Com tanto talento até parece que basta não estragar (crónica)

Diz-se no futebolês que é mais fácil trabalhar sobre vitórias. E Portugal tinha goleado o Azerbaijão há dias, na estreia de Luís Freire como selecionador de sub-21. E a afirmação não está errada. Mas o que torna mesmo, mas mesmo mais fácil o trabalho de um treinador é ter talento à disposição. E fazer com que esse talento sobressaia em campo. Foi assim que se venceu a Escócia por 2-0.

E quando se olha para esta equipa de Portugal, vê-se tanto talento! Vê-se Mateus Fernandes que conhece tudo sobre o jogo. Vê-se Geovany Quenda que faz o que quer da bola. Há Rodrigo Mora que é um fenómeno daqueles que aparece muito raramente. E ainda há Roger Fernandes cuja qualidade salta à vista de tal maneira que vai agora mudar-se para Arábia Saudita numa transferência milionária.

Frente à Escócia, na 2.ª jornada da qualificação para o Europeu de sub-21, Portugal não fez uma exibição brilhante, tendo em conta tanto talento. Mas soube aproveitar-se dele da melhor forma para não deixar que a Escócia sonhasse sequer em roubar pontos. Mesmo tendo jogado os últimos 20 minutos em vantagem numérica, fruto da expulsão de Mateus Fernandes.

Só que nessa altura, o conjunto luso já vencia por 2-0. E depois, esta é uma equipa que também já tem uma experiência considerável ao mais alto nível. Por isso, soube fechar o jogo, controlar com bola e sair sem sobressaltos de Motherwell com mais três pontos somados, dois golos marcados e zero sofridos.

Mas tudo começou no talento. Frente a um adversário muito fechado, que defendia com 10 homens atrás da bola e apenas o avançado um pouco mais à frente para tentar explorar o contra-ataque, Geovany Quenda conseguiu encontrar um espaço que parecia tão grande que deu para o baixinho Rodrigo Mora inaugurar o marcador, aos 20’, com um cabeceamento entre os centrais escoceses. 168 centímetros de muita qualidade, também a perceber onde ia a bola perfeita cair para a empurrar para a baliza e quebrar a resistência do adversário.

Se o primeiro golo foi de talento puro, o segundo foi do talento colocado ao serviço do coletivo. Aos 55’. Quenda recuperou uma bola em posição subida, com o calcanhar, esta chegou ao avançado Gustavo Varela que lançou imediatamente Rodrigo Mora na profundidade. O médio criativo podia ter rematado à baliza porque estava em excelente posição, mas percebeu pelo canto do olho que Roger Fernandes ia surgir em melhor posição, e pressionado por dois adversários tocou para o lado para o extremo apontar o segundo golo português.

Tudo simples e bem feito. Como, aliás, foram as duas primeiras jornadas desta caminhada de Portugal rumo ao Europeu que se vai realizar na Albânia e na Sérvia, em 2027. Dois jogos, duas vitórias, sete golos marcados e nenhum sofrido. É, realmente, muito fácil trabalhar assim.