Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica
Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica - Foto: IMAGO

Afinal, quem é vieirista?

Uma coisa é certa com a formalização de Vieira: o enfraquecimento das candidaturas dos restantes adversários de Rui Costa. Quem com este está descontente e pretende mudança, muito mais temerá o regresso do vieirismo. A dispersão de votos torna muito mais abertos e imprevisíveis os resultados das eleições. Será muito provável a bipolarização

O que era impensável há quatro anos e se tornou cada vez mais previsível nos últimos meses, concretizou-se: Luís Filipe Vieira é oficialmente candidato à presidência do Benfica. O mais vitorioso e controverso líder do clube da águia nas últimas décadas - mas também o de maior longevidade – quer voltar ao poder e crê que a reeleição é credível e - mais relevante - possível, sucedendo ao seu sucessor, Rui Costa.

Vieira sustenta as pretensões ao trono encarnado nas mesmas falhas que os opositores do atual executivo - e também já candidatos firmados - imputam à liderança do ex-futebolista agora dirigente. A saber, falta de profissionalismo, gestão baseada em amiguismo, fraqueza perante as instituições que superintendem o futebol português (com o recente presidente da federação como alvo preferencial), são o foco do ataque acirrado do antigo presidente à direção em fim de mandato. Vieira recorre-se de um discurso populista e de tom sobranceiro e ufano do legado de sucesso desportivo e patrimonial de que se arreiga em longo período de vigência (2003 a 2021).

As etapas da candidatura de Vieira têm sido cumpridas, exclusivamente, em entrevistas televisivas, em canais ávidos de captar audiências à custa de figuras polémicas, transformando-as em espetáculo mediático paupérrimo do ponto de vista intelectual e vazio de esclarecimento, à imagem do que é useiro no presente extremismo político em Portugal, atualmente com êxito. Tal como a política, o desporto, e neste caso os clubes, e destes um dos mais representativos e de maior dimensão no país (ou o mais), deveriam escusar-se a desvalorização e desprestígio tamanhos.

Vieira também assume esse radicalismo, quiçá com o objetivo de angariar votos entre saudosistas seus e nas franjas contestatárias da gestão de Rui Costa mais inflamadas, propensas a tomar decisões impulsivas, incoerentes até, nas urnas. Nestas, porque o mote do descontentamento com a direção em exercício tem sido o pretenso seguidismo a Luís Filipe Vieira, a incapacidade ou intenção de Rui Costa de cortar com a herança e as personalidades do vieirismo. E claro, quem reconheça em LFV a melhor escolha entre os candidatos.

Uma coisa é certa com a formalização de Vieira: o enfraquecimento das candidaturas dos restantes adversários de Rui Costa. Quem com este está descontente e pretende mudança, muito mais temerá o regresso do vieirismo. A dispersão de votos torna muito mais abertos e imprevisíveis os resultados das eleições. Por isso, será muito provável ocorrer bipolarização.