Messi e Cristiano quando os prémios eram 'a doer'. Foto: IMAGO
Messi e Cristiano quando os prémios eram 'a doer'. Foto: IMAGO

A Bola é de Ouro mas brilha menos sem Ronaldo e Messi

Além de ser muito mais simbólica enquanto foi parceria 'France Football'/FIFA, a Bola de Ouro dificilmente voltará a ter a aura de quando aqueles dois fenómenos se digladiavam por ela

A Bola de Ouro é um curioso troféu instituído em 1956 por ideia de um jornalista francês da revista France Football.

À boa maneira de uma Europa então ainda colonialista, destinava-se a premiar, através da votação de jornalistas do continente, o melhor europeu a jogar na Europa; foi preciso esperar quase 40 anos, até 1995, para se abrir a porta a jogadores não europeus, ainda que apenas contassem os que atuavam na Europa; 12 anos mais tarde, em 2007, o prémio tornou-se universal (ainda que nunca conquistado por algum futebolista de um clube não-europeu até 2023, adivinhem quem).

Entre 2010 e 2015 a FIFA associou-se à Bola de Ouro. Fê-lo em boa hora, porque apanhou o auge da maior e melhor dupla de rivais de sempre do futebol: Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, o tal de 2023.

Claro que nesses seis anos só eles venceram, como aliás aconteceu nos dois anteriores e nos dois seguintes. Foram dez anos de uma espécie de impossibilidade técnica de qualquer outro jogador almejar ao troféu (ou aos troféus, visto que em 2016 a FIFA e a France Football se divorciaram e passou a haver duas distinções).

O que distingue as duas — passe o trocadilho/repetição — é a fórmula de votação e a altura do ano em que são entregues. A Bola de Ouro continua no mundo jornalístico, o The Best FIFA Player of the Year é votado por capitães e selecionadores das Seleções Nacionais, jornalistas e público.

Há sempre polémica em ambos (naturalmente) e nós cá fora nunca sabemos bem se os prémios têm a ver com a época desportiva ou com o ano civil. E pelo que já se viu em edições anteriores nem sempre quem vota tem mais certezas que nós.

A dada altura Ronaldo e Messi perderam alguma aura, os prémios foram sendo distribuídos por outros e, à vez, os dois grandes foram faltando a esta ou àquela cerimónia, nunca conseguimos indicar de cor a qual ou quais — uma vez mais, acho que o Mundo inteiro confunde um prémio com o outro e estávamos bem melhor entre 2010 e 2015.

Nesses seis anos a polémica até podia ser maior, porque não havia divisões salomónico-políticas para fazer entre troféus. Sabia-se qual era o prémio individual que realmente contava. Era aquele (e sim, estou neste caso apenas a falar em futebol sénior masculino). Quando há prémios a mais tudo se banaliza. E vá lá, confessemos: sem a picardia saudável entre Cristiano e Lionel não tem metade da piada. Dembé quê?...