José Mourinho apresenta sintomas gripais — Foto: IMAGO - Foto: IMAGO

José contradiz Mourinho

Exibição contra o Chelsea foi satisfatória, mas será isso suficiente para encher a barriga dos adeptos? Dificilmente. E, hoje, o Benfica precisa 'daquele' Mourinho espalha-brasas...

José Mourinho, 22 de setembro de 2019, na qualidade de comentador, depois de uma derrota do Chelsea (1-2) frente ao Liverpool, que deixava os blues, treinados por Frank Lampard, a 10 pontos da liderança na Premier League: «Quando começas a aceitar derrotas apenas porque a tua equipa jogou bem e os jogadores tiveram boa atitude e mostraram máximo compromisso é quando os grandes clubes deixam de ser grandes clubes. Espero que não se habituem a isto [perder], isso é o mais importante.»

José Mourinho, 30 de setembro de 2025, como treinador do Benfica, depois de perder (0-1) em Stamford Bridge, frente ao Chelsea, para a Liga dos Campeões: «Não vou estar com muitos rodeios: uma derrota é sempre uma derrota, por bem que se jogue. É uma verdade que não quero esconder dos meus jogadores. Mas há perder e perder. Há perder e ter vergonha de sair de casa no dia seguinte e há perder e tirar coisas positivas. Jogámos olhos nos olhos com uma boa equipa. O resultado podia ter sido diferente, mas com o Qarabag não queriam sair de casa no dia seguinte, e, se amanhã quiserem ir jantar à Avenida da Liberdade, nenhum benfiquista os vai insultar. Penso que é positivo.»

Há contextos e contextos e aquele que José Mourinho encontrou no regresso ao Benfica, 25 anos depois, é um dos mais difíceis da carreira. Viu-se obrigado a pegar numa equipa desacredita pelos adeptos, já nos limites físicos devido à sobrecarga que o Mundial de Clubes e as pré-eliminatórias da Champions trouxeram, com um ideia de jogo ineficaz num plantel que não escolheu e a pouco mais de um mês para as eleições mais concorridas e participadas das últimas décadas do clube.

Tudo isso é válido, bem como a falta de tempo que o treinador, em cada intervenção pública, aponta como principal dificuldade para a equipa evoluir, mas estou certo de que o antigo Mourinho - o cáustico, o agitador, mestre em acicatar ânimos e levantar ondas a favor das suas equipas, aquele que odiava perder - não teria aceitado tão facilmente uma derrota como a de anteontem, que fechou ainda mais o caminho à equipa na Champions. Mesmo jogando bem. No contexto atual, o Benfica precisa mais desse Mourinho do que deste, em modo senador.

Como o Benfica em Londres, o Sporting caiu ontem, em Nápoles, de pé e merecia trazer pelo menos um ponto na bagagem. Zero pontos portugueses na Champions, oxalá a Liga Europa traga, hoje, outros números.