António Silva, «finalizações mais sérias», Di María e os golos de bola parada: Tudo o que disse Lage
O Benfica vai fazer o quinto jogo em 14 dias. O Famalicão vai fazer o segundo, no espaço de 13 dias. Isto poderá ter impacto no jogo?
Não é compararmos com o número de jogos relativamente ao nosso adversário, mas sim àquilo que é jogar com apenas dois dias de intervalo. A equipa tem dado uma boa resposta e se queremos um plantel que nos dê garantias para lutar por títulos, e conseguimos isso recentemente, nós temos de estar preparados para isso. Sobre o jogo, a equipa vai apresentar-se bem, porque tem tido a facilidade de recuperar bem. Vamos jogar com um adversário muito competente, com um novo treinador, que curiosamente conhece a casa. Acho que vai ser determinante a energia, quer a nossa energia, quer a energia de fora. É muito importante o apoio dos nossos adeptos e faz a diferença. Faz muita diferença e nós temos sentido isso. Sentimos isso nos jogos da Taça da Liga e da Taça de Portugal. O apoio dos nossos adeptos, a empurrar a nossa equipa para a frente, dá-nos uma motivação extra e ajuda imenso.
Durante o decorrer da época, houve uma altura em que o Akturkoglu estava muito em destaque, passou depois um pouco para o Di Maria e agora para o Schjelderup. Teme que a equipa esteja um pouco refém destes destaques mais individuais?
Acho que quem tem desbloqueado os jogos tem sido a força do coletivo. Porque se formos olhar para os golos, e para as equipas do campeonato, temos de dizer que é o jogador A naquela equipa e o jogador B naquela equipa. Acho que a equipa coletivamente tem funcionado. Há coisas que nós pretendemos continuar a evoluir, e trabalhamos nesse sentido, para que a equipa tenha a consistência de fazer grandes exibições. O facto de nós termos imensos jogadores com golos, e com boas exibições, revela que há um trabalho coletivo, e que a equipa joga em função do coletivo, conscientes que temos valores individuais muito bons e que a cada momento, no melhor deles, ajudam a equipa a vencer os jogos.
Como é que enquanto treinador faz a gestão do caso de Tomás Araújo? Ele estava a jogar a central, e a desempenhar bem o papel, mas depois, fruto da necessidade de o puxar para a direita, para lateral, aparece o António Silva, que começa a dar uma boa resposta como central. Agora, com a recuperação do Bah, corre o risco de sair da equipa. Como é que esta gestão é feita?
Acho que ele desempenhou muito bem na posição da lateral. Acho que ele fez dois jogos muito bons, para quem não tem a rotina de jogar naquela posição. Desempenhou realmente muito bem. Curiosamente com uma qualidade de cruzamento muito boa e muito interessante. O Tomás já tinha jogado naquela posição anteriormente. Já tinha jogado connosco com o Boavista também naquela posição. Estamos muito satisfeitos com ele. E também, na sombra, e foi esse sempre o tema de conversa entre mim e o António [Silva]. Disse-lhe: ‘No momento em que não estás a jogar, tu tens de te preparar para quando voltares a jogar, e vai ser naturalmente, estares pronto e dar boas respostas’. E o António assim o fez. Preparou-se em silêncio, foi difícil, pois é campeão nacional, jogador de seleção, estar de fora e ver o colega a jogar… Mas, teve sempre um comportamento exemplar, preparou-se para quando a equipa necessitasse dele, ele estava pronto e deu uma boa resposta. Nós, enquanto treinadores, ficamos satisfeitos por percebermos o seu carácter e por, no futebol moderno, termos a possibilidade de ter jogadores a ocuparem mais do que uma posição. E bem.
Depois dos assobios no Estádio da Luz, recebeu manifestações de apoio, tanto em Leiria como em Faro. Já afastou por completo a desconfiança que havia em relação a si?
Se há pessoa que sabe a exigência de estar no Benfica sou eu. Já cá estou há 20 anos. Numa conversa com um jogador, após vencermos a Taça da Liga, ele disse: ‘Se calhar os adeptos já vão estar mais satisfeitos’. Eu disse-lhe que não e que tínhamos de vencer na terça-feira. Eu nunca vou estar satisfeito comigo próprio. A minha exigência é que a equipa amanhã volte a estar bem e ganhe, porque é isso que é a exigência do Benfica. Independentemente do que possam pensar de mim, e eu sinto esse apoio dos adeptos, amanhã há um jogo complicado. O treinador que aqui esteja, tem de vencer o próximo jogo. Essa a mentalidade que eu tento passar para os jogadores, principalmente para aqueles que não conhecem a grandeza e a exigência do Benfica.
Os adeptos pediram-lhe um avançado, estilo Cardozo, e disse que não passava por si, mas que o Benfica tinha bons avançados. Não pediu jogadores ao presidente?
Nós temos de estar sempre atentos às oportunidades do mercado. Quer às saídas, quer às entradas. Uma coisa garanto, independentemente da posição, é que quem vier tem de ser para contribuir com qualidade, com talento para a equipa continuar a vencer.
Como é que se gere mais uma lesão do Renato Sanches? E essa lesão do Renato pode dar mais minutos a Rollheiser?
É tendo mentalidade de campeão. É como perder. É perder e olhar para o jogo seguinte. É cair e saber levantar-se automaticamente. É assim que se consegue. O Renato tem tido essa capacidade. Foi um momento muito feliz para ele. Nós vimos isso. Um menino, que agora é homem, da nossa formação, voltar a erguer um troféu. Agora teve novamente uma lesão… É não pensar muito naquilo que aconteceu. ´É voltar a trabalhar para regressar forte, sabendo que tem gente deste lado, equipa técnica, treinador e todo o staff, que o apoia imenso. O Renato é um médio. O Rollheiser é um médio que joga mais à frente. O antigo treinador, o Roger Schmidt, tentou adaptar o Rollheiser numa posição mais baixa, a número 8. O jogador sente-se mais confortável a jogar numa posição mais à frente, por isso, para o Rollheiser, para o Prestianni e para o Rego, todos têm de entender aquilo que eu, enquanto treinador, pretendo para aquelas posições. Eu posso dar o exemplo daquilo que já aconteceu com vários jogadores, que entraram na equipa, e muito recente, com o Schjelderup. Perceber muito bem aquilo que se quer em cada posição e da parte do treinador olhar para o jogador e a cada momento tentar tirar proveito. Olhar para os pontos menos fortes e trabalhá-los. O Andreas fez isso muito bem. Uma atitude na transição defensiva mais forte. Ser mais agressivo na pressão. Ter uma qualidade de jogo mais ofensiva e não apenas quando recebe a bola, ir contra o mundo. Ter um jogo mais adulto. Eu vou dar-lhe um exemplo do que aconteceu na meia-final, no jogo com o SC Braga. Ele fez um jogo muito bom. Se o resultado tivesse 0-0 aquela finalização, se calhar teria tido consequências mais negativas para ele. Não teve porque o resultado estava 3-0. Mas, o treinador estava lá com ele. Eu quero finalizações mais sérias. Ele entendeu e faz uma finalização muito séria contra o Sporting, e faz um golo, e recentemente contra o Farense. Este é um bom exemplo daquilo que é a nossa forma de trabalhar. Isto serve para todos, e depois eles entenderem muito bem aquilo que eu quero nas diversas posições.
Já nos pode adiantar qual o tempo de paragem da Di Maria?
Pela informação que temos ele já se apresentou hoje sem dores e eventualmente será um cenário mais positivo. Será apenas um jogo de ausência. Independentemente do sistema em que joguemos, o que eu quero é dinâmica e o atleta que jogar nessa posição vai ter de ter dinâmicas e movimentos que eu entendo que naquela posição devem existir.
Tendo em conta o que disse sobre o jogo mais maduro, aplica-se o mesmo a Beste?
Falei em 'adulto' sobre o Andreas no sentido de não sentir que tem de fazer um golo para o treinador olhar para mim. Ele não tem de driblar três jogadores, no jogo ou no treino, para o treinador olhar para ele. Ele tem de saber desempenhar as funções e fazer as movimentações que eu gosto. Nós temos trabalhado muito isto, em particular na zona mais ofensiva. Temos de ser mais agressivos nos movimentos em profundidade, mais roturas entre as defesas e não receber tanto a bola à frente da nossa linha defensiva. Isto é para todos os nossos homens da frente. Nós temos de ter mais esse tipo de movimentos. O Beste teve uma entrada muito boa na nossa equipa, ajudou-nos imenso em determinados jogos, especialmente quando jogávamos contra a linha de 5. É um jogador que joga na ala, que sabe fechar bem o corredor e sabe atacar por fora, com uma qualidade muito boa nos cruzamentos. Teve os golos importantes, teve assistências, teve entradas e ajudou-nos a consolidar o resultado. A proposta do mercado é nós olharmos para a proposta, olhar para o jogador e decidir o que é melhor para o jogador e para o clube.
Quer explicar como é que têm surgido estas lesões do Renato Sanches?
Qualquer coisa que eu vá dizer aqui não será o mais apropriado. Há coisas que poderemos depois eventualmente falar com o Departamento Médico e serem eles, de uma forma mais científica e concreta, a falar sobre a situação do Renato. Mas ,repito, aquilo que eu quero do Renato, e que sinto da parte dele, é que caiu e tem de se levantar com uma postura positiva.
No último jogo na Luz para o campeonato não foi feliz e o Famalicão já ganhou ao Benfica esta época. Falou nisso com os jogadores?
Nós temos de estar preparados para tudo. Temos de olhar para os jogos, e para todos os momentos dos jogos, de uma forma muito assertiva. Aquilo que falámos é que não podemos sofrer dois golos consecutivos da forma como sofremos, na bola parada e num canto. Isto não podemos fazer. O nosso objetivo é sempre melhorar e em todos os momentos dar respostas positivas. Os jogadores têm dado boas respostas a jogar de dois em dois dias. Essa é a minha exigência para com eles, porque eu sei que é a exigência que os adeptos têm para comigo e para com a equipa.