Cancelo superlativo na noite do central a menos (as notas de Portugal)
5 Diogo Costa — Se fosse inverno teria passado muito frio, dado o tempo todo em que teve a bola longe, e mais gelado ainda teria ficado com os dois golpes de cabeça de Varga, em relação aos quais nada podia fazer. Jogo muito ingrato para um guarda-redes de elite. Ele está habituado a ver jogar, mas desta vez foi de mais.
4 Rúben Neves — Foi defesa-central, mas não é defesa-central. Durante 89 minutos mais descontos não precisou de ser e muito contribuiu para o fluxo ofensivo português. Quando precisou... notou-se a diferença. Obviamente ninguém garante que a Hungria não teria marcado o segundo golo se António Silva tem entrado um bocadinho antes, mas a verdade é que Varga passou à frente de Rúben enquanto a bola vinha no ar com uma facilidade diferente da que sucederia frente a um central experiente e rotinado.
5 Rúben Dias — Foi o defesa de serviço e assumiu o papel de patrão com naturalidade. O trabalho foi pouco e Rúben mostrou-se regular no despacho. Na hora dos golos húngaros estava sempre na primeira linha, onde pouco mais teria podido fazer. Talvez preferisse ter tido um homólogo ao lado, em vez de dois empréstimos posicionais.
6 Nuno Mendes — É um rapaz que dificilmente consegue jogar mal. Foi muito mais ala e extremo esquerdo que defesa, o que também não era preciso dado o pendor do jogo. Não pode exigir-se que o seja e depois consiga estar atrás quando a Hungria dispara. O segundo golo é pelo lado dele, mas não dava mesmo para tudo. Teve uma ou outra arrancada à Nuno Mendes e manteve a linha defensiva húngara quase sempre a cinco, tamanha a vontade de atacar que foi mostrando.
6 João Neves — Aí está outro que não deve saber jogar mal. Não é o mais alto, o mais pesado, o mais forte, mas está em quase todas na hora da luta e em todas as que envolvem talento e perspicácia. Bem que devia irritar os colegas da escola no recreio, com um ar inocente a esconder tanta garra. Em dois minutos consecutivos (31 e 32) esteve perto de marcar e de assistir Cristiano.
5 Vitinha — Pois cá está o companheiro de infortúnio de Rúben Neves. Foi o médio que fez de líbero na saída de bola, pautando o jogo português desde lá de trás e galgando aqueles metros todos, jogada após jogada, até à primeira barreira húngara. Acontece que as transições de vez em quando aparecem e no primeiro golo adversário viu-se metido a central... frente a um avançado muito bom. Perdeu o lance e a Hungria marcou.
5 Bruno Fernandes — Não está a sair-lhe tudo exatamente como gostava e como se habituou. E nos habituou a todos. Mantém o perfil de liderança e continua a ser um farol ofensivo, mas aqui e ali teve bolas que costuma resolver de forma mais eficaz, nomeadamente no último terço. A substituição aos 66 minutos pareceu quase natural.
6 Bernardo Silva — Também não vive os dias mais exuberantes e andou meio escondido do jogo até aparecer para um momento importantíssimo, o do empate, com receção e remate — esses sim — à Bernardo, numa altura em que era fundamental não ir para intervalo em desvantagem. Após a saída de Bruno e a entrada de Trincão posicionou-se mais no meio, passando a intervir com maior frequência no jogo coletivo.
6 Cristiano Ronaldo — Paradoxalmente, num jogo de sentido único e posse de bola avassaladora, o ponta de lança português poucas vezes foi servido a preceito. Lutou como sabe e não precisa de grandes correrias para manter em respeito toda uma defesa. Pouco depois da meia hora quase marcava (grande defesa de Tóth) e aos 57 minutos rematou para mão de Négo e respetivo penálti, que depois concretizou com a frieza de um finalizador quase inimitável. Bem que o guarda-redes aguentou antes de cair, mas a colocação do remate não lhe deu hipóteses.
7 Pedro Neto — Muita assertividade pela esquerda. Soube entender-se com Nuno Mendes, dando-lhe espaço quando o lateral/ala vinha por ali abaixo ou apoiando-o para tabelinhas em jogadas mais adornadas. Ganha o seu espaço nas escolhas de Martínez e percebe-se porquê: grande intensidade competitiva, concentração, acutilância e objetividade, tudo sem exuberâncias, ingredientes que ajudam a criar um perigo discreto para as defesas contrárias.
5 Francisco Trincão — Entrou na fase mais estranha do jogo e não desequilibrou como provavelmente Martínez esperaria. Cumpriu taticamente, sem se destacar no que melhor sabe fazer.
6 João Palhinha — Foi refresco para o meio-campo português. É verdade que a equipa sofreu o empate com ele em campo, mas depois também o venceu, e Palhinha foi importante, até pela agressividade que foi preciso impor na reta final.
5 João Félix — Pouco tempo para brilharetes, mas ainda assim ia marcando já em período de compensação. Está motivado, nota-se.
- Gonçalo Ramos — Entrou na fase de retenção e garantia de vitória, posicionou-se onde tinha de posicionar-se e mal tocou na bola.
- António Silva — O mesmo que Gonçalo Ramos, mas lá atrás, e por isso tocou mais vezes na bola.