Seis coisas que tem mesmo de saber sobre o Arsenal
Emirates (Foto: John Walton/IMAGO)

Seis coisas que tem mesmo de saber sobre o Arsenal

INTERNACIONAL12.03.202411:10

De uma fábrica de armamento nasceu o clube, com outro nome; ‘Os Invencíveis’ e a rivalidade doentia com o Tottenham; Sabia que… Bin Laden era adepto dos ‘gunners’?

LONDRES — Fundado em 1886, originalmente como Dial Square, o Arsenal é um dos clubes mais bem sucedidos de Inglaterra: 13 vezes campeão inglês, venceu 17 FA Community Shield, equivalente à nossa Supertaça, 14 Taças de Inglaterra, duas Taças da Liga, além da Taça das Taças em 1993/94 e, muito antes disso, a Taça das Cidades com Feiras em 1970. De origens humildes à nascença, está entre os 10 clubes mais ricos do mundo, gerando uma receita na ordem dos €532,6 milhões, de acordo com estudo recente do relatório Deloitte Football Money League. O valor do plantel é calculado em €1,11 mil milhões — o do FC Porto em €257,1 milhões… — mas os gunners têm outras particularidades que o tornam um clube muito especial. A BOLA escolheu seis coisas que tem mesmo de saber sobre o Arsenal.

O troféu especial

Golden Trophy (foto: Arsenal)

Arsenal é a única equipa inglesa a ter o Golden Trophy. Este troféu especial foi concedido ao clube em 2004, após a conquista da Premier League sem derrotas, na temporada 2003/2004, por uma geração de jogadores que ficaram conhecidos como Os Invencíveis. Foi uma conquista histórica e notável para o Arsenal e proeza lembrada com orgulho pelos adeptos do clube. Foram 38 jogos disputados, 26 vitórias, 12 empates e, claro, nenhuma derrota, 73 golos marcados e 26 sofridos, com um total de 90 pontos somados. Desenhado pela Royal Jewellers Asprey, de Londres, o troféu é feito de prata esterlina sólida, com prata dourada e apresenta uma base em malaquite. Pesa 22 quilos e tem 76 centímetros de altura.

'Os Invencíveis' não perderam em 49 jogos na liga, entre maio de 2003 e outubro de 2004 (Foto: Arsenal)

Os Invencíveis

Os Invencíveis foram treinados por um francês que se tornou lenda no clube londrino: Arsène Wenger é considerado um dos treinadores mais bem-sucedidos e influentes na história dos gunners e sua liderança e gestão durante essa temporada foi fundamental para o sucesso de uma equipa recheada de grandes valores. A começar, obviamente, por Thierry Henry. O atacante francês foi peça-chave ao ser artilheiro da liga durante aquela temporada, com 30 golos marcados. Patrick Vieira era o carismático capitão e pilar do meio-campo, fornecendo ao Arsenal liderança, força física e solidez defensiva, num todo onde brilhava também o luso-francês Robert Pires, criativo com rara visão de jogo, que alimentou o ataque com golos e assistências, moldando o estilo de jogo dos londrinos. Na retaguarda, a presença autoritária de Sol Campbell revelou-se crucial para o excecional desempenho defensivo do Arsenal. O desfile de craques era imenso, Lehmann na baliza, Touré, Cole e Lauren na defesa, Gilberto Silva no miolo, Bergkamp como parceiro de Henry, e ainda o sueco Ljungberg. O Arsenal estabeleceu um recorde no futebol inglês ao permanecer invicto em 49 jogos no campeonato, entre maio de 2003 e outubro de 2004.

Dérbi do Norte de Londres

Há muitos dérbis em Londres, mas nenhum dérbi como o North London Derby, o dérbi do norte de Londres. Para se perceber a rivalidade doentia com o Tottenham é preciso conhecer a história do Arsenal. Os gunners têm origens humildes. O clube foi fundado em 1886 por um grupo de trabalhadores da Woolwich Arsenal, fábrica de armamento localizada no sudeste de Londres. E não se chamava Arsenal, e sim Dial Square, em referência ao relógio de sol no topo da entrada da fábrica. Pouco tempo depois, o clube profissionalizou-se e mudou o nome para Woolwich Arsenal, entrando na Football League em 1893. Situado numa zona geográfica pouco aliciante, sem acesso por comboio, o clube foi comprado em 1910 pelo empresário Henry Norris e mudou-se para o norte de Londres em 1913, mais especificamente para Highbury, onde se manteve até 2006. Dois anos após a mudança, o  clube alterou o nome pelo qual é hoje conhecido, Arsenal FC. O problema da mudança para o bairro de Highbury é que o Arsenal entrou em território do Tottenham, a poucos quilómetros de White Hart Lane, o que desagradou aos spurs. Essa disputa territorial — dois estádios a uma distância de pouco mais de seis quilómetros — fez o Tottenham protestar junto da federação inglesa, mas sem efeitos.

Dia de celebrar a rivalidade

Adeptos do Arsenal e Tottenham comemoram datas especiais apenas pelo prazer de animar a chama da rivalidade e deitar abaixo o vizinho: o St. Totteringham’s Day  é o dia em que o Tottenham não pode terminar matematicamente a Premier League acima do Arsenal na tabela classificativa. É festa nos gunners. 14 de abril  é para os fãs do Tottenham o dia de St. Hotspur, um tributo à vitória dos spurs sobre o Arsenal, por 3-1, na meia-final da FA Cup de 1991.

Sol Campbell, amado e odiado

Formado em White Hart Lane, Sol Campbell esteve nove temporadas no Tottenham (1992-2001), antes de protagonizar a transferência mais polémica entre os dois rivais do norte de Londres. Em final de contrato e desejado pelo Barcelona, o central decidiu assinar pelo Arsenal, onde jogou cinco anos, até 2006. Pendurou as botas em 2012, mas ainda hoje é o jogador mais odiado pelos adeptos do Tottenham, convocando, por outro lado, a admiração e o carinho de quem torce pelos gunners. Sagrou-se campeão duas vezes, em 2002 e 2004 (com Os Invencíveis), e em 2006 fez o golo do Arsenal na derrota por 1-2 com o Barcelona, na final da Liga dos Campeões.

As origens do Arsenal (Foto: Arsenal)

Da realeza aos ditadores

A lista de figuras mediáticas adeptas do Arsenal é enorme. Uma das adeptas mais conhecidas era a falecida rainha Isabel II, que passou essa paixão pelo clube ao neto, o príncipe Harry. Roger Waters, fundador do Pink Floyd, e David Gilmour, guitarrista e vocalista da mediática banda, Mick Jagger, líder carismático dos Rolling Stone, Chris Martin, vocalista dos Coldplay, as atrizes/atores Demi Moore, Keanu Reeves, Jackie Chan, Hugh Laurie (o famoso Dr. House), Jim Carrey, Danny DeVito ou o piloto de Fórmula Lewis Hamilton estão entre a legião de fãs do Arsenal. Consta que Fidel Castro também era um fervoroso apoiante dos gunners, mas talvez o adepto mais singular (e menos desejado) tenha sido Osama Bin Laden, arquiteto da Al-Qaeda, abatido por um comando especial dos EUA a 2 de maio de 2011. Adam Robinson, no seu livro The Mask Of Terror (Máscara do Terror), defende que Bin Laden se tornou um fanático do Arsenal na década de 1970, quando estudou em Oxford.

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