Benfica: Leiria ‘deu’ maioria absoluta a Rui Costa
Leiria não teve dúvidas: Rui Costa deve continuar a ser o presidente do Benfica. Analisando os votos da primeira volta das eleições, realizada no passado dia 25, o atual presidente obteve maioria absoluta na cidade do Lis.
Na Casa do Benfica de Leiria, onde votaram 984 associados dos encarnados, 433 colocaram a cruz na Lista G, encabeçada por Rui Costa. Por seu turno, João Noronha Lopes, rosto da Lista F, colheu a preferência de 261 votantes. No referido local, acrescente-se, não se registaram quaisquer votos nulos e/ou brancos, sendo que a distribuição do remanescente dos votos foi a seguinte: Lista C (140 votantes) – João Diogo Manteigas -, Lista E (130 votantes) – Luís Filipe Vieira -, Lista B (15 votantes) – Martim Mayer –, e Lista D (5 votantes) – Cristóvão Carvalho.
Centrando atenções em Rui Costa e Noronha Lopes, os dois candidatos que lograram a passagem à segunda volta do ato eleitoral para os Órgãos Sociais do clube e cujo sufrágio está agendado para o próximo dia 8 de novembro, os números dizem que Leiria carregou o maestro às costas: os 433 apoiantes do antigo craque dos relvados traduziram-se em 10.590 votos. Já os 261 votantes em Noronha Lopes permitiram uma tradução em votos de 4.493, pelo que o eleitorado leiriense mais do que duplicou a escolha em Rui Costa relativamente àquele que viria a confirmar-se como o seu principal adversário nas urnas.
A BOLA esteve, dias depois do ato eleitoral, nas instalações da Casa do Benfica de Leiria e tentou perceber as razões para as quais Rui Costa colheu esta aceitação. No referido espaço de culto encarnado da cidade do Lis há atualmente cerca de 500 sócios pagantes, pelo que o número de votantes nas eleições do clube foi praticamente o dobro – recorde-se que para participar no ato eleitoral era obrigatório ser sócio do Benfica e não de qualquer Casa do Benfica.
Fernando Heleno e Manuel Roda, ambos vice-presidentes da Casa do Benfica de Leiria – Vítor Farinha, o atual presidente, não pôde estar presente devido a razões pessoais -, foram de uma recetividade a toda a prova – orgulhando-se da presença da nossa equipa de reportagem, não se cansaram de nos agradecer a presença [até para jantar nos convidaram] -, mas, de forma absolutamente diplomática, preferiram não tecer considerações eleitorais, respeitando o cargo institucional que ocupam. Mas Fernando Heleno não escondeu a satisfação pela presença de tantos sócios que ali depositaram o seu voto.
«Se me permite, gostaria de começar por dizer que a Casa do Benfica de Leiria decidiu, por unanimidade, não apoiar publicamente nenhum dos candidatos às eleições e disso mesmo demos conta em comunicado emitido durante o período eleitoral. O que me apraz registar é que o dia 25 de outubro foi vivido com grande fervor benfiquista também na nossa casa. Além dos números absolutamente estrondosos que se verificaram no referido ato eleitoral e que deram ao Benfica um novo recorde do Mundo, a Casa do Benfica de Leiria também não pode deixar de orgulhar-se de ter tido praticamente um milhar de associados do Benfica a votarem nas nossas instalações. Somos uma entidade que tem atualmente cerca de 500 sócios pagantes, pelo que tivemos praticamente o dobro de eleitores. E isso deve ser realçado», começou por dizer, acrescentando «a total correção com que decorreu o sufrágio, entre as 8h30 e as 22 horas, não só nas duas mesas de voto que estiveram instaladas na Casa do Benfica de Leiria, como também no restante espaço, onde houve muito Benfica de manhã à noite».
Ainda de acordo com o dirigente associativo, «nestas eleições foram registados mais do dobro de votantes relativamente ao último sufrágio no clube», algo que, reforça, «diz bem da força do Benfica».
Relativamente à leitura do eleitorado, Fernando Heleno diz ter tido uma noção de que houve muitos sócios com direito a 50 votos que escolheram Rui Costa, algo que «ficou devidamente refletido nos resultados finais». «É certo que tivemos aqui uma mescla de juventude com outras pessoas mais velhas a votar em Leiria, mas pela minha leitura tivemos bastantes sócios do Benfica com direito a 50 votos», conclui.
«O passado de Rui Costa nos relvados ainda tem muito peso»
No dia da nossa reportagem no local, o ambiente da casa encarnada junto ao Rio Lis estava… a meio-gás. Dia de semana, à noite, já com o inverno a intimidar… Conseguimos, ainda assim, falar com alguns dos benfiquistas ali presentes. A ideia passava, claro está, por tentarmos perceber o sentido de voto em Rui Costa, ainda para mais de forma tão esmagadora.
Estivemos durante alguns minutos à conversa com um sócio do Benfica. Mesmo preferindo o anonimato, também por razões institucionais – embora atualmente não exerça nenhum cargo -, o associado dos encarnados fez-nos a sua leitura da primeira volta das eleições, centrando a análise nas urnas existentes na Casa do Benfica de Leiria.
«Foi claramente um excelente dia para todos os benfiquistas da região. É certo que somos muito mais, claro que a dimensão do Benfica é mundial, mas termos praticamente um milhar de sócios do clube a votarem na casa de Leiria é bastante positivo. Durante várias horas houve largas conversas sobre tudo. O glorioso passado, mas também o presente e o futuro. Relativamente à tendência de voto, e pelo que fui percebendo junto de alguns amigos com quem me fui cruzando ao longo do dia, estou em crer que o estatuto que Rui Costa adquiriu enquanto jogador continua a ter bastante peso no eleitorado benfiquista. E digo isto pelo que sei de muitos dos que votaram em Leiria, mas na minha análise também abranjo esta tese ao resultado final das eleições. O Rui Costa foi um jogador de craveira mundial, é e será sempre um dos grandes ícones do Benfica e os sócios não esquecem tudo o que ele deu ao clube», confidencia.
Do alto da experiência dos quase 60 anos de vida – e cerca de 50 de associado -, este adepto, que também votou em Rui Costa, deu seguimento à sua leitura: «Claro que há quem defenda que Rui Costa não correspondeu às expectativas enquanto presidente, quem lidera o Benfica está obrigado a ganhar sempre, sobre isso não há a mínima dúvida, mas, na minha ótica, e além do seu passado enquanto jogador, o próprio Rui Costa merece um reforço de aposta na presidência. Fez coisas bastante interessantes, conseguiu que a nação benfiquista se unisse ainda mais em torno do clube, principalmente nos jogos em casa e fora, e financeiramente também encontrou uma estabilidade que é extremamente importante.»
Perante estes dados, o referido associado não teve dúvidas em depositar os seus 50 votos no antigo maestro. «Assumo claramente que foi esse o meu sentido de voto. Respeitando e agradecendo a convicção dos restantes candidatos, naquela que foi uma gigantesca prova de universalidade e democracia no Benfica, estou em crer que Rui Costa é, neste momento, o candidato mais capacitado para conduzir o Benfica à glória que todos nós desejamos. Voltarei a votar nele na segunda volta, evidentemente, espero que o nosso eterno número 10 colha a preferência dos benfiquistas para que possa manter-se na presidência, mas, e acima de tudo, espero que volte a ganhar o Benfica. No final do dia, e aconteça o que acontecer, continuamos todos a ser do Benfica e viveremos intensamente o clube, qualquer que seja o presidente», dissertou.
Casa leiriense com futuro
Voltando, e para terminar, à essência da Casa do Benfica de Leiria (fundada em 1989), estamos na presença de uma instituição agregadora e que consegue ser o epicentro de vários momentos de grande fervor clubístico na zona Centro do País.
O atual espaço, situado ao início da Rua Machado dos Santos, é atraente, mas não deixa de ser relativamente pequeno para que possam ser desenvolvidas algumas atividades lúdicas que levem a que mais pessoas frequentem a casa e ali vivam com mais intensidade a realidade encarnada.
«Temos a ideia que seria bastante necessário dispormos de novas infraestruturas para que possamos continuar este caminho. O nosso mandato, iniciado este ano, termina em 2028, e muito gostaríamos de tentar, pelo menos, encontrar uma outra localização para que a Casa do Benfica de Leiria fosse ainda maior e para que pudéssemos atrair mais benfiquistas ao nosso espaço. Claro que só com melhores condições poderemos aspirar a ter mais sócios. Veremos o que será possível fazer, sem promessas, mas com muita ambição. É este o espírito da atual Direção», finalizou Fernando Valente.
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