Campeão mundial de xadrez condenado a pena de prisão à revelia pela Rússia

Um tribunal da Federação Russa condenou, esta terça-feira, o pluricampeão mundial de xadrez Gary Kasparov a pena de prisão à revelia por considerá-lo culpado de justificar atos terroristas através das suas críticas à guerra contra a Ucrânia.

Citado pela agência de notícias russa TASS, o juiz declarou: «O tribunal emitiu uma providência cautelar contra Kasparov, ordenando a sua prisão à revelia, por dois meses, a partir do momento da sua prisão, na Rússia, ou da sua extradição para território russo.»

Kasparov, de 62 anos, estava acusado de «justificar publicamente o terrorismo em redes de telecomunicações, incluindo a internet», delito cuja pena prevista, na Rússia, pode ir de prisão efetiva de entre cinco a sete anos. O ex-jogador de xadrez, que se retirou em 2005, vive no estrangeiro há mais de uma década, mas foi incluído na lista de agentes estrangeiros da Rússia em maio de 2022.

Em outubro deste ano, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) abriu um processo criminal contra o magnata Mikhail Khodorkovsky e outras figuras proeminentes da oposição a Vladimir Putin, todos no exílio e fundadores do Comité Antiguerra da Rússia (ARC), incluindo Kasparov, por «organizar uma comunidade terrorista» e «tentar tomar o poder.»

Segundo o FSB, Khodorkovsky e os outros fundadores do ARC «financiam grupos militarizados ucranianos marcados como organizações terroristas na Rússia e, alegadamente, recrutam outros indivíduos, usando-os depois em planos para tomar o poder na Rússia pela força.»

O ARC foi criado a 27 de fevereiro de 2022, três dias após a Rússia lançar sua campanha militar na Ucrânia, com o intuito de combater a «ditadura agressiva» de Putin, que está no poder há 26 anos.