Operação Pretoriano: Catão «como papagaio» e defesa de Madureira prescindiu de Baía
Genro do conhecido adepto portista defendeu o sogro na sessão desta sexta-feira, dizendo que o mesmo estava no futebol «puramente por paixão» e que trabalhava para o FC Porto «sem ganhar nada». Tinha alguns privilégios, «embora Pinto da Costa não gostasse de algumas coisas que ele dizia»
Decorreu esta sexta-feira, no Tribunal de São João Novo, no Porto, a 19.ª sessão da Operação Pretoriano, que ficou em grande parte marcada pelas declarações do genro de Vítor Catão, bem como pelo facto de a defesa do casal Fernando e Sandra Madureira ter prescindido do depoimento de Vítor Baía, que, à data da tumultuosa Assembleia Geral do dia 13 de novembro de 2023.
Logo pela manhã, o padre de Vítor Catão surgiu em sua defesa: «Ele foi-me apresentado por um sacerdote amigo, de Lordelo. Só o conhecia do futebol. O sr. Vítor é um dos meus grandes amigos, efusivo e brincalhão. Quando esta situação ocorreu, fui o primeiro a entrar em contacto com ele, não estava muito feliz com a situação. O que posso dizer é que não está muito bem nesta situação. A sua vida normal está em risco de ser influenciada.»
Seguiu-se o depoimento de um dos seguranças presentes no Dragão Arena na noite de terror que ali se viveu: «Após o Henrique Ramos ter falado, ele ia dirigir-se à bancada norte e eu disse-lhe para não ir porque ia haver confusão. Respondeu-me que não tinha medo e foi. Entrou na bancada e sentou-se junto à primeira fila, mas mal se sentou comecei a ver pessoas a dirigirem-se a ele. Eu peguei-lhe no colarinho e puxei-o para baixo. Houve um senhor do lado esquerdo que lhe acertou ligeiramente com um pontapé. Não sei quem era.»
Chegou, então, a vez de o genro de Vítor Catão ser ouvido, saindo este em defesa do sogro. «Fui buscar o Vítor antes da Assembleia Geral porque ele estava reticente em ir, ia acompanhar um jogador da equipa principal que queria ir e foi connosco. Prefiro não dizer quem foi. Fomos ao shopping comer alguma coisa porque ele é diabético. O Vítor [Catão] criou uma personagem. Acabou por entrar numa realidade paralela. A família e os amigos eram contra os diretos que ele fazia. Ele já tinha um passado no futebol como dirigente. Nesta fase era diferente, estava muito crítico de tudo. Faz vídeos e diz coisas que não correspondiam à verdade, tínhamos que o confrontar com a verdade. O problema do Vítor é que funcionou um pouco como papagaio. A família condenava o que ele fazia. Deixávamos de falar com ele semanas a fio», relatou, não sem antes falar sobre os relacionamentos que o sogro tinha no futebol: «Puramento por paixão. Ele trabalhou para o FC Porto sem ganhar nada. Entrava nos balneários, tinha um acesso privilegiado na estrutura, presenciei ele e o Reinaldo Teles a encontrarem-se e a cumprimentarem-se. O Pinto da Costa também, embora não gostasse de algumas coisas que ele dizia. Eu acho que ele não tinha a noção, tinha um deslumbramento pela internet. Claque? Não, nem fez parte de nenhum grupo, que eu saiba. Não estava no grupo de Whatsapp, ele era visto como uma pessoa não credível, ou até um ator. Se ele visse alguma coisa ia acrescentar pontos. Eu nunca fui sócio da claque, mas quando vamos a jogos no estrangeiro ou em Lisboa, não vamos sozinhos. Corre o risco de coisas acontecerem como aconteceu no jogo de hóquei agora há pouco.»
Vítor Hugo, antigo dirigente do basquetebol dos azuis e brancos também prestou esclarecimentos: «Estive na AG, se me recordo onde assisti? Sim, estava no lado esquerdo da mesa da AG. Foi com muito esforço que ouvi o Miguel Brás da Cunha, estava muita gente. Da bancada, foi mais fácil ouvir certas coisas. Houve muita dificuldade. Recordo-me, estava de costas e ouvi, no topo norte, insultos. E depois passou para a mesa da AG, houve alguma forma de insultos. São mamões, a mama vai acabar, eu vou aí e parto-te todo, isto é uma vergonha. O Miguel Brás da Cunha foi interrompido várias vezes. O discurso do Miguel foi pela alteração dos estatutos, que era um trabalho dos sócios.»
A finalizar a manhã foi Sardoeira Pinto, antigo secretário da Mesa da Assembleia Geral do FC Porto, que usou da palavra. «A única novidade foi ter uma pulseira quando mostrei o cartão de sócio. Não tomei essa decisão, deve ter sido da organização. Havia muito ruído à volta da AG. O auditório iria certamente ser pequeno. Iria ser preparada uma segunda mesa, aí, fazia sentido ter a pulseira, uma vez entrados no esquema íamos ser acompanhados. Durante a tarde, estávamos todos convictos que íamos para a tribuna VIP. Conseguia ouvir quem falava, mas com dificuldade. É normal que a AG esteja barulhenta, isto acontece ao longo da Assembleia, às vezes comparamos apontamentos», assumiu, antes de falar sobre o que viu já no Dragão Arena: «O sururu na bancada norte, acabou quase de imediato. Esteve interrompida a AG em cerca de dois minutos. Em oito minutos de AG, o Dr. Miguel Brás da Cunha começou a falar, mas volta e meia era insultado. Da forma que estávamos dispostos na Assembleia, era complicado contar votos. Tentar contar era quase impossível, tornava-se complexo. Lembro-me de um sócio e Henrique Ramos, depois um outro que se envolveu com ele em zaragata. Isto aconteceu tudo à nossa frente. Outros fizeram gestos feios, à minha esquerda, cerca de 5 metros de distância. Entre Henrique Ramos e um professor de matemática, viria a ser condenado pelo Conselho Superior. Falámos com o Lourenço Pinto e o presidente do Conselho Fiscal que tínhamos de terminar aquela AG, estava impossível. Alguém meteu a cabeça entre o Lourenço Pinto e o Nuno Cerejeira Namora a dizer: "acabem com esta m...! Quando falou Henrique Ramos, ouvimos de longe uma voz a dizer "Cala-te, oh boi'.»
Também estava previsto o depoimento de Bernardino Barros, antigo comentador do Porto Canal, mas, tal como acontecera relativamente a Vítor Baía, a defesa de Fernando Madureira prescindiu das duas declarações. Posto isto, a juíza deu por encerrada a sessão, sendo que a próxima está agendada para segunda-feira.