Apuramento para a final da Libertadores após vitória por 4-0 sobre a LDU Quito

Choro, emoção e recados na mão: a noite mágica de Abel no Palmeiras

Verdão conseguiu uma 'remontada' épica e está na final da Libertadores

Um jogo para nunca mais esquecer. O Palmeiras, de Abel Ferreira, conseguiu uma remontada épica e está na final da Libertadores. Depois de uma derrota no Equador, por 0-3, o verdão virou a eliminatória com a LDU Quito no Allianz Parque, vencendo por 4-0. 

O treinador português, que tinha avisado que 90 minutos no Allianz Parque era muito tempo, não escondeu a emoção e desabou em lágrimas ajoelhado no relvado. O técnico levou as mãos à cara e apagou com suor e lágrimas as palavras que tinha escrito, com uma caneta azul, na mão. 

«Estava escrito ‘emoção’, era controlar a emoção. E aqui era para o Flaco, eu queria dizer: ‘Flaco, tens que estar mais perto do Roque’», contou Abel Ferreira, no canto da sala de imprensa, mostrando o que restava das palavras escritas na mão. 

Abel Ferreira começou a criar o plano de reviravolta muitos dias antes da partida. Com um bloco de notas para escrever o que lhe passava pela cabeça, o treinador luso escreveu três possibilidades, partilhando as suas ideias com a equipa técnica. 

«Não podemos jogar da mesma maneira. Temos de surpreender, eles estão à espera que joguemos desta maneira. O que acham disso? É possível. Desta forma, conseguimos combater um 5-3-2, é possível eliminarmos aquela linha de cinco, os três médios no meio. Temos de passar esta mensagem aos jogadores. Temos de acreditar», referiu Abel Ferreira, que confessou, junto da esposa, sentir-se «nervoso», mas «confiante» de que o Palmeiras estava preparado. 

«Vai ser uma noite de sofrimento», comentou Ana, prevendo aquilo que iria acontecer. Abel Ferreira ganhou o Prémio Bandeirante 2025 na categoria desporto, mas não marcou presença para receber a distinção, uma vez que pretendia estar «tranquilo, calmo e fresco» para a receção à LDU Quito.  

«Porque eu sou o treinador, mas quem treina o treinador? Eu passo energia aos meus jogadores, quem me passa energia?», questionou. 

Antes da partida, Abel Ferreira avisou que 90 minutos no Allianz Parque era muito tempo. Durante o encontro, poucas vezes esteve sentado. Apenas para falar com a equipa técnica. Caminhava pela área técnica, com os braços cruzados e olhava para o resultado. Reclamava com os árbitros por alegadas faltas não assinaladas e gesticulava com os jogadores. Sempre que o Palmeiras marcava, Abel Ferreira mantinha-se contido, levando o dedo à cabeça na beira do campo.  

«Acho que foi dos jogos que menos emotivo estive. Não podia passar essa emoção para os nossos jogadores», explicou. Depois do apito final, desabou. 

«Acho que estava com uma bola dentro, tudo pressionado aqui», desabafou, apontado para o peito. Abel Ferreira, refira-se, foi abraçado por elementos da equipa técnica e por jogadores, tendo caminhado até à bandeirola de canto para fazer um gesto de um coração na direção da esposa, que estava no camarote. 

«Ainda não consigo desfrutar das vitórias. Penso que todos os dias tenho de provar que mereço estar onde estou. É um sentimento de alívio. Queria abraçar a minha filha que não está agora comigo, está em Portugal. Família para mim é a base de tudo. Eu chorei e estou a chorar agora, não gosto de mostrar a minha parte fraca. Mas é isso mesmo, um alívio. É isso que tenho para vos dizer: é um alívio», atirou, tentando conter as lágrimas. 

A final da Libertadores é a 29 de novembro, com o Flamengo, em Lima, no Peru.