A BOLA visitou a mercearia portuguesa onde craques do Bayern se abastecem

A mercearia onde os craques do Bayern comem pastéis de nata e de bacalhau

No centro de Munique, fomos recebidos pela São na loja ‘Made in Portugal & Brasil’. Renato Sanches chegou a passar por lá, tal como Élber, Zé Roberto, Lúcio, Thomas Muller... (Vídeo: Maycon Quiozini)

É muito perto do hotel onde se encontra a Seleção Nacional em Munique que a reportagem de A BOLA tropeçou numa pequena mercearia com uma bandeira de Portugal à porta. A montra não enganava: objetos de barro, produtos portugueses, pastéis de nata e de bacalhau. O nome da loja tirava, depois, qualquer dúvida que ainda pudesse existir: Made in Portugal & Brasil. Natural por isso que, mal atravessámos a porta, tenhamos sido recebidos com um sonoro «Boa tarde», em bom português.

O exterior da mercearia portuguesa de Munique

Foi com um enorme sorriso que São nos dá as boas-vindas. Natural da Mêda, no distrito da Guarda, está na Alemanha há 40 anos. Está ela e o marido e foi já em Munique que nasceram os três filhos do casal. A mercearia está aberta há 28 anos e, entre períodos melhores e outros menos bons, continua a ser um sucesso entre portugueses, «muitos brasileiros» e, claro, também alemães, «grandes fãs dos nossos produtos».

Entre os clientes habituais, há, todavia, uns que se destacam (ou se destacaram) entre os demais. «Ui, jogadores do Bayern vinham e vêm cá muitos. Começou a vir um, os outros vieram atrás, sobretudo os brasileiros», conta-nos São, neste dia sozinha na loja, uma vez que o marido está em viagem de trabalho.

Há rissóis de camarão, há pastéis de bacalhau e há coxinhas de galinha. Aqui, os sabores portugueses e brasileiros convivem sem qualquer problema

«O Renato Sanches também veio cá algumas vezes quando jogou no Bayern [o hoje jogador do Benfica, de 27 anos, jogou nos bávaros, que o contrataram por 60 milhões de euros às águias, entre 2016 e 2019]. Mas jogava pouco ele, não era?», pergunta-nos a proprietária da loja.

Renato Sanches quando atuava no Bayern, ao lado de Vidal, Rafinha e Ribéry (foto Imago)

E continua: «Ele vinha mais para mostrar a alguns amigos e familiares um pouco de Portugal aqui em Munique. O que comprava? Lembro-me mal, mas comia uns pasteis de nata, levava um vinhozinho, um vinho do Porto… Já foi há bastante tempo, não é?»

São continuava a recordar a lista de craques que passaram pela sua pequena mercearia. «Os brasileiros, esses vinham muito. O Zé Roberto [no Bayern de 1998 a 2005], o Lúcio [2000 a 2009], o Élber [1997 a 2003], o Rafinha [2011 a 2019], vinham todos. O Élber, aliás, ainda mora aqui perto, continua a vir cá muitas vezes», sublinha, lembrando ainda que, com eles, chegou a vir Thomas Muller, Neuer. «O Palhinha? Acho que nunca veio cá», diz.

Élber e Zé Roberto quando conquistaram a Bundesliga pelo Bayern em 2002/2003 (foto Imago)

O espaço comercial de São e do marido, natural da Moita, no distrito de Setúbal, começou por chamar-se apenas Made in Portugal, mas a clientela proveniente da comunidade brasileira cresceu tanto que decidiram acrescentar o país irmão ao nome.

«Sim, temos muitos amigos brasileiros e há muitos a viver aqui em Munique. E assim foi. São bons clientes e, por isso, a gente também aumentou a nossa gama de produtos, não é? E é por isso que temos aqui as típicas coxinhas brasileiras, ao lado do pastel de bacalhau bem português», diz São, com um sorriso. Sorriso esse que se alarga ainda mais quando à conversa vem o tema Alemanha-Portugal de quarta-feira, duelo que a Seleção Nacional venceu por 2-1. Em pleno solo alemão. A emigrante portuguesa não podia ter ficado mais feliz.

A simpatia de São, a proprietária portuguesa de uma mercearia em Munique, é contagiante

«Eu fiquei muito feliz quando... Ai, nossa senhora... Até fiquei sem palavras com a vitória! Estava com amigos brasileiros e alemães e realmente foi fantástico para nós. Se os alemães ficaram muito chateados? Não, ficaram a torcer por nós também [risos]», conta-nos São, lembrando depois o golo de Francisco Conceição.

«Foi uma grande festa aquele golo. Foi sim. Realmente foi... Deu a volta ao jogo todo, não é? Realmente aquilo bateu muita garra na equipa, porque viu-se que ele estava cheio de força e acho que virou o jogo ao contrário. Sai ao pai, que era um grande jogador também», constata.

E tendo a vitória sido na Alemanha ainda soube melhor, certo? «Claro, claro! Porque realmente é fantástico. São muitas as saudades de casa, nem há palavras para explicar. É saudades da gente do nosso País. E a Seleção é uma alegria para nós, aqui tão longe de casa.»

Feliz por saber que a Seleção continua ali, no hotel a dois quarteirões da sua loja, até domingo, São já só espera mais uma festa portuguesa na final: «É claro, eu estou à espera que ganhe a final. E acho que vamos ganhar, sim. Vamos ganhar por 2-1 à Espanha!»

Tanto de Portugal (e do Brasil) neste cantinho de Munique

À mercearia começam, entretanto, a chegar mais clientes. Uma senhora brasileira com o seu bebé e, logo depois, uma jovem em busca dos ingredientes para um jantar tipicamente mineiro. Um português entra para beber um café. É hora de deixarmos a simpática dona São trabalhar. Com um «até já!», em bom português.