Clube atingiu o seu auge na década de 70 - FOTO: D.R.
Clube atingiu o seu auge na década de 70 - FOTO: D.R.

Nottingham Forest: o clube que tem mais Taça dos Campeões Europeus do que campeonatos

A incrível história do Nottingham Forest, que ganhou duas 'orelhudas' na década de 70. Foi o lendário Brian Clough que guindou os ingleses ao estrelato

NOTTINGHAM — Afastado da ribalta do futebol europeu há muito, o Nottigham Forest, adversário do FC Porto na Liga Europa, tem uma história vasta e rica, mas é uma espécie de gigante adormecido no tempo, que parece ter hibernado durante décadas. A equipa inglesa fez furor nas temporadas 1978/1979 e 1979/1980, ao sagrar-se bicampeão da então denominada Taça dos Campeões Europeus, sob o comando técnico do lendário Brian Clough. Além de ter conquistado o Velho Continente, o emblema britânico venceu, igualmente, a Premier League, em 1977/78, e quatro Taças da Liga inglesa (1978, 1979, 1989 e 1990).

Para os menos conhecedores da realidade da brilhante história escrita em anos longínquos, o Nottingham Forest alcançou um feito relativamente comum na altura, já que os clubes de menor dimensão, como era o caso, tinham armas para conquistar os mais desejados troféus a nível europeu, uma façanha também repetida por emblemas como Estrela Vermelha, Steaua Bucareste e Aston Villa, entre outros.

O lendário Brian Clough

Não deixa de ser curioso o facto de o Nottingham Forest ter somente três presenças na Taça dos Campeões Europeus, entre 1978 e 1981. Esteve perto de repetir a proeza na época passada, mas o mítico emblema inglês, então orientado por Nuno Espírito Santo, falhou o acesso à prova mais importante a nível de clubes na reta final do campeonato, acabando por carimbar uma vaga na Liga Europa.

Ainda assim, o Forest é visto como um dos mais míticos clubes ingleses. A sua história é recheada de curiosidades brutais, mas é no final dos anos 70 que o clube ascende ao Olimpo do futebol, permitindo-lhe até hoje granjear o rótulo de único clube europeu que tem mais títulos europeus do que de campeão nacional!

Mas há uma figura incontornável na história do Nottingham que contribuiu para a sua ascensão e notoriedade nas competições europeias, mas também na própria Premier League. O sucesso está indissociavelmente ligado a um homem. Em 1975 os tricky trees contrataram Brian Clough para treinador da equipa principal e, na época de estreia, o inglês fez o quanto baste para manter a equipa na II Divisão. Na época seguinte, ainda com pouco tempo de trabalho, faz melhor e consegue terminar o segundo escalão na oitava posição, mas apenas a oito pontos das posições de subida. Foi em 1976/77 que o improvável começou a ganhar forma real. Já com a equipa montada à imagem de Clough, o Nottingham Forest consegue a tão desejada promoção ao principal escalão do campeonato inglês.

Sempre a surpreender

Logo na temporada seguinte, o clube das East Midlands torna-se então numa das poucas equipas — cinco no total — a realizar a proeza de ser campeã um ano depois de subir ao escalão principal. E quando se pensava que acabaria por aí a proeza dos comandados de Brian Clough, no ano seguinte termina com um segundo lugar no campeonato e a surpreendente vitória na Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões). Tratou-se de um feito incrível para o histórico, mas também modesto, clube de Nottingham, que espantou a Europa do futebol e elevou a equipa e o seu treinador ao estatuto de lendas.

Clough, porém, não ficou por aí. Batendo todas as probabilidades, o Nottingham Forest acabou 1979/80 a renovar o título de campeão europeu e tornou-se no único clube do Velho Continente a ter no currículo mais títulos europeus (2) do que campeonatos nacionais (1). Durante este autêntico período dourado, os tricky trees ganharam ainda duas Taças da Liga inglesa, uma Supertaça Europeia e uma Supertaça nacional. Em apenas três anos, o Nottingham Forest construiu um palmarés e uma reputação de fazer inveja a grande parte dos clubes de todo o mundo. E Clough tornou-se uma lenda, com direito a estátua erguida pelo clube. Desde então, o gigante inglês adormeceu e hibernou no tempo, mas a história é grande e não se apagou.