Cheikh Sarr, guarda-redes do Rayo Majadahonda (IMAGO / AFLOSPORT)

Guarda-redes que confrontou adeptos racistas reage à suspensão: «A minha dignidade vale mais do que tudo»

Guarda-redes do Rayo Majadahonda, Cheikh Sarr, que confrontou adeptos que o insultavam atrás da baliza, recebeu uma suspensão de duas partidas e perda de três pontos para a sua equipa

Cheikh Sarr já sabe de que forma vai ser punido após os acontecimentos do jogo do Rayo Majadahonda frente ao Sestao, no terceiro escalão espanhol. O guarda-redes do Majadahonda afirmou que na segunda parte do encontro ouviu alguns gritos vindos da bancada, como sons de macaco e insultos racistas.

Após isso, o jogador saiu da sua posição e foi em direção a um adepto, agarrando-o pelo cachecol, e confrontou-o com os insultos dos quais estava a ser alvo. Sarr acabou por ser expulso, a sua equia saiu do campo como forma de protesto. Já era esperado que a reação do guardião senegalês tivesse consequências e foram mesmo conhecidas esta quarta-feira.

Cheikh Sarr recebeu uma suspensão de dois jogos por «infração ligeira de conduta contrária à boa ordem desportiva». Além disso, o Rayo Majadahonda, por ter abandonado a partida, perdeu automaticamente por 3-0 e, por isso, três pontos serão descontados na classificação.

Depois da forte posição tomada pelo jornal MARCA em relação, não só a este caso, mais em mais casos de racismo em Espanha, Cheikh Sarr deu a sua primeira entrevista após a punição ao mesmo órgão.

«O clube ter perdido 3 pontos magoa-me muito. Sinto-me um pouco melhor depois de expressar o que estava no meu coração. Defender a minha dignidade vale mais do que tudo», afirmou o jogador. 

«Temos que punir mais os culpados para que, na próxima vez, não volte a acontecer. Se a pessoa for identificada e a pena for, do ponto de vista financeiro, grande, a pessoa vai pensar antes de fazê-lo. Se formos contundentes, o racismo pode acabar. Punição ao Sestao [clube adversário]? Se a sanção ao clube for dura, vai prejudicar a equipa e os adeptos, pelo que alguém que pense agir assim vai pensar antes. Temos que impor sanções muito pesadas aos racistas em todos os estádios do mundo», acrescentou.

Sobre a atuação do árbitro que resolveu expulsá-lo, Sarr afirmou: «Acho que primeiro temos de proteger o jogador que está em campo e perguntar o que aconteceu. Se eu lhe explicar o que aconteceu e ele me der um cartão, posso aceitá-lo, mas se ele me der um cartão sem perguntar, não posso. Não compreendi e foi por isso que fui ter com ele para lhe pedir uma explicação, mas não o fiz de forma agressiva. Reconheço que cometi um erro de educação porque estava irritado, por isso peço desculpa».

O jogador concluiu deixando um agradecimento a Vinícius Júnior, que deu visibilidade ao seu caso: «Eu ademiro muito o que ele faz. Ele tem mais poder do que nós e por isso estamos agradecidos. Estou muito orgulhoso dele e muito grato pelo apoio. Se todos agissem como ele, estaríamos mais perto de acabar com o racismo, mas ele não pode estar sozinho.»