Candidato a presidente das águias, em entrevista a A BOLA

Benfica: «Camionetas de pessoas para entrar no clube? Tem tudo para correr mal»

Cristóvão Carvalho, candidato a presidente das águias, fala das ideias dele e de outras a que torce o nariz

Em entrevista a A BOLA, o líder da Lista D para as eleições de 25 de outubro no Benfica tocou em vários temas.

Como surgiu a ideia de se candidatar a presidente do Benfica?
— Luís Felipe Vieira cai e entra Rui Costa. Sentimos que poderia ser alguém que iria trazer credibilidade, visão de futuro, investimento no futebol e com qualidade, alguém que poderia ser disruptivo e cortar com o passado de Luís Felipe Vieira, um passado recente, que não era a linha do futuro do Benfica. Claramente se percebeu nos dois primeiros anos que não era esse o caminho de Rui Costa. Das conversas que mantivemos, num grupo de amigos, nasce a ideia de apresentarmos um projeto e eu ser o líder, porque me identificaram como tendo o perfil. Queremos um caminho diferente, mais profissional, pensar o clube de outra maneira. Tenho consciência de que o projeto iria ter dificuldades de tração, é uma coisa nova, mas é aquilo em que nós acreditamos. Somos todos profissionais e olhamos para o Benfica não só na perspetiva emocional, mas também racional. Enquanto o benfiquista não ligar a parte financeira à parte desportiva, e as duas estiverem em concomitância, dificilmente o Benfica terá sucesso. Os benfiquistas vão estranhar, e estranharam, mas começa a entranhar-se e achamos que esse é o caminho do Benfica. Conheço hoje a realidade do Benfica e deixa-me preocupado. Não tanto as eleições, mas sim o pós-eleições, com a incerteza que vivemos e fundamentalmente pelos projetos que estão a jogo, que não são para um Benfica de futuro. É assim que chego ao Benfica e estas são as razões de fundo pelas quais me apresento aos benfiquistas.

Conheço hoje a realidade do Benfica e deixa-me preocupado. Não tanto as eleições, mas sim o pós-eleições, com a incerteza que vivemos e fundamentalmente pelos projetos que estão a jogo, que não são para um Benfica de futuro.

Muito se fala agora de remunerações, vencimentos, do facto de existirem seis candidatos. Muito claramente: candidata-se também por protagonismo e dinheiro?
— Na sociedade portuguesa em geral, e no Benfica, sempre que alguém faz alguma coisa é criticado. Estou muito seguro do futuro do Benfica, mas sei que seria sempre criticado. O protagonismo que ganhei dispensava-o claramente, porque não é bom. Desde o momento em que saí da minha vida, do meu anonimato, sou criticado por tudo. Não vou ganhar, até agora não ganhei nada com isso a não ser uma série de haters que disseram mal de mim e meia-dúzia que se atreveram a dizer bem. Acredito muito naquilo que penso para o Benfica e no nosso projeto. Tenho um amor profundo por aquele clube e é aquilo que me move, é a marca que quero deixar. Nunca mudei a minha estratégia desde o primeiro momento até agora. Quando me perguntam porque não apresento mais pessoas, mais pessoas ligadas ao futebol na minha lista, digo-lhes a mesma coisa: não me vendo a interesses instalados. Quero os melhores dos melhores para este clube e se chegar a presidente terei tempo para escolher. Além disso, o Benfica é também uma grande empresa e quando chegamos a uma grande empresa não se leva logo um camião cheio de pessoas para substituir outras, isso é errado. Primeiro temos de ver os recursos que temos. As mudanças devem ser bem feitas e com tranquilidade, não é como vejo em determinadas candidaturas, que já levam camionetas de pessoas para colocar dentro daquele clube. Os benfiquistas que me desculpem, mas tem tudo para correr mal.

As mudanças devem ser bem feitas e com tranquilidade, não é como vejo em determinadas candidaturas, que já levam camionetas de pessoas para colocar dentro daquele clube. Os benfiquistas que me desculpem, mas tem tudo para correr mal.

Vencendo as eleições, quais seriam as três prioridades para os primeiros 100 dias?
— A primeira é imediatamente voltar à mesa das negociações dos direitos televisivos, é muito importante o Benfica voltar a liderar esse processo, preparar-nos para uma estratégia de como é que vamos encarar daqui a dois anos a centralização; acho que o Benfica não tem plano para isso; nenhum candidato falou ainda num plano, estão todos muito preocupados com quanto é que vamos receber por ano nos próximos dois anos e não vejo ninguém preocupado com uma estratégia montada e diferente para abordar o tema daqui a dois anos. A segunda medida é rapidamente implementar um critério dentro do clube para subirem à equipa principal pelo menos três jovens do Seixal por época. É fundamental acabar com esta rotatividade dos jogadores. A terceira medida é criar uma equipa profissional, sentar, melhorar e voltar a dar uma imagem às casas do Benfica e não permitir o degredo em que elas se encontram.

Como é possível aumentar o investimento e ao mesmo tempo reduzir dívida? 
— É o dia-a-dia das empresas. Para se aumentar o investimento é preciso aumentar dívida. É preciso um plano, uma estratégia, um objetivo; um plano de negócios e perceber qual é o retorno.  O Benfica tem de crescer, tem de fazer um investimento à sua dimensão. Precisa recomprar as ações, revalorizar a SAD. Há muitos investidores que querem investir no Benfica. 

Defina a sua candidatura em três ideias-chave. 
— Transparência, honestidade e trabalho. 

Se não tiver o resultado esperado, como agirá a seguir? 
—  Obviamente que se o meu resultado for ir a uma segunda volta, será surpresa, mas ótimo; se for o contrário, há que perceber quem são os candidatos.