Eriksen recorda palavras duras de Amorim: «Não ajudou em nada»
Christian Eriksen não tem as melhores recordações do período em que trabalhou com Ruben Amorim no Manchester United, na época passada. O médio dinamarquês foi suplente não utilizado em 19 partidas e jogou noutras 21 sob o comando do português, mas não se esquece das declarações polémicas de Amorim, a 19 de janeiro deste ano.
«Estamos a ser, provavelmente, a pior equipa da história do Manchester United. Eu sei que querem manchetes, mas digo isto porque temos de ter esta noção para mudar», disse na altura Amorim. Uma mensagem que, para Eriksen, não teve o efeito desejável na equipa.
«Isso não ajudou em nada. Quero dizer, isso não foi... Não acho que tenha ajudado os jogadores de forma alguma. Algumas coisas podem ser ditas internamente, mas não é muito inteligente dizê-las externamente, para colocar pressão extra e rotular ainda mais os jogadores que já estavam a dar o seu melhor», apontou numa entrevista ao The Times, publicada este sábado.
«Acho que isso não ajudou em nada, não. Se ele está certo ou errado, não importa, mas acho que para nós foi um pouco como: 'Ah, lá vamos nós outra vez. Outra manchete'», acrescenta.
O United terminou a última temporada no 15.º lugar da Premier League e a perder a final da Europa League para o Tottenham, o clube onde Eriksen mais se destacou, num jogo em que o dinamarquês não saiu do banco. Quando questionado para avaliar Amorim enquanto treinador, o dinamarquês destacou a honestidade do técnico.
«Ele chegou com as suas ideias. Ele tentou mudar as coisas, como ainda se vê, tentou fazer as coisas à sua maneira. Certos jogadores em certas posições, para um certo estilo de jogo, é assim que ele vê o sucesso. Ele teve de mudar muito porque os jogadores não estavam habituados a esse sistema. Além disso, historicamente, o United sempre gostou de um sistema diferente. E sim, ele tem sido muito honesto e também foi honesto comigo desde o início. Muito, muito, muito honesto», apontou.
«Faltam 10 anos para mudar as baterias»
Erikse colapsou durante um jogo da Dinamarca no Euro 2020 (disputado em 2021) e, como recorda, esteve «morto durante cinco minutos» devido a um ataque cardíaco, antes de ser reanimado. Hoje, joga com um desfibrilador implantado e ligado ao seu coração, que necessita de novas baterias a cada 15 anos.
«Tenho de trocá-las a cada 15 anos, acho. Então, sim, faltam quase dez anos», diz. «Eles verificam no hospital num computador, depois vês quanto tempo falta para trocar a bateria e voltas lá. Tenho de ter isso e quero ter.»
De forma bastante natural, o jogador, hoje peça habitual no Wolfsburgo, revela que mal se lembra do aparelho que tem instalado junto ao coração: «Sinceramente, não penso nisso. No jogo ou no treino, não sei porquê, mas simplesmente não penso mais nisso. Não há nada de negativo nisso. É apenas parte de mim.»
O jogador de 33 anos, que soma 13 encontros pela equipa alemã esta época, continua a ser presença regular nas convocatórias da seleção da Dinamarca.