Sinner e Djokovic na final de Wimbledon - Foto: IMAGO

«A nuvem do 'doping' vai perseguir Sinner como a do Covid-19 me perseguiu»

Novak Djokovic diz acreditar na inocência de Sinner, mas deixa críticas à forma como a suspensão do italiano, no início do ano, foi conduzida

Novak Djokovic revelou que não gostou da forma como o processo da suspensão de Jannik Sinner este ano, devido a doping, foi conduzida.

O italiano, atual número dois do mundo, foi suspenso em fevereiro, depois de ter acusado o uso de Clostebol, num teste antidoping. O tenista garantiu que a substância havia entrado no seu organismo por acidente, através de um tratamento aplicado pelo seu fisioterapeuta. Segundo a versão apresentada por Sinner, o fisioterapeuta usou uma pomada para tratar um ferimento num dedo e depois massajou o atleta sem luvas.

Ora, a Agência Mundial Antidoping não o deu como responsável pela situação, mas Jannik foi suspenso por três meses, de fevereiro até maio.

Agora, Djokovic abordou o caso: o sérvio diz acreditar na inocência de Sinner, mas aponta falhas à forma como o caso se desenrolou.

«Essa nuvem irá persegui-lo, tal como a nuvem do Covid-19 [Djokovic recusou vacinar-se contra o coronavírus] me irá perseguir para o resto da minha carreira. Foi algo tão marcante que, quando acontece... Com o tempo, irá desvanecer-se, mas não creio que desapareça. Haverá sempre um certo grupo de pessoas que tentará trazer isso à tona», afirmou Nole, em entrevista a Piers Morgan.

«Quando isto aconteceu, fiquei chocado, honestamente. Acredito que ele não o fez de propósito. Mas a forma como todo o caso foi gerido levanta muitas suspeitas», prosseguiu.

Piers Morgan sugeriu que a suspensão de Sinner teria sido muito pior caso se tratasse de um tenista do top 500, algo com o qual Djokovic concordou.

«Foi muito, muito estranho»

«Exatamente... A falta de transparência, a inconsistência, a conveniência da suspensão ter ocorrido entre Grand Slams para que ele não perdesse os outros. Foi muito, muito estranho. Não gostei da forma como o caso foi conduzido, e ouvimos muitos outros jogadores, tanto masculinos como femininos, que tiveram situações semelhantes, a queixarem-se nos meios de comunicação de que houve um tratamento preferencial», defendeu.

«Essencialmente, quero acreditar, e a minha história com ele leva-me a crer, que ele não o fez de propósito. Mas, claro, é responsável, porque as regras são essas. Quando algo assim acontece, a responsabilidade é tua. E quando vemos alguém ser suspenso por anos por algo muito semelhante ou igual, e ele é suspenso provisoriamente por três meses, ou o que quer que tenha sido, simplesmente não está certo.»

Ainda assim, Djokovic reconhece a forma como Sinner tem lidado com o assunto: «Obviamente, não é fácil para ele, e sinto empatia e compaixão, porque penso que ele tem gerido muito bem a tempestade mediática que volta de tempos a tempos.»

«Está a lidar com isso de forma muito madura e estável, e dou-lhe os parabéns por isso. Mas, definitivamente, não é fácil. E no meio de tudo isto, continua a dominar. Continua a jogar de forma incrível e a vencer Grand Slams. Acho que é interessante. Devias entrevistá-lo», atirou.