Kokçu a caminho do Besiktas (foto: Miguel Nunes)
Kokçu a caminho do Besiktas (foto: Miguel Nunes)

Benfica a tapar o buraco

Por rendimento e por comportamento, a saída de Kokçu tornou-se inevitável, mas isso abre caminho a uma reparação do Benfica ao motor, aquilo que realmente estava a falhar mais

Aanunciada venda de Orkun Kokçu para o Besiktas pode não ser consensual entre os adeptos do Benfica, mas surge neste mercado de verão como um desfecho simpático para uma relação que já começava a envolver demasiados riscos.

Por mais instantânea que tenha sido a gestão de danos da estrutura encarnada, o incidente no Mundial de Clubes deixou ferida entre Kokçu e Bruno Lage, até porque o treinador entendeu (mal) que a melhor forma de afirmar a sua liderança era responder ao jogador, que anteriormente já tinha desafiado também a autoridade de Roger Schmidt.

A tendência seria de desvalorização do internacional turco, até porque o rendimento ficou quase sempre aquém do esperado, sobretudo se não conseguirmos deixar de lado o investimento de quase 30 milhões de euros que implicou.

Não quer isto dizer que Kokçu tenha sido contratação falhada. Fazia sentido a qualquer pessoa que o tenha visto jogar no Feyenoord, e era um nome aprovado tanto pela equipa técnica de então, que o tinha visto de perto, como também pela estrutura do Benfica. Mais: é bom lembrar que Kokçu foi sempre titular em Portugal, e que em 98 jogos de águia ao peito fez 19 golos e 22 assistências.

Números que não envergonham, mas que também não deslumbram, até pela influência que aquela posição devia ter na ideia de jogo do Benfica. Kokçu não se conseguiu adaptar, em vários sentidos, e a saída para o Besiktas, clube do qual é adepto, permite ainda recuperar o investimento feito há dois anos.

Ao vender Kokçu, o Benfica começa também a abrir caminho à necessária renovação a meio-campo. É preciso tapar um buraco naquela zona do terreno, porventura aquela onde a diferença para o campo do rival Sporting tem sido mais significativa.

É preciso perceber ainda qual será a geometria de Bruno Lage para o arranque da temporada 2025/26, mas não restam dúvidas de que a equipa encarnada precisa de motor novo, até pela infeliz avaria que anulou o efeito da entrada de Manu, com a época já em andamento.

É imprescindível encontrar outra dinâmica, através da complementaridade de perfis, que sejam capazes de garantir o equilíbrio defensivo, mas que também ofereçam qualidade na construção, na gestão de ritmos e na capacidade de incutir jogo interior, algo em que as águias revelaram enormes lacunas.

A reparação mais importante será a da casa das máquinas.

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