Balotelli só fez uma assistência na Premier League... e valeu-lhe a eternidade
Para a maioria dos adeptos de futebol, ao mencionar o nome Mario Balotelli é impossível não pensar na sua personalidade exuberante, na veia goleadora e nos festejos icónicos. A sua capacidade para assistir companheiros, porém, é uma faceta frequentemente esquecida - ou até mesmo ignorada.
No entanto, para os adeptos do Manchester City, a visão de jogo e o toque de classe do italiano permanecem bem vivos na memória. E tudo graças a um único momento, que acabou por ser também a sua única assistência em 70 jogos na Premier League. Sim, uma única assistência - mas aquela que decidiu um campeonato, fez vibrar o Etihad Stadium e ficou eternizada com o grito mais icónico da Premier League: «Agueroooooooo!»
A passagem do 'Super Mario' por Manchester
O ano era 2010. O Manchester City, recém-injetado de milhões e ambição, queria construir uma equipa capaz de destronar o poder vermelho do United. Roberto Mancini, treinador dos citizens, decidiu trazer um velho conhecido: Mario Balotelli, o miúdo-prodígio (e rebelde) que tinha dado nas vistas no Inter de José Mourinho.
Com apenas 20 anos, Balotelli já trazia consigo um currículo de talento e polémicas. Em Itália, deixara claro que o seu talento era tão grande quanto o seu temperamento. O City apostou nele, acreditando que Mancini seria o homem certo para domar o Super Mario.
Durante a sua passagem pelo City (2010–2013), Balotelli fez 80 jogos e 30 golos - números respeitáveis, mas que não contam nem metade do que foi a sua presença em Manchester. O italiano foi, simultaneamente, génio e caos, com lances incríveis e cartões desnecessários.
Mas foi também o protagonista de um dos momentos mais memoráveis da Premier League: o célebre festejo em Old Trafford, depois de marcar ao Manchester United, quando levantou a camisola e exibiu uma t-shirt com a inscrição «Why always me? [Porquê sempre eu?]».
Um gesto meio provocatório, em jeito de resposta às críticas constantes da imprensa britânica, que o transformou num ícone do futebol moderno.
13 de maio de 2012: o toque que tudo mudou
Última jornada da Premier League 2011/12. O Manchester City precisava de vencer o Queens Park Rangers para conquistar o primeiro título inglês em 44 anos. Em Sunderland, o jogo do Manchester United havia terminado com um 1-0 para os red devils, o que significava que a turma de Alex Ferguson passava para a frente da Premier League, à condição. No Etihad, o relógio marcava 93 minutos e 16 segundos quando a bola chegou a Balotelli.
O jogo estava empatado a duas bolas e o desespero instalava-se. Até que, no meio da confusão dentro da área, o esférico chegou aos pés do italiano. Em vez de tentar o remate precipitado - algo que até se esperaria dele -, o avançado aguentou a carga e, já em desequilíbrio, deu um toque de génio, um passe rasteiro, para Sergio Aguero.
O argentino dominou, fintou e marcou. O estádio explodiu. O narrador Martin Tyler eterniza o momento com um grito que ainda hoje arrepia: «Agueroooooooo!!!»
Sergio Aguero’s goal against QPR to win the League for Man City
— figures ⚕ (@figxres) May 17, 2023
pic.twitter.com/XacLSDJvy8
O Manchester City era campeão da Inglaterra. E a única assistência de Balotelli na Premier League entrava para o património histórico do futebol. Um passe simples, de um jogador tudo menos simples, que valeu um campeonato, um grito lendário e um lugar eterno no coração dos adeptos do Manchester City.