O FC Porto bateu o Famalicão por 1-0 - Foto: Catarina Morais/KAPTA+
O FC Porto bateu o Famalicão por 1-0 - Foto: Catarina Morais/KAPTA+

Há sinais de alerta, sim, mas o dragão segue imparável (crónica)

Dominador mas perdulário na primeira parte, o FC Porto encolheu-se um pouco na segunda e arriscou. O gás dos primeiros tempos já não é o mesmo, mas a verdade é que os dragões mantêm-se isolados no topo

O gás, há que admitir, já não é aquele que fazia a equipa voar nos primeiros dois meses da era Farioli e os sinais de alerta dos últimos tempos voltaram a ser visíveis em Famalicão, mas a verdade é que, a jogar melhor ou pior, o FC Porto continua a ser muito competente e, mais importante, continua a vencer.

E, desta vez, ao contrário do que aconteceu com o SC Braga, em que o conjunto azul e branco (ontem de cor de rosa vestido) foi anulado em muitos momentos do duelo, o FC Porto foi mais dominador e mais intenso no ataque, embora revelando excesso de desacerto na hora de finalizar.

Factos que, na tarde/noite deste domingo, foram mais visíveis na primeira parte – na qual o cavaleiro da Dinamarca, Victor Froholdt, marcou, aos 36’, o golo da vitória – do que na segunda.

De tal modo que, nos 45 minutos iniciais, o Famalicão, com muitas dificuldades perante a pressão alta portista, só por uma vez se acercou com perigo da baliza adversária – e que perigo! Zabiri, o herói marroquino campeão do Mundo sub-20, acertou em cheio no poste; a bola ainda atingiu, depois, Diogo Costa que… quase fazia autogolo!

Este lance era, todavia, um mero oásis no deserto de ideias da equipa da casa ao longo do primeiro tempo, incapaz de desenvolver o seu jogo, muito por culpa de ter visto algumas das suas peças mais importantes, como Gustavo Sá, Gil Dias e Sorriso, serem muito bem anuladas pelos homens do Dragão.

Já o FC Porto, a voar nas asas de Francisco Moura e Rodrigo Mora (e a não se ressentir do contratempo logo aos 18’, quando perdeu, por lesão, o comandante da defesa Bednarek), dominava a seu bel-prazer, o que se manteve até ao intervalo.

O que se viu depois já começa a ser costume neste Porto de Farioli: vendo-se a vencer, a equipa encolhe-se um pouco, baixa a pressão e as linhas e acaba por expor-se. Foi assim que a história se inverteu após o descanso, agora com o Famalicão a entrar no segundo tempo dominador, a controlar a bola, a trocá-la sem grande oposição dos visitantes — mas também sem provocar real perigo.

A reação portista demorava e isso desagradava e muito a Farioli que, percebendo a necessidade de agitar e, sobretudo, de se libertar da teia montada pelo Famalicão desde o arranque da segunda metade, não perdeu tempo e, aos 58’, lançou Borja Sainz, que marcara ao SC Braga saído do banco, e Gabri Veiga, tirando de campo William Gomes e Rodrigo Mora.

O resultado foi… nulo! Aliás, a pressão da equipa da casa manteve-se e, finalmente, com sinal de perigo ao minuto 63’ quando, de livre, Sorriso obrigou Diogo Costa a esforço extra para evitar o empate…

Era, porém, um lance excecional no meio de um domínio famalicense que, na verdade, tinha pouco de palpável: as ocasiões eram escassas, a bola andava longe da baliza portista.

Até que o FC Porto lá ouviu o despertador: Samu surgiu isolado frente a Carevic, conseguiu bater o guarda-redes, mas, quando já celebrava golo, viu Bondo cortar de forma espetacular em cima da linha (64’).

Hugo Oliveira, técnico do anfitrião, percebia o aviso e fazia uma tripla alteração, decorria o minuto 68’. O desejo do treinador era dar mais profundidade e, sobretudo, levar perigo a zonas mais próximas da baliza de Diogo Costa.

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A realidade, contudo, foi outra. O FC Porto começava, ainda que lentamente, a voltar ao jogo. E era novamente Samu a disparar e, outra vez, Carevic a defender (72’). O dragão ia crescendo e, com apenas um quarto de hora para jogar, o Famalicão começava a recear sofrer novo golo e baixava linhas. Perdia, com isso, o domínio que até então apresentara.

Natural portanto o regresso ao ponto inicial: FC Porto a comandar e a voltar a povoar os arredores da baliza da casa. E outra vez com perigo, como aos 78’, quando Alberto Costa, servido por toque de calcanhar delicioso de Pepê, disparou com violência para defesa atenta e difícil de Carevic.

Ainda assim, o Famalicão não desistia, procurava no erro alheio aquele vislumbre de possibilidade de ainda chegar ao empate. Sem sucesso. O jogo corria a passos largos para o final e era o FC Porto a festejar.

Mesmo sem deslumbrar – aliás, longe disso – o dragão, com maior ou menor dificuldade, continua imparável, pelo menos na Liga portuguesa. E vai para a paragem das seleções isolado no comando. E isso é, nesta fase, mesmo com muitos sinais de alerta, o mais importante.