por isso, nunca me senti indesejado no Arsenal, nem tinha motivos para sentir que era empurrado para fora do clube. A decisão de sair foi exclusivamente minha. Queria ser titular, mas com o Gabriel e o Saliba à minha frente, as hipóteses de isso acontecer eram pequenas», explicou.  

O jogador revelou que foi ele quem tomou a iniciativa de conversar com Mikel Arteta para discutir a sua saída do clube. «Fui eu que o convenci. Simplesmente fui falar com ele e expliquei-lhe como via toda a situação», disse. Segundo o polaco, Arteta mostrou-se compreensivo em relação às suas aspirações. «Ele percebeu as minhas aspirações e o meu desejo de jogar, e acabou por me agradecer pela forma como me comportei, tanto como pessoa como jogador, durante todo o tempo que trabalhámos juntos», vincou. 

A decisão acabou por ser tomada rapidamente, com o treinador a valorizar a postura de Kiwior: «Aceitou os meus argumentos, falou com o diretor-desportivo e, a partir daí, as coisas aconteceram rapidamente. Valorizou o facto de nunca ter ficado desiludido comigo.» 

FC Porto ligava «todos os dias»

Sobre quem o convenceu a aceitar o desafio no FC Porto, o atleta foi claro: «Foi o FC Porto, com a sua determinação. A certa altura, contactavam-me todos os dias. Lutaram com todas as suas forças, vi que se importavam. Não desistiram e não desanimaram, apesar das muitas recusas do Arsenal. Perseguiram o seu objetivo e conseguiram-no. Vi que não desistiam, por isso achei que valia a pena ir por esse caminho. Tive muitas propostas, mas a certa altura apostei no FC Porto. E quando vi que o Jan Bednarek se tinha juntado a eles, disse a mim mesmo: 'Se der certo, vai ser ótimo'. E está a ser». 

«Cheguei a um clube grande»

Kiwior revelou ainda estar surpreendido com o clube e elogiou a história dos dragões: «Vindo do Arsenal, não podia haver um grande efeito uau, mas recentemente toda a equipa visitou o museu do clube, tivemos um encontro com lendas do FC Porto, vimos filmes do passado... Cheguei a um clube realmente grande, com enormes tradições. Recomendo a todos, lá ainda hoje se lembram bem dos polacos - Józef Mlynarczyk, que em 1986 conquistou com eles a Taça dos Campeões Europeus, continua a ser uma lenda. Graças aos polacos que jogaram lá no passado, também é mais fácil para nós, e eles sabem que tipo de pessoas somos. Espero que continuemos assim e tenhamos sucesso. O objetivo é reconquistar o campeonato português, que o FC Porto ganhou pela última vez em 2022.» 

Farioli «vai ao detalhe»

Quanto ao trabalho com o treinador Francesco Farioli, o jogador destacou a abordagem tática e a atenção ao detalhe: «Tivemos uma reunião, ele mostrou-me como quer que joguemos na defesa. Quando as negociações estavam em curso, mas tudo indicava um desfecho positivo, assisti a alguns jogos do FC Porto para saber o que me esperava. Integrei-me rapidamente na equipa. Às vezes, o treinador mostra um esquema no quadro e um jogador tem dificuldade em acreditar que será capaz de executá-lo em campo. Mas depois assiste ao vídeo e vê que é possível. O treinador dedica muito tempo à preparação tática, presta atenção ao mais ínfimo detalhe.» 

Passo em frente

Kiwior explicou as motivações que o levaram a trocar o Arsenal pela equipa dos dragões e a Premier League pela Liga portuguesa e afasta a ideia de ter dado um passo atrás. «Não acho que tenha dado um passo atrás. O FC Porto tem muito em comum com o Arsenal - são grandes clubes, com grandes aspirações, adeptos fantásticos, estádios e com história. Não foi difícil dizer adeus a Londres, tendo em conta quais eram as perspetivas desportivas», afirmou o defesa-central, destacando ainda que o clima português pesou na decisão: «Em Londres chove muito mais, em Portugal é mais quente. Queria mudar-me para um país com um clima mais agradável para a minha esposa e os meus filhos... é assim que chamo os meus dois cães de raça ‘poodle’. Podemos passar mais tempo ao ar livre e junto ao oceano. Por enquanto só molhei os pés, a água está fria, mas chegará o momento em que irei mergulhar.»

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