Declarações do treinador do Sporting na antevisão ao encontro com o Estoril

Dúvida na baliza, a fome de ganhar e o agradecimento de Gyokeres: tudo o que disse Rui Borges

No lançamento do jogo com o Estoril, treinador leonino não escondeu cautelas diante de um adversário em crescendo, elogiou Pote e Trincão, falou sobre o sorteio da Taça de Portugal e ainda comentou as palavras de reconhecimento ao Sporting do avançado sueco

—  O Estoril não está a ter início de época como no ano passado, mas é uma equipa que sempre criou dificuldades ao Sporting. O que é que se pode esperar deste jogo num estádio em que nos últimos anos o Sporting tem conseguido bons resultados?

— É uma equipa que fez uma boa época, que gosta de ter bola, que proporciona um jogo ofensivo, que gosta de impor. Jogando em casa, torna-se uma equipa ainda mais forte e perigosa, com bons jogadores, que fazem a diferença. É uma equipa que não tem conseguido traduzir as oportunidades que tem criado nos jogos, que até tem criado bastantes oportunidades, por infelicidade e mérito do adversário, não tem conseguido finalizar da melhor forma, mas é uma equipa que cria muito. É das equipas com mais posse de bola, o que demonstra o seu coletivo e ideia do treinador, valorizando o jogo. Não podemos deixar que ganham confiança e se tornem preponderantes no jogo. É um jogo difícil. Esperemos que o tempo ajude. É um campo que, se estiver vento, complica muito a qualidade jogo. Se não estiver, acredito que será um grande jogo.

Pode fazer um ponto de situação em relação aos lesionados?

Rui Silva, Diomande e Geny Catamo estão aptos. O Diomande ainda não vai para jogo, o Rui e o Geny sim. Já estão na convocatória, são dois jogadores que vieram lesionados da pausa para seleções. Felizmente, já podemos contar com eles, e com o Diomande também. Está num processo de integração, mas ainda não vai para este jogo.

 Dadas as exibições que o Sporting tem efetuado sente que a equipa ainda pode dar muito mais do que tem dado ou já está satisfeito com o rendimento que tem a esta altura?

— Estou muito satisfeito com a resposta que a equipa tem dado ao longo dos jogos. Agora, é lógico que há sempre margem para melhorar, seja no processo ofensivo, no defensivo, nos esquemas táticos... Temos muito para melhorar, é não baixar o que temos conseguido e tornarmo-nos ainda melhores, sem demonstrar satisfação pelo que vamos conseguindo, ao longo do tempo. Temos de ir sempre à procura de mais e melhor, e o espírito desta equipa é muito isso. É crescer sempre mais e melhor para conseguir sermos melhores.

Já disse que Diomande está fora do jogo com o Estoril. E para Nápoles?

— Sim, já estará disponível, se nada acontecer em contrário.

Tendo em conta que há uma proximidade grande entre os jogos, algumas das escolhas que vai fazer para o jogo com o Estoril está condicionada já a pensar no encontro com o Nápoles?

— Não... Estou apenas a pensar no Estoril. Quero muito ganhar o jogo. Sei que vai ser difícil, contra um adversário difícil, que já nos tem causado muitas dificuldades, ao longo dos anos. Estou cem por cento focado no Estoril. Mais à frente, pensaremos no Nápoles e no Sporting de Braga. Não penso a longo prazo, mas sim apenas no Estoril.

Em relação a dois dossiês prioritários, como estão as renovações de Pedro Gonçalves e Trincão? Acha que podem ser os dois jogadores-chave desta temporada?

— A renovação não sei, ultrapassa-me, não me meto nisso. Tanto eu, como a estrutura e os adeptos queremos isso, são jogadores muito importantes, não só esta época, como nas últimas de conquista do Sporting. Gostava muito de ser treinador do Sporting e eles jogadores do Sporting. Agora, em que circunstâncias está isso, não sei. Sei é que, diariamente, estão felizes, demonstram isso em jogo. Essa alegria de jogar no Sporting, essa paixão de jogar pelo Sporting, têm demonstrado muito bem e têm sido explícitos. O rendimento de cada um dentro do coletivo, por isso, não tenho dúvidas de que estão a fazer um grande início de épocas, mas é fruto, não só deles, como também do coletivo. Temos feito belíssimos jogos. É continuar a crescer, à procura de mais e melhor, para que tenham ainda mais preponderância, tal como Luis [Suárez], Fotis [Ioannidis], Alisson [Santos]... Acima de tudo, queremos ajudá-los a ser ainda melhores.

Vem aí um ciclo complicado em relação a jogos. Sente que o Sporting terá, digamos, arcaboiço, para conseguir lidar com todas as frentes? E como vê a concorrência mais próxima, também eles em várias frentes?

— Preocupa-me apenas e só o Sporting e aquilo que seremos capazes ao longo do tempo nestas semanas mais intensas com jogos de três em três dias. Acima de tudo, deixa-me confiante e confortável olhar para a equipa e todos têm dado uma resposta fantástica. Mesmo com algumas trocas, contra o Kairat, a equipa manteve a qualidade de jogo, por isso, estou completamente tranquilo e confiante no que seremos capazes de apresentar, contra bons adversários. Sinto o plantel ligado. Sabem que, a qualquer momento, podem ser solução e ter a oportunidade que esperam.

Rui Silva é o habitual número 1, mas João Virgínia tem estado muito bem nos últimos jogos. Que sinais é que Rui Silva lhe tem dado nos treinos, está integrado há muito pouco tempo, depois de um problema na mão, uma zona sensível. Será ele o titular na Amoreira?

— Estou muito confortável com qualquer um. Acho que o Rui... não preciso falar muito, foi importante nas nossas conquistas, na época passada. Teve um início bom, mas, infelizmente, veio tocado da paragem das seleções. Teve uma paragem, ainda que algo curta. Espero que se sinta o mais confortável possível para, dentro disso, tomar decisões. O Virgínia deu uma grande resposta, que já esperávamos, por isso estou feliz por ter os dois no plantel. Logo se verá quem defende.

Como avalia o crescimento de Kochorashvili na equipa? Foi titular nos últimos quatro jogos, mas não cumpriu os 90 minutos.  

— Está numa adaptação. Naquilo que é o rendimento e o que foi capaz de dar à equipa, dentro das qualidades que tem, estou feliz. Esperamos e queremos muito mais dele, e ele quer dar muito mais. Agora, está numa adaptação, tal como o Vagiannidis e o Ioannidis, que têm estado muito bem. Estão a encaixar numa equipa com dinâmicas muito próprias, com muitos jogadores de épocas transatas, e eles estão num conhecimento natural. Aos poucos, têm crescido. Estou feliz, por isso é que jogam. Ele tem sido importante, no tempo em que está em campo, mas tem muita margem para melhorar, porque sabemos de tudo aquilo que é capaz.

O Sporting teve uma semana de trabalho limpa, diferente do que vai acontecer daqui para a frente, o que é que conseguiu trabalhar e se isso trará vantagem para o jogo da manhã?

— Às vezes essas semanas são enganadoras [risos]. Também temos de descansar a malta. Dá sempre para treinar algo. Na época passada eu dizia que era um desafio ter semanas com muitos jogos e pouco tempo de treino. Felizmente, estou num grande clube, a estrutura é fantástica, ajudamo-nos muito. A minha adaptação tem sido muito boa. Dá sempre, com mais ou menos dia, irmos buscar alguma coisa para trabalharmos de formas diferentes, porque a equipa está ciente dos comportamentos, e, às vezes são pequenas coisas que podem fazer a diferença. Há sempre tempo para treinar algo, dentro deste meu crescimento enquanto treinador.

Pode fazer um comentário ao sorteio da Taça de Portugal? O Sporting vai ao Norte, mas para defrontar o Paços de Ferreira não o 'seu' Mirandela como desejava.

[Risos] É um jogo perante uma boa equipa, que está na Liga 2, é certo, mas ensinou-nos que são muito competitivos. Infelizmente, neste momento, está na Liga 2, mas está habituada a andar na Liga. Será um jogo difícil numa competição onde queremos defender o nosso título. Num clube como este, só poderíamos pensar em vencê-la, mas, para isso, temos de ultrapassar bons obstáculos, e começa já em Paços de Ferreira.

Gyokeres recebeu o prémio de maior goleador da Europa e agradeceu aos companheiros do Sporting. Sente que também teve mérito nisso?

— Há sempre mérito de todos, meu também. Acima de tudo, fico feliz por ter vencido, porque foi merecido, por tudo aquilo que foi capaz de nos dar ao longo destes dois anos. Estou feliz, e, muito honestamente, não esperava outra coisa do Viktor nos agradecimentos, porque tenho-o, não só como um jogador extraordinário, mas também como uma pessoa bastante equilibrada e sensata. À parte do que acontece nos mercados, que mexe com toda a gente, é uma pessoa muito equilibrada, humilde e amiga. Não esperava outra coisa a não ser que agradecesse aos colegas e à estrutura do Sporting, porque esse agradecimento era mais do que merecido.