Gigante de África à beira do colapso financeiro
Um dos clubes mais emblemáticos do futebol africano, o Zamalek, atravessa uma das crises mais graves da sua história. O emblema do Cairo, cinco vezes campeão continental e eterno rival do Al Ahly, encontra-se à beira da falência, com dívidas acumuladas, salários em atraso e penalizações da FIFA que ameaçam a continuidade do projeto desportivo.
Segundo fontes próximas da direção, o futebol do Zamalek necessita de cerca de 5,2 milhões de dólares (4,4 milhões de euros) para regularizar obrigações financeiras pendentes, entre salários em atraso, parcelas de transferências ainda por liquidar e multas impostas pela FIFA em resultado de litígios contratuais. A situação tornou-se insustentável nas últimas semanas, com jogadores e funcionários a denunciarem atrasos prolongados nos pagamentos e credores a exigirem liquidez imediata.
O colapso financeiro surge num contexto de forte pressão económica no Egito, com a desvalorização da libra egípcia a agravar os encargos em moeda estrangeira dos clubes que participam em competições continentais. No caso do Zamalek, as dificuldades foram amplificadas por má gestão administrativa e instabilidade diretiva, com sucessivas mudanças de presidência e disputas judiciais internas que fragilizaram a estrutura do clube.
O Zamalek enfrenta agora riscos concretos de sanções desportivas, incluindo novas interdições de inscrição de jogadores, caso não regularize as dívidas reconhecidas pela FIFA. Nos últimos anos, o clube já foi impedido de registar reforços em diversas janelas de mercado, consequência de incumprimentos com antigos atletas e técnicos estrangeiros.
O histórico campeão africano — vencedor da Liga dos Campeões da CAF em cinco ocasiões e detentor de mais de 30 títulos nacionais — vive assim um momento crítico, em que o peso da sua tradição contrasta com a precariedade financeira atual. A eventual intervenção de patrocinadores ou de entidades governamentais poderá ser determinante para evitar o colapso do White Knights, símbolo do futebol egípcio e um dos maiores clubes do continente africano.
Sem uma injeção de capital urgente ou um plano de reestruturação viável, o Zamalek corre o risco de entrar numa espiral irreversível de declínio, colocando em causa a sua competitividade interna e o prestígio internacional construído ao longo de mais de um século de história.