Confrontou quem o insultava e acabou expulso: conta a história e agradece a Vinícius
Foi Vinícius Júnior quem, no fim de semana, chamou a atenção para três casos de racismo em estádios em Espanha: no Sevilha, contra Acuña e o treinador Quique Flores, e num jogo da primeira divisão, que corresponde ao terceiro escalão, que envolveu o guarda-redes Cheikh Sarr, do Rayo Majadahonda, no jogo frente ao Sestao, em que a equipa acabou mesmo por abandonar definitivamente o relvado, por decisão do capitão, depois de o atleta confrontar quem o insultava atrás da baliza.
Não aguentava mais, estava muito nervoso porque tinha ouvido os gritos. Estou no Ramadão... Queria perguntar-lhe por que me tratava assim, se tinha família e se poderia me entender
O jogador, que segunda-feira recebeu a visita da Guarda Civil no treino, contou à Cadena Cope e ao jornal El Mundo o que aconteceu.
«Na segunda parte, quando mudámos de campo, comecei a ouvir alguns gritos. Aos 50 minutos, começaram a fazer sons de macaco. Aos 82 minutos, depois de sofrer o segundo golo, fui buscar água para beber. Aí ouvi tudo: «Preto de merda, merda de negro». Antes disso, havia muitas outras pessoas a insultar, não só a mim, mas também aos [colegas] espanhóis. Então ouvi aquele homem, Não aguentava mais, estava muito nervoso porque tinha ouvido os gritos. Estou no Ramadão... Queria perguntar-lhe por que me tratava assim, se tinha família e se poderia me entender. Não tive nenhuma intenção de agredi-lo, por isso é que o agarrei pelo cachecol. Nunca agredi ninguém. Se for punido, será o primeiro castigo que já tive em minha vida», recordou.
In the Spanish third division..
— Real Madrid Info ³⁵ (@RMadridInfo) March 30, 2024
Senegalese Sheikh Sarr, GK of Rayo Majadahonda, clashes with a crowd due to racist chants directed at him.
The referee sent him off with a red card.
His team refused to complete the match.
pic.twitter.com/iVCPQNm85c
O jogador acabou expulso devido à sua reação e pode sofrer um castigo pesado, tendo deixado uma reação à atuação do árbitro: «Não pode ser que alguém que é insultado e sofre também seja punido. Não sei o que acontecerá com a decisão da Comissão de Competição, mas gostaria que refletissem sobre isso. Ninguém que é insultado pode ser punido por reagir. Eu insisto. Não foi violência. Além disso, o árbitro nem sequer veio me perguntar o que havia acontecido. Para ser sincero, achei que a primeira coisa que ele faria seria proteger-me, mas não. O que ele fez foi expulsar-me».
In the Spanish third division..
— Real Madrid Info ³⁵ (@RMadridInfo) March 30, 2024
Senegalese Sheikh Sarr, GK of Rayo Majadahonda, clashes with a crowd due to racist chants directed at him.
The referee sent him off with a red card.
His team refused to complete the match.
pic.twitter.com/iVCPQNm85c
Sarr agradeceu o apoio público de Vinícius: «Vou até à morte com ele, porque viveu isso. Estou muito orgulhoso dele. Agradeço por me apoiar e agradeci-lhe a publicação nas redes sociais. Se todos os jogadores negros fossem como o Vinicius, o racismo acabaria.»
Sanção pesada
O jogador senegalês poderá sofrer uma sanção pesada, dependendo do relatório do árbitro, citado pelo jornal Marca: «O jogador Cheikh Kane Sarr foi expulso depois de pular o perímetro do campo, abandonando o terreno de jogo pela linha final, para atacar de forma violenta um dos espectadores presentes, sem se poder determinar o que os espectadores naquela área disseram contra o jogador (...). Agarrou um dos espectadores de forma violenta, tendo de ser separado por companheiros e outros espectadores presentes.»
Sarr é então expulso pelo árbitro García Riesgo, que escreveu ainda que o jogador se encaminhou para si «com clara intenção de agredir, tendo de ser agarrado pelo companheiros. Pode sofrer um castigo de 4 a 8 jogos se suspensão e até a equipa pode perder pontos. O jogo foi interrompido aos 84 minutos com a saída da equipa de campo, sem que o árbitro tenha ativado o protocolo antiracismo.