Anatomia dos golos de Utrecht e FC Porto nos Países Baixos
O FC Porto empatou a um golo na deslocação ao terreno do Utrecht, em jogo da jornada 4 da fase de liga da UEFA Europa League. Os neerlandeses chegaram à vantagem ao minuto 48, com golo de Miguel Rodríguez, e Borja Sainz, aos 66', marcou para os dragões. Aqui fica a análise aos dois momentos.
Golo do Utrecht
- As bolas paradas ofensivas assumem cada vez mais importância para desbloquear resultados e, muitas vezes, levar as equipas à vitória. Nesse sentido, há muito mérito por parte do Utrecht na forma como conseguiu "enganar" a organização defensiva azul e branca aquando do golo inaugural.
- Perante uma barreira composta por dois jogadores e com Pepê solto sobre a entrada da grande área, para prevenir algum passe lateral a solicitar remate em zona frontal, os neerlandeses aproveitaram o espaço entre Pepê e a barreira para surpreender o FC Porto.
- Com dois jogadores perto da bola, Zechiel (destro) e El Karouani (canhoto), e um jogador à entrada da grande área, Cathline, a atrair a atenção de Pepê, o Utrecht conseguiu encontrar o espaço ideal para solicitar o movimento de desmarcação lateral de Rodríguez, o qual contou com a preciosa ajuda do capitão Viergever (responsável pelo bloqueio a Martim Fernandes) e Horemans (atraiu a atenção e a marcação de Bednarek) .
- Após simulação de Zechiel, Miguel Rodríguez surgiu no espaço livre criado pela intervenção de Viergever e Horemans. O passe de El Karouani não foi perfeito, tal como a recepção de Rodríguez. Ainda assim, e porque Gabri Veiga não quis arriscar contacto que pudesse resultar em penálti, o camisola 22 do Utrecht rematou para o fundo da baliza de Diogo Costa, contando ainda com um pequeno desvio de Prpic
Golo do FC Porto
- Num jogo com evidentes dificuldades para construir jogadas de perigo em ataque organizado, os dragões só poderiam marcar através de uma bola parada ofensiva ou num momento de transição ofensiva na sequência de recuperação de bola em zonas mais adiantadas.
- Foi precisamente em transição ofensiva que os comandados de Farioli chegaram ao empate, curiosamente num lance iniciado com um mau passe de Prpic, que procurou ligar o jogo com Deniz Gul, que havia baixado para receber bola.
- Vierveger ficou com bola e tinha linha de passe limpa para o guarda-redes. Decide fazer uma «rotunda» e virar-se de frente para o jogo. Foi o suficiente para que Borja Sainz procurasse pressioná-lo pelo lado cego e o FC Porto aproximasse jogadores e criasse uma zona de pressão sobre o corredor central.
- O capitão passou a Van den Berg, que foi rapidamente condicionado por Sainz, Gul e Eustáquio. O médio holandês percebeu que Engwanda estava livre, tal como Gabri Veiga. O espanhol antecipou a tomada de decisão do adversário e surpreendeu Engwanda, antecipando-se e progredindo imediatamente para o contra-ataque.
- Com campo aberto e espaço para conduzir, atrair, fixar e soltar, Veiga endossou o esférico para Deniz Gul rematar. O guarda-redes do Utrecht defendeu para o lado e Borja Sainz empatou a partida, num lance em que a vantagem posicional portista foi suficiente para ultrapassar a vantagem numérica do Utrecht.