Mandatário e candidato a presidente da Mesa da Assembleia Geral pela lista de Luís Filipe Vieira formalizou listas esta sexta-feira na Luz

«Aqueles cavalheiros praticaram os crimes por que o presidente dos Super Dragões está a ser julgado»

João Correia formalizou esta sexta-feira, na Luz, a candidatura de Luís Filipe Vieira e falou em exclusivo a A BOLA: ataque ao Ministério Público e aos sócios do Benfica na AG

João Correia, mandatário e presidente proposto para a Mesa da Assembleia Geral da candidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, formalizou as listas esta sexta-feira de manhã, no Estádio da Luz, e saiu em defesa do antigo presidente do clube, com ataque cerrado ao Ministério Público e não só. O comportamento dos sócios do Benfica na Assembleia Geral também mereceu comentários duros e já há intenção de «alterar os estatutos».

— As listas de Luís Filipe Vieira foram entregues e já estão formalizadas. É mais um passo importante na direção das eleições de 25 de outubro?

— Eu assumi a opção de ser mandatário e de ser candidato a presidente da mesa da Assembleia Geral por uma razão. Quem manda nos clubes, quem conhece os clubes, conhece o presidente. Portanto, os clubes e as sociedades desportivas têm um regime presidencialista e, portanto, nós temos de radiografar cada candidato a presidente. Eu não sei quem é o número 2 do FC Porto, o número 2 do Sporting, e talvez não saiba quem é o número 2 do Benfica, mas sei quem é o presidente de cada um desses clubes e dessas sociedades desportivas. Portanto, aquilo que os sócios do Benfica têm de fazer é radiografar cada candidato a presidente. E chega. E chega. Basta. Porque se radiografarem cada candidato a presidente, sabem quem é que devem escolher. Se andarem na propaganda de quem é que é mau e quem é que é bom… E relativamente aos processos [de Luís Filipe Vieira], eu tive muitos processos, e ainda hoje não sei porque é que foi detido o senhor Luís Filipe Vieira. Não sei. Passados três anos não se passou nada. Como é que se faz a detenção de uma pessoa que tem as funções de presidente do Benfica? Passados três anos da detenção, e com o alarido que deu e que deu origem à demissão dele, como é que três anos depois o Ministério Público não faz nada? Isto é insuportável.

— Na qualidade de advogado e que trabalhou muitos anos no Benfica, a confiança no sistema judicial está de alguma forma abalada pela situação que foi vivida por Luís Filipe Vieira?

— Tem de levar uma volta. Reparem que há fortes indícios de que o Ministério Público age em sintonia com alguns apetites, e não pode, não pode. O Ministério Público tem de agir de acordo com a legalidade, se entendeu que era suficientemente grave ter o senhor Luís Filipe Vieira e o senhor Santos [José António dos Santos] com o perigo de fuga, um homem com 90 anos, riquíssimo, é evidente que de facto não se queria fazer justiça nem perseguir criminalmente seja quem for, é evidente que se queria destruir o senhor Luís Filipe Vieira. Três anos depois ainda não aconteceu nada? Eu sou advogado nesse processo, não digo de quem, mas sou advogado nesse processo, ainda não fui chamado para nenhuma diligência, e isso custou a vida societária, a vida, a representação e a presidência do Benfica. E é claro que aqueles cavalheiros que vêm aqui fazer barulho não o sabem. Os cavalheiros que se comportam como se comportou o presidente dos Super Dragões [Fernando Madureira], e praticaram os mesmos crimes por que ele está a ser julgado. A família Benfica tem de estar unida, tem de ser respeitada, ser do Benfica não é melhor nem pior que ser dos outros, é diferente, eles não se comportam de forma diferente. Têm de ter um comportamento cívico, que o Benfica sempre teve. Sou do Benfica desde muito miúdo e sempre entendi que o Benfica era um clube diferente, as pessoas do Benfica são diferentes, têm respeito uns pelos outros. Eu gosto muito de muitos candidatos das listas, das outras listas, gosto mesmo muito deles, e não posso ofendê-los, achincalhá-los, agredi-los.

— Há desconfiança em relação ao voto eletrónico nestas eleições do Benfica, acredita que serão umas eleições justas, limpas, em que todos os candidatos aceitarão os resultados, ou há algum receio em relação a batota nas eleições?

— Há perigo de batota, há mais perigo do que nas eleições com voto eletrónico. O voto eletrónico hoje é muito seguro e mais barato. Na minha ordem, por exemplo, vota-se eletronicamente e não há fraude alguma, nem possibilidade de fraude, porque há segurança sobre o funcionamento do voto eletrónico, portanto isto é de facto impedir que dois terços dos benfiquistas possam votar, isto é de facto impensável. Não quer dizer que haja fraude, mas há injustiça, porque nem todos podem votar. É evidente que uma pessoa, um trabalhador normal que ganha mil ou mil e quinhentos euros por mês, o que já não era nada mau, não vai deslocar-se cem quilómetros ou duzentos quilómetros para ir votar, não vai. Portanto, esse trabalhador está impedido de votar, isto de facto é insuportável. Não quer dizer que haja fraude, é um voto insuficiente. Que seja corrigido no futuro, estes estatutos têm de ser alterados, este sistema eleitoral tem de ser alterado. Há muita coisa para fazer no plano jurídico nesta casa e eu sei bem o que é que é preciso fazer, até os estatutos serem alterados profundamente, porque estes estatutos são insuportáveis.