Assim vale a pena ir à bola: seis golos na Liga? Temos! (crónica)
Assim vale a pena ir à bola! Que jogatana! Quem não aproveitou a febre de sábado à noite para ir ao anfiteatro da Serra da Freita… não sabe o que perdeu. Porque (infelizmente) não é todos os dias que temos seis golos num jogo do principal escalão do futebol português.
Mas aconteceu. O Estádio Municipal de Arouca foi palco de um tremendo espetáculo e se o jogo durasse mais 10 minutos…
Na tentativa de limpar a imagem deixada em Alvalade, de onde saíram, na ronda anterior, com uma goleada (0-6) que deixa sempre marcas (por muito que possa dizer-se o contrário…), os lobos apareceram afirmativos, numa fase inicial em que os rioavistas também deram sinal de vida. Mas a eficácia, já se sabe, dita sempre as suas leis e os comandados de Vasco Seabra abriram o ativo aos 24 minutos, com um remate de belo efeito de Jose Fontán, que aproveitou um ressalto após duelo aéreo entre Iván Barbero e Andreas Ntoi.
João Valido ainda brilhou antes do descanso, com defesas de grande nível a remates de Olinho (26') e Brandon Aguilera (40'), mas essas duas sérias ameaças dos forasteiros foram os indicadores claros do que estava para chegar.
Logo após o reatamento, André Luiz fugiu pela direita e fez um passe atrasado que Clayton não desperdiçou. O ponta de lança percebeu a ideia do compatriota, posicionou-se bem e rematou ainda melhor. Estava restabelecida a igualdade. E a partir dessa altura o encontro entrou numa espiral de parada e resposta. Os adeptos gostam, os treinadores nem tanto.
Lee Hyun-ju e Djouahra deram sinal dos lobos, Nikos Athanasiou fez o mesmo para o emblema da caravela. Golos a chegar...
E se o Rio Ave dançava ao som do samba de Clayton e André Luiz, melhor ficou quando se juntou um toque de Klapa. Dario Spikic, croata em estreia pelos vila-condenses, trazia os acordes da música tradicional do seu país e agradeceu a gentileza do ponta de lança brasileiro para, na cara de João Valido, selar a reviravolta.
Tiago Esgaio, pouco depois, deu o corpo às balas e negou, em cima da linha, a felicidade a Brandon Aguilera, com os arouquenses a perceberem que poderiam fazer mais. E fizeram. Chegaram ao empate por Alfonso Trezza, que deu o melhor seguimento a um cruzamento da direita de Brian Mansilla.
Faltava cerca de um quarto de hora, mas os bilhetes dos adeptos ainda não estavam devidamente... pagos. O festival continuava.
Logo no minuto seguinte, Nikos Athanasiou ofereceu o bis a Clayton e o camisola 9, já se sabe, não desperdiça ofertas: 2-3.
Os três pontos estavam já a caminho de Vila do Conde, mas Djouahra, no último suspiro, encheu-se de fé para resgatar o empate.
Se for sempre assim, compramos já bilhetes para o resto da época.
Vasco Seabra (treinador do Arouca):
Na primeira parte, até aos 30/35 minutos, a nossa equipa esteve bem, sempre a defrontar um bom adversário, o Rio Ave é uma equipa muito forte fisicamente e com qualidade nos seus intervenientes, e isso causou-nos algumas dificuldades. Depois já tivemos algumas dificuldades nas zonas de pressão. Ajustámos ao intervalo para aumentarmos nos níveis de agressividade. Apesar de termos tido uma excelente atitude durante o jogo, nem sempre esses níveis de agressividade estiveram num patamar tão alto quanto desejamos. Somos uma equipa muito capaz do ponto de vista ofensivo, mas no capítulo defensivo estivemos uns furos abaixo. O Rio Ave foi ganhando dimensão no jogo. Com as alterações quisemos bater em espelho e no nosso melhor momento, quando fazemos o 2-2, acabámos por conceder outro golo ao Rio Ave. Depois disso, voltámos a tentar e resgatámos um ponto. Foi um jogo de altos e baixos e acho que esse equilíbrio reflete um pouco a justiça no resultado.
Sotiris Silaidopoulos (treinador do Rio Ave):
Foi um grande jogo para todos os adeptos e muito emocional para nós lá dentro. Acho que jogámos muito bem, tivemos várias oportunidades de golo, e estou satisfeito com a equipa. Mas quando marcamos três golos temos de conseguir a vitória. Houve algums momentos de falta de concentração que temos de controlar, mas isso são coisas que vão acabar por chegar, estou certo. Vamos continuar a trabalhar todos os dias para melhorarmos ainda mais. A equipa está em progressão, apresenta já bons níveis. Não consigo dizer se o resultado é justo ou não, o Arouca também trabalhou bastante. Acho que olhando ao que fizemos talvez merecessemos mais. Temos de continuar focados no nosso progresso, tudo faz parte do processo. Estou satisfeito com o que tenho visto.
Notícia atualizada às 23h58