Óscar Rivas foi o herói vitoriano em Lamas - Foto: Manuel Fernando Araújo/Lusa
Óscar Rivas foi o herói vitoriano em Lamas - Foto: Manuel Fernando Araújo/Lusa

Ataque aéreo foi a solução no meio do dilúvio (crónica)

Conquistadores impuseram a lei do mais forte em Lamas, numa partida resolvida com um golpe de cabeça de Rivas. Boa réplica corticeira insuficiente para contrariar raça vitoriana. Magia da prova rainha

A magia da Taça nasceu (também) de muitos jogos como o U. Lamas-Vitória de Guimarães. Disputado, intenso e com emoção até ao fim. Todos esses ingredientes, aos quais se somaram a chuva torrencial e o relvado em condições pouco recomendáveis para a prática do futebol, fizeram do embate entre lamacenses e vimaranenses um exemplo do que é a festa da prova rainha.

Com cinco mexidas no onze, o conjunto vitoriano entrou a querer mandar no jogo e a verdade é que conseguiu executar o plano com nota positiva. À exceção dos primeiros 10 minutos, em que as equipas se adaptavam ao estado do terreno, a turma de Luís Pinto assumiu as despesas da partida e foi tentando praticar o seu jogo, sabendo que seria necessário vestir o fato-macaco em vez do fato de gala.

O capitão Samu e Diogo Sousa deram perfume ao meio-campo e foi dessa dupla que surgiram as melhores oportunidades dos conquistadores na primeira parte. Na baliza dos corticeiros, Enes foi colecionando defesas e adiando o golo minhoto, que apenas chegaria na etapa complementar.

Com pressa de resolver a eliminatória dentro dos 90 minutos regulamentares, o Vitória entrou no segundo tempo determinado e de olhos postos na baliza, alavancado pelas excelentes entradas de Camara e Strata. Acabou por ser através de uma bola parada, um canto cobrado de forma exímia por Samu, que os minhotos decidiram a contenda.

Óscar Rivas ganhou nas alturas e respondeu da melhor forma ao cruzamento do médio, desfazendo o nulo e tranquilizando as hostes vitorianas.

Sempre aguerrida e sem nunca baixar os braços, a formação lamacense lutou com todas as forças até ao apito final, ainda conseguindo assustar a defesa vimaranense em algumas ocasiões, mas sem sucesso.

O relvado foi-se deteriorando com o decorrer do jogo e a bola estava com cada vez mais dificuldades em rolar. A chuva não dava tréguas, caindo com mais e mais intensidade e, no final, já não havia jogador dos conquistadores a vestir de branco.

Diogo Sousa teve nos pés uma ocasião de ouro para fechar as contas perto do fim, mas atirou por cima, e Luís Pinto ainda foi expulso por alegados protestos.

Não foi o encontro com o futebol mais vistoso ou as jogadas mais elaboradas, até porque as condições atmosféricas não o permitiram, acabando até por nivelar o jogo entre equipas separadas por três divisões e bem distantes a nível qualitativo, mas não faltou festa da Taça em Santa Maria de Lamas.

O melhor em campo - Samu (7)
Com a braçadeira de capitão, o médio português foi o mais esclarecido dos vimaranenses num terreno pantanoso e guiou a equipa de início ao fim. Mesmo em condições adversas, o esquerdino conseguiu espalhar magia e somar lances de perigo junto da baliza lamacense. Diogo Sousa, também em excelente plano, demonstrou visão de jogo acima da média e completou, juntamente com Mitrovic, um trio de luxo no miolo
A figura do U. Lamas - João Moreira (6)
Não faltou espírito de sacrifício a nenhum elemento dos unionistas ao longo do encontro, mas foi do pé canhoto do lateral-esquerdo que saíram alguns cruzamentos venenosos que puseram em sentido a defesa vitoriana. A conferir profundidade à asa esquerda do ataque lamacense, foi um dos focos de desequilíbrio no conjunto da casa. Luís Salgado, no meio-campo, mostrou argumentos para patamares superiores

As notas dos jogadores do U. Lamas: Francisco Enes (6); David Araújo (6), Filipe Melo (5), Lourenço Pinto (5); Daniel Rodríguez (5), Rodrigo Braga (5), Luís Salgado (6), João Moreira (6); Fernando Príncipe (6), Gonçalo Monteiro (5) e Joaquim Rodrigues (5). Miguel Albuquerque (5), Luís Ferreira (5), Rubinho (-), Wilson Castro (-) e Vítor Andrade (-).

As notas dos jogadores do V. Guimarães: Charles (5); Miguel Maga (5), Óscar Rivas (7), Abascal (5), Lebedenko (5); Mitrovic (6), Diogo Sousa (6); Saviolo (5), Samu (7), Fabio Blanco (5); Ndoye (5). Camara (6), Tony Strata (6), Miguel Nogueira (5), Rica Rocha (5) e Nélson Oliveira (-)

As reações dos treinadores

José Paulo Almeida

Na primeira parte, acho que nós conseguimos dividir mais o jogo, conseguimos no fundo pôr em prática em termos ofensivos também algumas das coisas que tínhamos trabalhado, construir e chegar ao último terço algumas vezes. Certo que é uma derrota, mas é uma derrota que deixa a sensação de que há qualidade no grupo, qualidade coletiva e individual e no fundo isso permite-nos crescer dentro desta base. Se já chegámos até aqui e estamos neste nível de competência, podemos crescer a partir daqui e se calhar posso exigir aos meus atletas agora mais e melhor ainda. Acho que podemos fazer um campeonato dentro daquilo que são os objetivos de uma forma tranquila.

Luís Pinto

Não está em causa a vitória, apesar de o Lamas ter dado uma réplica fantástica, de ter feito aquilo que esperava e sido muito combativo a jogar em sua casa, onde nesta época ainda não tinha perdido. Por isso, acabou por ser um jogo difícil, um jogo desafiante para todos, tanto para nós como para quem estava fora. Quero deixar uma nota para os nossos adeptos, mas também para os adeptos do Lamas, que também fizeram um belo espetáculo aqui. Os nossos adeptos conseguiram ajudar-nos a ir para a frente e a conseguir a vitória.