José Mourinho, treinador do Benfica - Foto Miguel Nunes

FC Porto-Benfica? Mais que um clássico

Muito em jogo no clássico deste domingo, 8.ª jornada do campeonato

Qualquer jogo entre Benfica, FC Porto e Sporting é muito mais que um jogo. Mexe com os adeptos de forma especial, são oportunidades para olhos nos olhos, em duelo, as equipas provarem qual é melhor. Sem contar com o pormenorzito de no campeonato português o campeonato dos grandes ter sempre um peso significativo na decisão do campeão.

Depois, de entre estes desafios, há ainda dérbis que são mais que dérbis e clássicos que representam mais que clássicos.

É neste contexto que podemos enquadrar o FC Porto-Benfica deste domingo. Para o FC Porto do treinador Francesco Farioli será a oportunidade de confirmar a personalidade que a equipa dele tem exibido nos relvados. Derrotar o rival significará aumentar a vantagem de pontos no campeonato, mas igualmente uma prova de força, importante quando nos últimos anos a força lhe tem escapado — o FC Porto perdeu cinco e venceu dois dos últimos sete jogos contra o Benfica.

O momento dos dragões permite confiança e otimismo, mas quem é português, e acompanha o nosso futebol, sabe bem que, nestes jogos, nem sempre é prudente lançar para cima da mesa da discussão quem está melhor ou pior e, nesse sentido, mais habilitado a vencer. Mas há uma realidade mais diferente para este duelo, e que torna este clássico mais que um clássico, especialmente para o Benfica.

A equipa encarnada está mais pressionada a conseguir um bom resultado. Muito mais pressionada, diria. Pressionada pelo pouco tempo de treino que teve para preparar esta época; pressionada para dar uma resposta positiva a maus resultados e exibições; pressionada a ser melhor porque agora é treinada por um dos melhores treinadores do mundo; pressionada (por muito que esse tema fique à porta do balneário, haverá sempre uma janela) pelo momento eleitoral no clube, que está em ebulição e, naturalmente, intranquiliza os benfiquistas e torna o apoio nas bancadas mais nervoso e imprevisível.

Um mau resultado, uma má exibição, comprometerá mais os objetivos da época e reduzirá muito a paciência dos adeptos, podendo ter também peso (talvez decisivo, embora não devesse, porque parecerá sempre redutor) nas eleições para os Órgãos Sociais do clube, marcadas para 25 de outubro.

Nestes jogos, por vezes as dificuldades transformam-se em força suplementar e prognósticos, análises e apostas ficam reduzidos ao que são, e apenas isso

Nestes jogos, por vezes as dificuldades transformam-se em força suplementar e prognósticos, análises e apostas ficam reduzidos ao que são, e apenas isso. Independentemente do que está em jogo, sobretudo para o Benfica, as conferências de imprensa de antevisão de Mourinho e Farioli retiraram carga dramática ao confronto e antecipam (esperemos que não seja prognóstico errado) uma competitividade leal no relvado, num estádio que volta a receber Mourinho, agora como adversário.

Aliás, esta está a ser uma temporada que realmente coloca à prova os nervos do treinador — regressou ao futebol português, ao Benfica, voltou a jogar em Londres e em Stamford Bridge com o Chelsea, volta, agora, a pisar o relvado do Dragão. Mas ainda há dúvidas de que vamos assistir a mais que um clássico?