Costa a Costa, o Algarve foi de Rui: «Isto não é vender hambúrgueres e salsichas»
No Algarve, Rui Costa não deu hipótese à concorrência e venceu nas cinco secções de voto instaladas na região: Lagos, Albufeira, Quarteira/Loulé, Faro e Vila Real de Santo António. Foi da costa ocidental à costa sul. No total, o atual presidente dos encarnados obteve 28161 votos, provenientes de 1230 votantes, com os restantes cinco candidatos, todos juntos, a recolherem 26183 votos, dados por 1416 associados. E por secções, só em Faro é que Rui Costa não teve mais votos do que a soma de todos os outros candidatos: 6723 contra 7183.
Para percebermos esta escolha dos algarvios falámos com Carlos Gonçalves, um conhecido benfiquista da região e que votou em Rui Costa. «Não tenho problema em apontar o meu candidato. Isto não é vender hambúrgueres e salsichas. Pode-se ser um bom gestor, mas as empresas não são a mesma coisa que o futebol e nenhuma daquelas pessoas esteve ligada a isto. Podem pensar que é uma coisa e depois sai outra. Porque hambúrgueres e salsichas vende-se para onde se quer ,um jogador não se vende para onde queremos, ele tem de querer ir. Há um pouco de teoria por parte do Noronha (Lopes), mas na prática parece-me que essa teoria dele será um pouco desequilibrada», disse, justificando a escolha em Rui Costa: «Os sócios mais antigos que têm mais votos, como eu que tenho 50, são os que têm mais sensibilidade pelo clube e sentem que é quem tem mais condições para conduzir o Benfica ao lugar certo, pela experiência e os anos que tem de futebol. Se ele não percebe nada daquilo, quem é que vai perceber?»
«Ainda havia algumas dúvidas na primeira votação, mas agora vai vencer com muita diferença», continuou Carlos Gonçalves, um dos 336 associados que votou nas novas instalações da Casa do Benfica de Vila Real de Santo António. «Correu de forma tranquila, foi muito bem organizado», elogiou.
Durante a campanha, o sotavento algarvio ficou fora da agenda dos dois grandes candidatos. João Noronha Lopes foi a Quarteira e Rui Costa a Albufeira. O único que passou pelas casas de Tavira e de Vila Real de Santo António, foi João Diogo Manteigas, mas de uma forma discreta em sessões de esclarecimento. «Esse facto não teve nenhuma influência e o facto de tanto o Rui costa como o Noronha Lopes não terem estado no sotavento, não foi de propósito nem nos sentimos marginalizados. Foi por uma questão de agenda deles, que não deu», referiu ainda Carlos Gonçalves, apontando à similitude da votação em todas as secções de voto no Algarve.
A exceção foi em Albufeira… mas entre Noronha Lopes e Luís Filipe Vieira em que houve equilíbrio, com ambos a terem 157 votantes e separados por sete votos: Noronha Lopes teve 3172 e o antigo presidente do Benfica 3165. «Em algumas regiões, o Luís Filipe Vieira ainda tem algum peso e será o caso. E o facto de terem concorrido seis candidatos também acabou por trazer alguma confusão entre os indecisos», indicou.
Para Carlos Gonçalves, sócio n.º 2 e fundador da Casa do Benfica de Tavira, em que já foi presidente da Direção, do Conselho Fiscal e da Assembleia Geral, e de onde «saiu o Joãozinho (João Neves)», Rui Costa vai triunfar «ainda com uma margem maior» na 2.ª volta. Nem o apoio público de João Diogo Manteigas irá travar o atual presidente: «Não vai ter qualquer influência. Ele diz que vai votar no Noronha (Lopes), mas também diz que não é uma solução, então também está contra ele. Penso que ninguém vai atrás de um disparate desses.»