A novidade Forbs, a substituição de Nuno Mendes e proibir o que não seja foco no apuramento: tudo o que disse Martínez
— Esta convocatória conta com entradas, saídas e a estreia de Carlos Forbs. Como justifica esta opção?
— Há jogadores que não estão aptos medicamente, como o Nuno Mendes ou o Nuno Tavares, e depois os jogadores que voltam, o João Cancelo, o João Neves e também agora o Rafael Leão, que está a ter bons minutos, e o Carlos Forbs. Acho que o Carlos é um jogador com um perfil muito especial, um jogador rápido, vertical, mas que consegue jogar nas duas alas e acho que isso é muito importante para o estágio em novembro, onde os jogadores já têm minutos e precisamos de gerir isso.
E o Forbs está num momento muito bom, o melhor da sua carreira, é um jogador novo, mas com muitas experiências na Inglaterra, Holanda e agora está a ter um papel muito importante na sua equipa, que está fazer uma época na Liga de Campeões muito boa e ele é um jogador essencial nessa equipa. Então, o Carlos merece e é um bom trabalho feito com a equipa sub-21, um jogador muito interessante para termos nos trabalhos da Seleção Nacional.
— Qual o estado físico de Pedro Neto, que está na lista mas não jogou pelo Chelsea no último duelo da Champions League por motivos físicos? Quando tomou a decisão de convocar Carlos Forbs? Quanto pesou a última exibição pelo Brugge frente ao Barcelona, com uma assistência e dois golos?
— O Pedro Neto é uma situação em que ainda tem possibilidades de jogar pela sua equipa no próximo jogo. Então, se conseguir entrar na convocatória do seu clube, pode jogar na Seleção, se não conseguir entrar na convocatória da sua equipa, é claro que não poderá entrar. O Carlos é um jogador que acompanhámos durante toda a época porque foi um jogador que, desde a primeira vez que o vi, nos sub-17. é um jogador diferente, que faz lembrar o impacto do Chico Conceição ou do Pedro Neto, na primeira vez que nós chamámos. Acho que o Carlos Forbs tem o mesmo perfil, jogador desequilibrante, rápido, que consegue jogar nas duas alas.O Roger [Fernandes] também pode fazer isso, já conhecemos o Geovany Quenda, temos opções. Fazer dois golos e uma assistência contra o Barcelona na Liga de Campeões ajuda, mostra um momento de confiança que pode ser contagioso dentro do grupo, é um exemplo para todos os jovens das equipas de formação.
— Já tinha tomado a decisão de o convocar [antes do jogo com o Barcelona]?
— Não, a decisão foi tomada ontem. Trabalhamos com uma metodologia muito clara com a equipa técnica, acompanhamos todos os jogadores, apanhamos informação, mas a tomada de decisão é o dia antes da convocatória.
— Opta por não levar qualquer lateral-esquerdo de origem. Porque tomou esta decisão? Não viu fora destas opções outra alternativa para chamar para estes dois jogos?
— O importante para nós é o contexto do estágio de novembro. Temos os dois últimos jogos do apuramento e o que fizemos nos dois últimos estágios é muito importante. Temos dois dias para preparar o jogo contra a Irlanda e então precisamos de encontrar soluções dentro do grupo e utilizar os jogadores com os quais já trabalhámos durante os dois últimos estágios, decisivos pois já enfrentámos as duas equipas que agora vamos enfrentar. Não há um jogador para substituir o Nuno Mendes, para mim é um jogador especial, provavelmente o melhor jogador do mundo neste momento. Então, precisamos de procurar soluções com outras opções táticas e tentar fazer como já fizemos, utilizar jogadores por fora e dar um equilíbrio na ala com jogadores como o Diogo Dalot e o João Cancelo, que já fizeram esse trabalho. É importante utilizar o trabalho feito durante os dois últimos estágios para estarmos preparados nos jogos contra a Irlanda e a Arménia.
— Voltou a não convocar Rodrigo Mora e Geovany Quenda, que têm sido titulares nos dois primeiros classificados do campeonato, o FC Porto e o Sporting. Isto quer dizer que eles estão definitivamente fora do Mundial? Conta com eles mesmo não fazendo jogos oficiais pela seleção?
— Sem dúvida! Em primeiro lugar, agora não podemos falar do Mundial porque precisamos de apurar-nos, o estágio de novembro é para isso. O foco é ter um grupo de jogadores para nos apurarmos para o Mundial. Depois, acompanhamos a nossa lista, que tem jogadores como o Rodrigo Mora, ou Mateus Fernandes, o Geovany Quenda, o João Simões, o Félix Correia, que está a fazer muito boa época, ou o Tomás Araújo. Temos muitos jogadores. Isso faz parte da competitividade que temos e vamos sempre procurar momentos de forma face ao que a seleção precisa. Mas agora é o momento de nos apurarmos, o foco é esse Vamos proibir falar, discutir, sonhar com o Mundial porque precisamos de apurar-nos primeiro.
— Acha que vai garantir já a qualificação na próxima quinta-feira ou que o xeque-mate vai ser só mesmo no Estádio do Dragão, no domingo seguinte?
— O foco é tentar apurar para mais um Mundial na história de Portugal e isso para os nossos jogadores é um motivo incrível. O resto para nós olhar para trás e utilizar todos os nossos desempenhos é importante para melhorar, acho que contra a Hungria os últimos vinte minutos foram uma lição do que precisamos de melhorar. Em todos os jogos, precisamos de controlar o jogo com as nossas armas e agora temos dois jogos para continuar a melhorar e acrescentar ao que estamos a procurar. O foco é tentar ganhar os dois jogos e depois vamos ver.
— Como reage à entrevista de Cristiano Ronaldo e a sua ambição reiterada de conquistar o Mundial 2026?
— Acho que é sempre bom ouvir as ideias do capitão da seleção, porque é um jogador único, não há outro jogador com 200 internacionalizações pelo seu país. Acho que todos podemos perceber a sua paixão e saber a sua ideia do que é para ele vestir a camisola de Portugal, é um exemplo, uma pessoa que está muito focada para o apuramento em novembro e depois seria fantástico poder continuar com o sonho do Mundial. O resto, é só o foco no apuramento. Vou proibir tudo o que não seja falar do apuramento - temos dois jogos, se pudermos apurar-nos depois do jogo na Irlanda, perfeito, senão precisamos do apoio dos nossos adeptos no Dragão e tentar dar tudo mais uma vez. No estágio de setembro, seis pontos; no de outubro, quatro. Foram estágios muito bons, mas agora precisamos de fechar o ciclo ao melhor nível.
— Está nomeado para melhor treinador do mundo. Como recebeu essa notícia?
— Sinto orgulho e é um sinal do que a Seleção está a fazer. Ganhar a taça da Liga das Nações no formato mais exigente de sempre, os dez jogos, a reviravolta contra a Dinamarca, vencer a Alemanha a jogar na Alemanha, ganhar a final contra a Espanha… acho que são momentos importantes para isso. Mas ver o Vitinha e o Nuno Mendes também nomeados [para melhor futebolista], penso que mostra o que a seleção está a fazer. E depois há a perceção desde fora, que é sempre importante.
— Relativamente às entradas na convocatória, há pouco tempo, referiu que era difícil entrar nesta seleção dado os jogadores que lá estão. Para jogadores como Leonardo Lelo do SC Braga, Mateus Fernandes ou Martim Fernandes do FC Porto, apesar desta entrada do Carlos Forbs, vai ser cada vez mais difícil entrar na seleção portuguesa?
— No futebol, precisamos de criar um ambiente competitivo e mexer quando precisamos de o fazer. A equipa está a competir muito bem, acho que o apuramento de setembro foi exemplar e agora há que criar competitividade para trabalhar no futuro, mas o importante é que agora temos jogadores muito importantes na seleção, comprometidos, em momentos muito bons nas suas carreiras e depois há jogadores que estão a bater à porta, a trabalhar muito bem nos Sub-21. A equipa está bem, já mostrámos que quando não há três, quatro jogadores importantes, como aconteceu em outubro, a equipa continua a competir e isso faz parte do processo da formação no futebol português, temos todos os anos jogadores com talento e que podem trazer qualquer coisa diferente ao balneário da Seleção. Mas precisas de ter um motivo para mexer e agora é importante continuar e trabalhar com uma ideia de balneário de clube, porque é importante poder estar a melhor nível durante os jogos quando só há dois, três treinos para os preparar.
— No lançamento dos convocados, o Matheus Nunes foi anunciado antes dos defesas centrais. Isso prova que conta com ele como lateral direito, como faz Guardiola no Manchester City?
— A polivalência é importante. No contexto da seleção, há jogadores que têm duas, três posições, é importante. Agora o Mateus Nunes está a desfrutar muito da sua posição de lateral direito, é uma posição híbrida porque é uma posição que sem bola é de lateral direito, mas com bola tem espaços por dentro e pode utilizar uma estratégia de jogo diferente em jogos diferentes. É importante para nós, a posição em que vamos utilizar o Matheus Nunes, porque temos o Nelson Semedo, o Dalot e o Cancelo, os quatro jogadores para trabalhar nessas posições de alas, na direita e na esquerda, mas também é um jogador que, com bola, pode ser utilizado numa posição central, como já fizemos com o João Neves.
— Tomás Araújo voltou a ficar fora da convocatória, apesar de nos últimos jogos ter sido titular no lugar do António Silva no centro da defesa do Benfica. Porquê António Silva em vez de Tomás Araújo?
— O Tomás é um jogador que já fez a estreia na Seleção, o jogo contra a Croácia mostrou o que ele pode fazer e o que pode trazer-nos e é muito importante que possa continuar a disputar jogos importantes e continuar uma época importante com o seu clube. Faz parte da nossa lista e dos jogadores que acompanhamos, mas também já falei do foco no estágio de novembro e utilizar o que já fizemos no estágio de preparação de setembro e outubro, porque defrontamos as mesmas equipas. É um período curto para nós e faz sentido continuar com o trabalho feito com o António Silva e os outros centrais para poder enfrentar a Irlanda. Não é uma questão, aacho que o António Silva ainda é importante no seu clube, como é o Tomás Araujo, e é uma boa notícia para a seleção e para o futuro [ter os dois]. Mas, para este estágio, continuamos com o trabalho feito para preparar o jogo contra a Irlanda, no estágio de outubro, e para nós é importante finalizar.
— Tem uma frase forte sobre o Nuno Mendes, definindo-o como o melhor jogador do mundo da atualidade. Como é que é perder o melhor jogador do mundo a dois ou três dias de uma convocatória? Volta João Cancelo, que é um jogador de quem já afirmou que gosta bastante. Que importância pode ter?
— Primeiro, a minha avaliação sobre o Nuno Mendes é muito subjetiva. É como falar sobre um filho, não é? Mas acho que não há, neste momento, outro lateral esquerdo que tenha a capacidade de defender situações de um contra um como já vimos nos seus jogos com a Seleção e com o seu clube, que com bola tem capacidade de jogar por dentro, por fora, capacidade física para fazer piscinas. É um jogador completo, muito bom no ar, consegue jogar na posição de central… Na minha opinião, é um jogador decisivo no seu clube e para mim é o melhor jogador do mundo. É totalmente subjetivo e não preciso de outros treinadores a concordar. Além do Nuno Mendes, o Nuno Tavares, que trabalhou nessa posição, também está lesionado e é um desafio para a nossa seleção, mas acho que uma equipa para ganhar um torneio precisa de ter soluções. Jogar contra a Irlanda, uma equipa que precisa de ganhar para ter possibilidades para o apuramento para o Mundial, o ambiente, tudo isso faz parte do desafio. Mas acredito muito nos nossos jogadores e em poder ter opções para poder ter um onze inicial e o que termine, para poder ganhar. O João Cancelo foi muito importante durante o estágio de setembro, não esteve connosco em outubro, tal como o João Neves. Para nós seria muito melhor ter todos os jogadores, mais dores de cabeça para o treinador e a equipa técnica, mas temos muita vontade e queremos atingir o apuramento neste estágio. Por fim, quero dar os parabéns ao Bino e à sua equipa, já apurada para a próxima fase do Mundial sub-17. É fantástico ver as suas exibições e quero também desejar o melhor às nossas equipas sub-17 e sub-19, que começam o novo ciclo de apuramento para os seus Europeus.