Fase de jogo do Chelsea-Benfica de Champions - Foto Miguel Lemos Kapta+

Benfica perdeu o jogo mas ganhou alguma coisa (crónica)

Pouca capacidade para criar e principalmente finalizar ditaram derrota das águias em casa do Chelsea, na 2.ª jornada da Champions; mas viu-se uma equipa mais confiante

O Benfica entrou em campo concentrado, muito arrumadinho do ponto de vista tático, com algumas nuances que o tornaram mais coeso e esclarecido. No que pareceu ser um 4x3x3 a atacar, Sudakov foi mais ala esquerda do que número 10, com Aursnes a fechar por dentro e Dahl a ter menor liberdade para se lançar no corredor — nem podia ser de outra forma, pois o defesa sueco bateu de frente com a qualidade do internacional português Pedro Neto. Richard Ríos fechou a zona interior pela direita, com atenção especial à movimentação de Enzo Fernández, que tentou sempre pegar na batuta para colocar o Chelsea a tocar música mais melodiosa.

Entrou bem a equipa de José Mourinho no jogo, cautelosa e com um bloco baixo, mas não demasiado, e com capacidade para esticar jogo e também pressionar a saída de bola desde o meio-campo e até desde a área do Chelsea. Na verdade, embora com mais intenção de vertigem (mas pouco mais que intenção), o Chelsea adotou uma atitude semelhante em relação ao Benfica. A qualidade dos médios e sobretudo a capacidade de Pedro Neto permitia ao Chelsea ganhar algum ascendente, mas não demasiado.

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Um passe desastrado e em zona proibida de António Silva, aos 4’, permitiu a Enzo rematar com muito perigo. Mas até na asneira as equipas se iam aproximando, porque Cucurella também fez um mau passe que acabaria por resultar em remate de Lukebakio ao poste, depois de o guarda-redes desviar a bola. Os primeiros 45 minutos mostraram duas equipas a respeitarem-se, com oportunidades de golo para os dois lados. Apenas o autogolo de Richard Ríos não estava nos planos, minutos depois do colombiano ter desperdiçado boa chance para marcar golo para as águias.

A segunda parte começou com um Benfica a atrever-se mais. Aos 53’, Sudakov colocou Aursnes na cara do golo, mas o lance foi invalidado por fora de jogo; e o remate do norueguês também foi travado por Sánchez. Nesta fase, houve mais Benfica na zona de finalização, com Lukebakio a criar na direita e Pavlidis a lutar pelo espaço em todo o lado.

O Chelsea procurou gerir as emoções do desafio, apostou em transições, correndo riscos, porque o Benfica soube crescer no campo sem se desagregar. Continuou a defender e a fechar espaços com competência, a recuperar bolas e a lançar ataques, mas para um ataque com pouca gente e onde apenas a velocidade de Lukebakio e a disponibilidade de Pavlidis ofereciam soluções.

Lá atrás, Pedro Neto continuava a pior dor de cabeça dos defesas do Benfica. Num cruzamento venenoso do português, Trubin saiu com os punhos e o lance acabou com António Silva no relvado. O central teve de sair, após pancada na cabeça, e entrou Tomás Araújo para o lugar.

Mourinho aproveitou para tornar a equipa mais fresca. Tirou Sudakov e lançou Schjelderup, Barreiro por Ríos e Lukebakio por Ivanovic. A equipa continuou a querer, mas com poucas ideias no último terço e hesitação no ataque à baliza. Iavnovic trouxe algum poder e intensidade, Schjelderup atrevimento, Pavlidis continuava a acelerar e pedia apoio aos adeptos dos encarnados, em contraste com um estádio cheio de ingleses com pouca presença.

O Benfica acreditou até ao fim e teve razões para isso, porque, embora tenha perdido o jogo, em Stamford Bridge ganhou alguma coisa. Jogou com personalidade, mais confiança.