Vinícius Júnior no Alverca-Benfica (Foto: Miguel Nunes)

A vinda surpresa do «palpiteiro» Vinícius Jr. ao jogo do Alverca com o Benfica

Na segunda parte da reportagem pelas instalações do Alverca, Pedro Alves fala da ligação de Vinícius Júnior à equipa, da nova estrutura dos ribatejanos e do que o levou a aceitar este enorme desafio, depois de um ano sem trabalhar

O Alverca deu luta ao Benfica no jogo da 4.ª jornada da Liga, que contou com a presença especial de Vinícius Jr. no estádio. A estrela do Real Madrid é a nova grande figura ligada ao Alverca, cuja SAD foi adquirida durante a época passada por um grupo de investidores que, entretanto, revolucionou as estruturas da equipa, como já é sabido. E Pedro Alves, diretor desportivo do projeto, diz que «é incrível» estar no mesmo barco que um jogador que, uma vez, tentou levar para o SC Braga.

«Eu vi-o jogar em 2015 e passados 10 anos ele é o adepto mais conhecido do Alverca. Logicamente que o Vinícius Júnior tem uma pequena participação na holding minoritária, mas acima de tudo o foco principal dele é ele ter sucesso desportivo. O foco total dele é ter rendimento ano após ano, a fazer 70 jogos. Agora, para nós enquanto clube é importante ter o Vinícius Júnior. Não só para o Alverca, mas para a nossa liga.»

A presença de Vini é tão significativa que, para Pedro Alves «a visibilidade que dá tê-lo num jogo entre o Alverca e o Benfica, se fosse o Alverca-Tondela, onde era exatamente o mesmo.» 

«A visibilidade que ele nos aporta para nós enquanto clube, enquanto país, se queremos vender um produto melhor, temos que ter esta gente dentro e para nós é um privilégio termos o Vini dentro», conta, antes de revelar o «palpiteiro» que o brasileiro é.

«Ele é palpiteiro. “Este não joga nada, aquele não joga nada” [risos]. Estou a brincar, como é lógico, ele não participa em rigorosamente nada do nosso dia a dia.»

Claro que a vinda de Vini para o jogo com o Benfica, menos de 24 horas depois de o jogador marcar pelo Real Madrid ao Maiorca, apanhou quase todos de surpresa. Até o próprio Pedro.

«Desconhecia que ele vinha, foi uma agradável surpresa. Logicamente que me deu problemas porque acabei por receber mensagens de familiares mais próximos, irmãos, sobrinhos, tios, até amigos que já desconhecia que tinham o meu número, para ver se conseguia tirar uma fotografia com ele, mas não foi possível conseguir para todos.»

Outras das manobras publicitárias levas a cabo por Vini envolveu o Camavinga, Travis Scott e Chase B, que vestiram camisolas do Alverca, mas essa já estava planeada.

«Dessa vez não fiquei tão surpreendido porque fomos nós que oferecemos as camisolas. Não sei se foi uma iniciativa do Vinícius, mas foi um presente que acabou por dar alguma publicidade, ou visibilidade, para não dizer gigante, às camisolas do clube.»

Tatá: o novo homem-forte do Alverca

A ligação de Vinícius Jr. ao Maior do Ribatejo proporciona-se pela relação que o jogador tem com o empresário que se tornou no investidor principal da equipa: Thássilo Soares, ou Tatá, «porque é como ele gosta de ser tratado», diz Pedro.

Pedro Alves, diretor desportivo do Alverca (Foto: A BOLA)

«O Tatá tem uma criação de valor, ao longo dos últimos 15 anos, gerado como agente de futebol. Ele é agente de Vinícius Jr., Lucas Paquetá, Gabriel Martinelli. Esses jogadores estão associados à empresa Roc Nation Sports Brasil, mas quem trata da vida deles é o Tatá. É o meu chefe, no fundo, a quem eu tenho de reportar tudo e um par de botas do que se passa neste clube.»

«O Tatá, agente de futebol, não meteu um único jogador aqui dentro»

Tatá chegou ao Ribatejo no primeiro dia de 2025 e, «por incrível que pareça», como diz Pedro, «a visão dele foi manter toda a gente. Só houve uma alteração, que foi a entrada de José Miguel Albuquerque, para CEO, mas a partir daí não houve uma única mudança».

O que Tatá fez foi «aportar todo o custo, a partir de janeiro, de tudo, quer fosse com o staff, de estágios, prémios», tanto que o mercado de inverno ainda «foi feito com base na estrutura anterior» e «a partir daí, focou-se naquilo que iria ser a visão futura».

Além disso, «a Roc Nation Sports não tem um único jogador aqui, ou seja, o Tatá, agente de futebol, não meteu um único jogador aqui dentro, um único jogador dele aqui dentro», destaca Pedro, antes de rematar com o bom-humor que também o caracteriza: «E tinha a legitimidade de o fazer, podia pôr aqui o Lucas Paquetá ou o Martinelli aqui, que se calhar eram bons suplentes [risos], mas no fundo não interferiu em nada do que foi o planeamento desportivo.»

SC Braga, Estoril, Olympiakos e… Alverca

Olhando para o percurso de Pedro Alves no mundo do futebol, desde que pendurou as botas como jogador, o próprio assume que, após a passagem pelo Olympiakos, «existe sempre uma expectativa de continuar a lutar, pelo menos pelas competições europeias e por ser campeão nacional, porque é a ambição de cada um».

«Eu quando faço um trajeto com SC Braga, cinco anos de Estoril e vou ao Olympiakos, quando nós chegamos a um clube do patamar desse patamar, que acaba por lutar por ser campeão nacional, que vai às competições europeias, existe “frustração” de estar quatro meses a trabalhar no Olympiakos e sair pelas razões já conhecidas», explica. Mas a realidade é que os convites escassearam.

«A verdade é que passou um ano e o único convite que tive foi das pessoas que hoje são donas do Estoril. Podia estar aqui a dizer que rejeitei A, B ou C, mas não rejeitei nada, porque não me chegou nada. Então, o Tatá já me conhece desde 2018 porque eu pertenci à Traffic, que hoje é a nova Roc Nation Sports, já tinha uma relação comigo. Como tinham visto e acreditado no meu trabalho no Estoril, deram-me a oportunidade de participar neste projeto. E eu aceitei porque é um projeto aliciante e com futuro.»

Para já, o futuro do Alverca passa pela procura da manutenção na Liga, uma luta a ser realizada numas instalações de topo, pelo menos em Portugal, e sob o olhar atento de Viníciur Jr. e, claro, de Pedro Alves. Confiante no ambicioso projeto e nas pessoas envolvidas, o futuro do Alverca adivinha-se risonho para um emblema que, durante décadas, desconheceu o que é o convívio entre os grandes do futebol nacional.