Rui Borges, treinador do Sporting — Rogério Ferreira/KAPTA+

De Quenda a Ioannidis, passando pelo «grupo de amigos»: tudo o que disse Rui Borges

As palavras do treinador do Sporting na conferência de Imprensa que se seguiu ao triunfo leonino em casa do Famalicão (2-1)

O Sporting regressou ao trilho dos triunfos com uma vitória em Famalicão, por 2-1 e, depois de até ter entrado a perder, Rui Borges destacou a «atitude competitiva» dos leões perante um «grande adversário». Exibições de Vagiannidis e Quenda também foram analisadas pelo técnico do bicampeão nacional, assim como a estreia de Ioannidis.

Que análise faz a este jogo e à vitória?

—Fomos muito competente e intensos, sabíamos que tínhamos de ser fortes nos duelos, contra uma equipa que recorre muito às faltas, que é agressiva. É uma equipa comprometida, bem organizada, num campo difícil, com um relvado que, sinceramente, não me pareceu assim muito bom. A bola saltava muito, perdemos muitas bolas nesses momentos. Numa bola parada, num ressalto, eles acabam por fazer o 1-0. A equipa deu sempre resposta, o Famalicão entrou em transições, mas tentámos corrigir uma ou outra situação em que o Famalicão estava a conseguir ligar. Na segunda parte melhorámos bastante. Fomos muito competentes nos duelos. O Zeno [Debast] o Vagiannidis e o Inácio foram muito fortes nesse sentido. Fomos à procura da vitória após o empate e acabámos por fazer o 2-1 antes de mexermos na equipa. Fomos mais esclarecidos na segunda parte e a atitude competitiva da equipa foi enorme. Vêm motivados por tudo o que fazem nas seleções e identificados com a nossa ideia de jogo. Era só perceber o impacto do cansaço. Com maior ou menor cansaço, têm de estar dentro do jogo. Falhar faz parte, reagir faz a diferença. Foi uma grande vitória num campo muito difícil.

O que achou da estreia de Fotis Ioannidis?

—Entrou muito bem na parte defensiva, muito comprometido. Veio defender à nossa área num lance, dá ligação no jogo interior. Na zona dele, esteve muito bem a ajudar a equipa e a segurar, a deixar a equipa respirar e subir no terreno. Jogo mais partido na reta final, mas controlámos bem.

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Colocou Eduardo Quaresma porque queria fechar com três centrais?

—O Famalicão meteu dois avançados, duas referências. Obrigou-nos a equilibrar. Passámos o jogo todo no homem a homem. Foi apenas e só para nos salvaguardarmos, também pelo amarelo do Inácio, que podia condicionar. O Edu [Quaresma] é forte nos duelos, principalmente no jogo de frente. Defendemos essas bolas mais longas. Não que o Famalicão estivesse a causar perigo, foi mais no sentido de fechar e precaver essas bolas longas e para não expor tanto o Vagiannidis nos duelos. Ganhámos um homem em zona central mais forte nos duelos. Não fugiu do que queríamos.

Foi uma jornada difícil para os três grandes... Que impacto têm as paragens de seleções?

—A dificuldade foi o adversário. Não tinha sofrido golos esta época e, em 2025, ainda não tinha perdido em casa. Não sei se também não foi segunda melhor defesa em casa na última época... Isso mostra bem o que foi o nosso adversário, mais do que as dificuldades do período de seleções. Os jogadores sabem que o compromisso vai ganhar jogos e isso fez a diferença hoje. Expusemo-nos um pouco, mas nunca perdemos o raciocínio. Rivais? Não quero saber dos outros, quero saber de mim e da minha equipa. Uma grande vitória contra um grande adversário, num estádio e com adeptos que fazem a diferença.

Que análise faz à exibição de Quenda?

—O Quenda fez um bom jogo, dentro do que pedimos e no que é o compromisso. Tem dado uma resposta fantástica. Nos primeiros jogos estava o Geny e fomos mantendo essa base na fase inicial do campeonato. O que o miúdo tem feito e a resposta que tem dado até a mim tem surpreendido. Na época passada caiu um pouco na fase final e eu estava ansioso para ver a resposta dele. Vai fazer uma grande época, não tenho dúvidas. O Simões entrou 10 minutos e foi espetacular, tem 18 anos. O Fotis entrou muito bem, deu coisas diferentes, percebe os colegas… Importante é eles conhecerem-se no dia a dia. Tenho a sorte de liderar um grande grupo de jogadores, uma grande equipa e um grande grupo de amigos.

O que muda taticamente com Vagiannidis e Quenda no onze?

—Em termos táticos não muda nada. Eles estão bem identificados. O Vagiannidis deu uma grande resposta. Vinha de dois jogos de 90 minutos na seleção. Deu grande resposta, começa a perceber as dinâmicas da equipa, queríamos que crescesse com calma. Sabemos o jogador que temos, estava identificado há muito tempo por nós. Em termos táticos, não muda nada. Em termos de qualidade individual, acrescentam coisas diferentes. Isso não tem a ver com ideia de jogo, que é a mesma e eles sabem qual é. O Quenda não é tão vertical como o Geny, procura mais jogo interior, rasga por dentro… É essa variabilidade que nos ajuda. Disse sempre que eles iam jogar, que vinham aí mais jogos. Eles estão todos ligados e isso deixa-me feliz.

O que o miúdo [Quenda] tem feito até a mim me tem surpreendido

O que achou da estreia de João Virgínia na baliza?

—Esteve muito bem, passou tranquilidade à equipa. Estou muito feliz pela estreia dele. Trabalha imenso, tem uma personalidade fantástica no grupo e ligação ao Sporting.

O Sporting voltou a entrar a perder. Há alguma apatia na fase inicial dos jogos?

—Não sinto apatia. Neste jogo houve um ressalto, mas podíamos ter marcado antes... Importa-me frisar a atitude competitiva da equipa. Mesmo vindo das seleções, os jogadores deram uma resposta fantástica e mantiveram o equilíbrio emocional. Ficamos chateados com a perda da bola, mas a malta fica sempre coesa e isso é fundamental para dar a volta ao resultado.