Afinal não era só uma cara bonita: o impressionante império de Beckham

Antigo internacional inglês brilhou nos relvados, mas conciliou uma carreira de grande nível com uma gestão fora de campo que o tornam num exemplo

David Beckham é um tipo bem parecido. Já o era nos tempos de jogador e isso valeu-lhe muitas vezes críticas e até questões sobre o seu verdadeiro valor desportivo.

Isto apesar de ter somado 115 internacionalizações por Inglaterra (17 golos), se ter tornado lenda do Manchester United e ter construído uma carreira que o fez representar o Real Madrid na era dos ‘Galáticos’, o Milan, onde mantinha a forma nas longas paragens competitivas dos norte-americanos dos LA Galaxy, e o PSG, clube no qual terminou a carreira na temporada 2012/2013.

Apresentação de David Beckham no Real Madrid, em 2003.

Enquanto jogador, Beckham já era notícia recorrente na imprensa cor de rosa. Se fossem precisas mais razões, porque era também o namorado – e depois marido – da Posh Spice Victoria Adams, da girls band mais famosa dos anos 90, as Spice Girls.

Mas aliado a tudo isto e ainda ao facto de se poder dizer que foi dos primeiros futebolistas a atingir um estatuto mediático universal, David Beckham foi construindo fora dos relvados um património bastante diversificado – vai desde a moda, a produtos de bem-estar com CBD, uma substância derivada da cannabis, ainda desportos eletrónicos, entre vários outros -, tornando-se numa marca além de futebolista.

Ao ponto de essa gestão feita por alguém que foi ainda nomeado Cavaleiro da coroa inglesa – é Sir David Beckham, por favor! - ser estudada como caso de sucesso na London Business School.

Mas se quando terminou a carreira a revista Forbes calculava que a fortuna acumulada por Beckham ao longo de 22 anos no alto nível se cifrava em 47 milhões de euros, atualmente, segundo contas do jornal Marca, esse valor situa-se perto dos 390 milhões!

Victoria e David Beckham com o filho Brooklyn (Imago)

O mesmo jornal, que cita dados do Sportico, coloca o antigo internacional inglês no top-10 dos desportistas mais bem pagos da história. E o oitavo lugar numa lista liderada por Michael Jordan e tem Cristiano Ronaldo no terceiro lugar, logo atrás do golfista Tiger Woods, justifica-se muito mais pelos patrocínios, direitos de imagem e investimentos feitos ao longo da carreira do que pelos salários enquanto jogador, apesar de estes também terem um peso importante, obviamente.

Visionário desde os tempos de jogador

Um dos passos destacados pela reportagem da Marca para a sustentação do pós-carreira de David Beckham é aquele que o inglês deu em 2007, e que permitem que hoje se mantenha ligado ao futebol de nível planetário, agora como proprietário do Inter Miami, que tem como principal figura Lionel Messi.

Aquando da chegada à MLS, para assinar pelos LA Galaxy, após quatro épocas no Real Madrid, Beckham tinha à espera no contrato uma cláusula que ajudava a justificar o peso dado então à transferência, anunciada como um dos principais passos para impulsionar o soccer nos EUA.

Ao assinar pela então mais extravagante equipa norte-americana, Beckham ficou com uma opção de compra de uma franquia da MLS, por um valor de 25 milhões de dólares, tendo cinco anos para exercer esse direito.

E uma vez que além do ordenado no valor de 5,5 milhões de euros recebia uma percentagem de todos os bilhetes vendidos pela MLS graças à sua presença, além de benefícios também nos acordos comerciais assinados a partir de então com algumas das maiores marcas de todas as áreas – cláusulas que lhe terão valido qualquer coisa como 217 milhões! - o que eram míseros 25 milhões?

E assim, em 2018, junto dos irmãos Jose e Jorge Mas, empresários multimilionários norte-americanos, lançou as bases do Inter Miami, que se estreou na competição dois anos depois.

Cinco anos depois, e apesar de escassa expressão do futebol nos EUA, o clube de Beckham já está avaliado em 1.000 milhões, o que o coloca no 16.º lugar do ranking de clubes com maior valor de mercado, de acordo com o Sportico, numa hierarquia que é liderada pelo Real Madrid e tem o Benfica como único represente português, no 41.º lugar.

Até um Emmy já ganhou!

Atualmente, o império construído pelo antigo jogador, está dividido em três grandes áreas sob a égide da DRJB Holdings, cuja sigla representa as iniciais do nome David Robert Joseph Beckham: a DB Ventures é responsável por todas as associações comerciais do agora empresário – por exemplo o contrato vitalício assinado em 2003 com a Adidas; a Studio 99 é uma produtora audiovisual que já lhe valeu a conquista de um Emmy em 2024; enquanto a Seven Global gere todas as licenças relacionadas com a marca Beckham.

Em bens imobiliários, David Beckham tem também património cujo valor ascende a 130 milhões de euros, com propriedades de luxo em Londres, Miami, Los Angeles, no Burj Khalifa, edifício mais alto do mundo, localizado no Dubai, ou na Côte d'Azur.

O império infindável conta ainda com carros desportivos de várias marcas e artigos de arte avaliados em mais de 40 milhões de euros por especialistas.

Tudo isto levou a revista Time a colocar o antigo jogador no top-100 dos filantropos mais influentes do Mundo.

Talvez seja seguro afirmar que David Beckham não é apenas uma cara bonita. Talvez.

David Beckham diz que no seu tempo os jogadores tinham de respeitar os fãs do Manchester United (FOTO IMAGO)
David Beckham triunfou nos relvados e nos negócios como poucos